Por Jorge Wahl
A afirmação de que o sistema de fundos de pensão precisa voltar a crescer é uma verdade que ninguém discute. E o reconhecimento de que esse crescimento passa pelo uso mais intenso das ferramentas da tecnologia da informação é algo tão verdadeiro quanto, tampouco havendo discussão a esse respeito. Afinal, a comunicação digital é de longe a primeira opção das gerações mais novas, aliás uma preferência que parece ter contaminado até mesmo as pessoas na meia idade. “Daí que a previdência complementar fechada precisa não só de novos produtos, mas também de aprender a vendê-los usando mais a TI”, resume Luiz Paulo Brasizza, Diretor responsável pela área de TI perante a Diretoria da Abrapp.
Diga-se, porém, que não se trata apenas de “vender” novas soluções em previdência complementar fechada para as novas gerações. É o caso também de valorizar mais as ferramentas de TI aos olhos de dirigentes, conselheiros e profissionais em geral, até mesmo para que as áreas de TI consigam se fazer ouvir mais alto nas próprias entidades.
Direção certa - É nessa direção que vão algumas iniciativas discutidas pela Comissão Técnica Nacional de TI da Abrapp, em sua última reunião dias atrás. Por exemplo, a revisão e ampliação dos Índices de Maturidade em TI, que já existem como uma das ferramentas oferecidas pelo M@pti TI, mas passará agora por um esforço de aprimoramento.
Esse esforço, adianta Brasizza, passou pela criação, dentro da própria CTN, de um grupo de trabalho que no prazo de 60 dias deverá apresentar as suas propostas visando a modernização dos índices.
Esses índices são um instrumento muito bem vindo porque mostram o quanto a entidade usuária está aderente às demais com as quais busca se comparar, geralmente por ter perfis próximos, razão pela qual a comparação é desejada. “Só que vamos melhorar ainda mais o que existe”, adianta Brasizza.
Evolução - Algumas ferramentas podem evoluir, outras já se encontram num ponto considerado bom de sua evolução e só precisam ser mais utilizadas.
É o caso, diz Cristiano Freitas, responsável pela área de TI da Forluz, do fórum aberto no M@ptiTI para troca de ideias, experiências e questionamentos por parte dos próprios profissionais da área. “Na nossa entidade temos utilizado bastante e com muito bons resultados”, diz Freitas, segundo quem “isso me permite consultar os colegas de outras entidades antes de sair procurando o que desejo no mercado, antes de ligar para qualquer fornecedor”.
Segundo ele, a experiência tem mostrado colegas de TI bastante cooperativos, passando não apenas as informações solicitadas mas, melhor ainda, fazendo isso com riqueza de detalhes.
Freitas fornece exemplos concretos desse espírito de colaboração mais ou menos disseminado. Em 21 de março último ele abriu um fórum em que procurava saber qual o sistema de gestão integrada (ERP) que as entidades utilizavam e desde então, passado menos de um mês e meio, já obteve nada menos de 15 respostas, com uma grande riqueza de detalhes. No ano passado, colocou uma pergunta sobre o desenvolvimento de aplicativos e conseguiu uma meia dúzia de respostas. “O pessoal realmente colabora”, sintetiza.
“Se você vai ao mercado precisa pagar, mas se consegue a resposta junto a um colega de uma entidade de perfil assemelhado, não apenas economiza mas também obtém a informação mais rapidamente e, de certo modo, com menor chance de erro”, acrescenta Freitas, segundo quem é possível desse modo se conhecer detalhes sobre escopo, problemas enfrentados, duração das diferentes fases dos processos, um passo a passo de quem já trilhou o caminho e as tecnologias envolvidas.
Esse espírito de união pode ter uma outra consequência. A CTN já discute a criação de um prêmio que ajudaria a alavancar e dar uma melhor direção a esse esforço. A ideia, segundo Brasizza, é premiar as iniciativas e seus processos e não diretamente pessoas. “Trabalhamos com o propósito de lançar a premiação em 2017”, adianta Brasizza.
Fonte: Diário dos Fundos de Pensão, em 04.05.2016.