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Um compromisso com a ética e, acima de tudo, com o paciente

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Ao longo da última década, tive a oportunidade de acompanhar de perto a trajetória do Instituto Ética Saúde. Foram dez anos de empenho em um setor marcado por profundas assimetrias e desafios estruturais. Enfrentamos batalhas muitas vezes desiguais, nas quais um único elo da cadeia era estigmatizado como o responsável por falhas sistêmicas. Ainda assim, seguimos firmes, com convicção e resiliência.

Sinto orgulho da caminhada até aqui. Cada obstáculo superado contribuiu para a consolidação de uma entidade que se aproxima, com consistência, do ideal que sempre buscamos: um espaço de convergência entre os diversos atores do setor da saúde, comprometidos com a mediação de interesses legítimos e com a promoção de boas práticas. O Instituto Ética Saúde tornou-se uma referência para todos que, de forma genuína, desejam agir com integridade. E isso exige romper com visões simplistas e coragem para encarar problemas que, por muito tempo, foram convenientemente ignorados. Exige reconhecer que o bem coletivo deve prevalecer sobre interesses isolados.

Não podemos mais aceitar práticas que beneficiem apenas uma parte em detrimento das demais. O paciente precisa ser o centro de todas as decisões. Não é admissível que procedimentos sejam realizados enquanto hospitais, fornecedores ou profissionais recebam apenas “o que for possível”, desde que o resultado aparente seja satisfatório. Essa lógica deturpa os princípios que devem nortear a saúde. A ética não pode ser relativizada, tampouco negligenciada.

Atuamos em um campo sensível, que lida com vidas humanas, e não com mercadorias. Nesse contexto, a ética e a transparência não são diferenciais – são requisitos fundamentais. A imparcialidade deve ser um valor inegociável e a coerência entre discurso e prática deve orientar todas as ações institucionais.

Precisamos, com urgência, estabelecer padrões éticos claros e amplamente respeitados em toda a cadeia da saúde. Não há culpados únicos. O setor, como um todo, precisa refletir, com autocrítica, sobre suas práticas. O bem do paciente deve ser a prioridade máxima.

Permito-me sonhar com um futuro em que milhares de profissionais, em todas as regiões do país, estejam engajados com essa causa. Um futuro em que “fazer a coisa certa” deixe de ser exceção e passe a ser a norma. Esse compromisso está ao alcance de cada um de nós.

Comemoramos dez anos de desafios. Dez anos de resistência. Dez anos de convicção. E mesmo diante de todas as adversidades que enfrentamos no país, nós, profissionais da saúde, não podemos jamais perder a referência do que é certo.

Sérgio da Rocha é presidente do Conselho de Administração da Associação Brasileira de Importadores e Distribuidores de Produtos para Saúde (ABRAIDI)

* A opinião manifestada é de responsabilidade dos autores e não é, necessariamente, a opinião do IES

Fonte: Instituto Ética Saúde, em 05.06.2025.