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Representantes da ABIMO, Ministério da Saúde e ANS falam sobre desafios e perspectivas do setor em 2015

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Comitê da Cadeia Produtiva da Bioindústria (BioBrasil) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) realizou debate no dia 28 de agosto.

Diante de um cenário não muito claro para o ano de 2015, o Comitê da Cadeia Produtiva da Bioindústria (BioBrasil) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) realizou no dia 28 de agosto um debate sobre os desafios e perspectivas do setor de saúde no ano de 2015.

A reunião contou com a participação de Fausto dos Santos, da Secretaria de Atenção à Saúde (SAS) do Ministério da Saúde, e de José Carlos Abrahão, diretor da Agência Nacional da Saúde (ANS).

No encontro, o vice-presidente da Fiesp e coordenador do comitê, Ruy Baumer, destacou que a entidade está de portas abertas para promover uma maior integração e aumentar o diálogo no setor.

Ele explicou que o BioBrasil reúne todas as atividades da cadeia produtiva da saúde e que para no setor é muito importante ter uma visão de médio e longo prazo. “O BioBrasil trabalha independentemente de tendências políticas, com setores públicos e privados. Sempre buscamos conviver com pessoas que tenham o mesmo objetivo para apresentar as tendências e ações previstas em 2015”, explicou Baumer.

A reunião começou com uma apresentação de Fausto dos Santos. Ele disse que o conjunto de medidas em andamento no setor permite uma certa previsibilidade, apesar de o país estar em meio a um processo eleitoral nos âmbitos federal e estadual.

José Carlos de Souza Abrahão, da ANS, mostrou uma linha do tempo com uma trajetória de como a organização do setor foi evoluindo no Brasil – inclusive com a sanção da lei 9.656, de 1998, com a regulamentação dos planos de saúde. “Sempre temos que melhorar, mas se faz muito. Temos que criar uma agenda positiva do que se faz na saúde no nosso país”, ressalvou.

Em sua visão, o principal desafio é a sustentabilidade do sistema diante de fatores como envelhecimento e longevidade da população, com mudanças nas pirâmides etárias e aumento de sinistros.

Segundo ele, é preciso ter uma fonte de financiamento para idosos. Diante da mudança de perfil de doenças, cada vez mais de natureza degenerativa, o diretor ressaltou ser necessário estimular programas de prevenção e de promoção à saúde. “Temos como desafio o perfil socioeconomico da população. Essa transição demográfica tem velocidade maior que na Europa e nos EUA.”

Outros pontos importantes são o que Abrahão chamou de reconstrução do relacionamento entre operadores e prestadores, a melhoria dos sistemas de informação e a integração de saúde suplementar e do SUS. Sustentando que o órgão regulador não pode compactuar operadoras que oferecem produto e não entregam, ele apontou como um dos desafios trabalhar para diminuir as demandas judiciais. Segundo ele, a cada quatro conflitos, três são resolvidos pelo órgão regulador e quem não cumpre sua obrigação contratual tem que pagar. “Desde 2011 teve arrecadação recorde de 481,6 milhões.”

Com 57 milhões de usuários de planos de saúde, Abrahão assinalou que o setor não deixa de crescer e de empregar. No entanto, ele destacou que é preciso aumentar a integração entre sistema público e sistema privado para evitar desperdícios. “Nós precisamos construir, reconstruir essas pontes de relacionamento com um estabelecimento de um diálogo franco.”

Segundo o diretor, a ANS vai passar por um momento de dialogar mais com todos os atores. “Qual é saúde que nos queremos? Saúde suplementar para 51 milhões de brasileiros? Queremos número de quase 1.000 operadoras, sem garantia do que vai se entregar? Tudo isso tem um grau de instabilidade que nos permite uma discussão franca.”

Outro convidado da reunião, o, superintendente corporativo do hospital Sírio-Libanês, Gonzalo Vecina Neto, citou números que comprovam sucesso nas políticas de combate a doenças como malária, hanseníase e tuberculose. “Na hanseniase estamos com menos de um caso por 100.00 habitantes. As chagas praticamente desapareceram. É o SUS funcionando”, elogiou, ponderando que a leishmaniose ainda preocupa.

“A mortalidade infantil despencou. O SUS deu certo, deu tão certo que nós mudamos o jogo e nós não reaparelhamos o SUS. Nós paramos de morrer dessas doenças e estamos morrendo de outras doenças. Isso nos deixou perplexos. Nós não estamos preparados para tratar doenças cardiovasculares. Temos que mudar a constituição dos alimentos. Temos que discutir a questão dos carboidratos, das gorduras trans, nós temos que mudar nosso padrão de vida. Não conseguimos demonstrar para o cardiopata que atividade física faz bem”, destacou Vecina Neto, afirmando que o SUS precisa ser “rebobinado”.

Fonte: Revista dos Hospitais, em 05.09.2014.