Encontro promovido pela CNseg reuniu mais de 100 profissionais para conhecer modelo da ORIC
Mais de 100 profissionais do mercado prestigiaram um workshop sobre a constituição de banco de dados de perdas operacionais de seguradoras, entidades abertas de previdência complementar, sociedades de capitalização e resseguradores locais, como estabelecido pela Circular Susep 492. Os participantes tiveram a oportunidade de conhecer a experiência do mercado do Reino Unido, a partir da modelagem criada pela ORIC, um consórcio de perdas operacionais reconhecido pela adoção de melhores práticas, cujas ações inspiram os órgãos reguladores.
O II Workshop de Risco Operacional Banco de Dados de Perdas Operacionais (BDPO), promovido pela CNseg nesta segunda-feira (27), ocorreu no Centro do Rio de Janeiro, contou com apresentação de dois especialistas da ORIC - Caroline Coombe, presidente; e Michael Sicsic, chairman do consórcio -, e serviu para dar uma clara ideia do desafio que a execução deste normativo da Susep exigirá do mercado brasileiro.
A ORIC publica um estudo de análises de cenários e um guia das melhores práticas de riscos operacionais. Além do banco de dados exclusivo, a ORIC acompanha eventos de riscos operacionais de domínio público, exibidos em jornais ou revistas técnicas, que podem afetar a indústria de seguros.
A Circular Susep 492, publicada em julho de 2014, estabelece o prazo de 36 meses para a montagem do BDPO por empresas que apresentem, simultaneamente, prêmio-base anual e provisões técnicas superiores a R$ 200 milhões, auferidos no encerramento dos dois exercícios anteriores. A organização do BDPO é gradual, com o cumprimento de várias etapas. A começar pela elaboração de Controles de Captura e Classificação, que compreendem o desenvolvimento de controles de identificação, captura e classificação das perdas operacionais materiais, dos eventos de recuperação e das atualizações a elas associadas- no prazo de 18 meses a partir da publicação da circular; e outros 18 meses para o Projeto e Implementação do Banco de Dados, abrangendo a construção dos sistemas de armazenamento físico dos dados de perdas operacionais, com mecanismos de consulta, alteração e reportes e as definições relativas à segurança lógica desses sistemas, de acordo com a regulamentação da Susep.
A criação da ORIC ocorreu em 2005 por iniciativa de um grupo de seguradoras - inicialmente eram 16, alcançando um total de 40 nos últimos dois anos. Essas empresas decidiram compartilhar seus dados sobre eventos que poderiam levar a uma perda operacional em um banco de dados comum, permitindo ampliar a abrangência da análise de riscos, como as ameaças mais comuns de perdas, e as ações que podem ser adotadas para mitigá-los.
Os dois especialistas estrangeiros destacaram alguns dos principais conceitos envolvendo a organização de bancos de dados. Entre outros, o de risco operacional - a definição da possibilidade de ocorrência de perdas resultantes de falha, deficiência ou inadequação de processos internos, pessoas e sistemas, ou decorrentes de fraudes ou eventos externos, incluindo-se o risco legal e excluindo-se os riscos decorrentes de decisões estratégicas e à reputação da instituição, segundo a Susep.
Já perda operacional é o valor quantificável associado à falha, deficiência ou inadequação de processos internos, pessoas e sistemas, ou decorrente de fraudes ou eventos externos, incluindo-se as perdas legais e excluindo-se as perdas decorrentes de decisões estratégicas e à reputação da instituição. E eventos externos como paralisações por motivo de tumultos, greves, rebeliões, atos terroristas, motins, catástrofes naturais, incêndios, apagões.
Outros conceitos como perda raiz - aquela cuja existência independe de outras perdas operacionais; e quase perda - falha ligada a um evento de risco operacional, que não resultou impacto financeiro, ou qualquer evento de risco operacional que poderia ter se concretizado e gerado impacto financeiro, mas que foi evitado- também foram discutidos no workshop.
Os técnicos da ORIC detalharam as etapas do chamado IMMMR (identificar, mensurar, gerir, monitorar e reportar) aplicado ao risco operacional. Para eles, um banco de dados bem estruturado e azeitado é capaz de evitar perdas inesperadas e até ampliar os resultados. Também deixaram claro que as empresas devem engajar seus funcionários e colaboradores, estimulando-os a reportar falhas e erros para reduzir as perdas e a necessidade de a alta direção da empresa patrocinar todo este processo. Para eles, o BDPO não só reduz as perdas operacionais, protegendo os recursos das empresas, mas também agrega valor e ajuda a melhorar o grau de satisfação dos clientes.
Fonte: CNseg, em 30.04.2015.