Nos últimos 12 meses o fundo de investimento no exterior da BBDTVM com menor rendimento entregou um retorno de 24%. Já o que apresentou o melhor resultado subiu aos 31%, informa Carlos José da Costa André, diretor-executivo de gestão de fundos da asset, reconhecendo que a valorização do dólar frente ao real respondeu por boa parte da performance. Mas o câmbio tampouco explica tudo, considerando que o mundo desenvolvido fora Europa respira outros ares, diferentes dos encontrados no Brasil.
Aqui a economia passa por um período de ajustes, o que naturalmente torna o gestor mais que nunca propenso a experimentar diversificar, fazendo isso em bases não apenas geográficas mas também setoriais. É que ao investir lá fora, a entidade tem diante de si um leque muito maior de setores e de empresas para escolher. Já o quanto de recursos devem ser alocados lá fora depende de muitos fatores, a começar, nota Carlos, do grau de maturidade dos planos administrados e do quanto é superavitário ou deficitário. São aspectos, nota ele, que afetam não apenas a decisão quanto ao volume, mas também tudo o que concerne à política de riscos a serem corridos.
A diversidade de ativos oferecidos é tamanha que balança qualquer gestor. Só dentro dos índices globais da MSCI Inc. estão reunidas perto de 9.000 empresas grandes e menores de mercados desenvolvidos e emergentes.
Primeira fase - Em matéria de investir no exterior, quase todos os países costumam fazer o mesmo caminho cumprindo as mesmas etapas, explica Ricardo Weiss, Diretor Consultivo da MSCI. A primeira fase, aquela em que os brasileiros ainda basicamente se encontram, é a da concentração nos ativos domésticos.
Paula Salamonde, Diretora Executiva da MSCI esclarece que no início todos começam a investir em grandes empresas de seu próprio país, passam na sequência a alocar recursos nos mercados ricos e em seguida emergentes, mas sempre buscando as maiores corporações. Só num estágio mais avançado é que, depois de superar o viés geográfico, conseguem dar o passo seguinte na direção das empresas de menor porte.
Os fundos de pensão brasileiros estão no começo dessa caminhada e, embora não seja fácil dizer o quanto já avançaram, pois as normas não obrigam a registrar como tal os investimentos no exterior, a menos que excedam uma dada proporção da carteira, há sinais de que passos importantes já foram dados. A maior evidência disso é que, informa Carlos José, nada menos de 30 EFPCs já colocaram R$ 750 milhões em 4 fundos da BBDTVM, geridos pela BlackRock, J.P.Morgan, Schroeder e Franklin Templeton e todos usando como referência os índices globais da MSCI.
O enorme leque de opções que se abre para quem investe no exterior se, por um lado, oferece uma notável possibilidade de diversificação geográfica e setorial, por outro representa um razoável desafio e uma não desprezível cota de responsabilidade adicional. Seria difícil prever um resultado desses, mas mostram os números reunidos por Ricardo Weiss que os países cujos mercados melhor performaram nos últimos 10 anos foram Peru, Filipinas, Indonésia, Colômbia e China. Isso quer dizer que, ao tomar uma decisão de investir, o gestor não pode olhar nenhum aspecto isoladamente, como os dados macroeconômicos.
Difícil prever - Assim, fica difícil alimentar certezas quando se fala de investir no exterior, mas mesmo assim as médias estatísticas trazem algum conforto para quem se arrisca ou pensa em fazê-lo. “Os estudos andam mostrando que os ativos no exterior vêm reduzindo riscos e melhorando os retornos”, tranquiliza Ricardo Weiss.
“Olhando para os últimos cinco anos (2010 a 2014) o desempenho da bolsa brasileira foi o terceiro pior entre 46 países desenvolvidos e emergentes, sendo que os melhores desempenhos neste período foram Filipinas, Emirados Árabes, Tailândia, Dinamarca e EUA”, observa Ricardo Weiss. Para ele, “isso não quer dizer que devamos comprar ações destes países por causa disto. Na hora de investir devem ser observados os fundamentos macroeconômicos dos países como moeda, crescimento, inflação, juros e outros e os fundamentos das empresas como lucro, crescimento, alavancagem, e outros e ainda se o preço está caro ou barato”, diz.
Fonte: ABRAPP, em 16.03.2015.