Sobre a agenda do Actuarial Standards Committee que se reuniu no Joco2025

Marco Pontes, diretor do IBA e membro efetivo do Actuarial Standards Committee – ASC da International Actuarial Association - IAA 

Você foi nomeado pelo IAA para ser membro efetivo do ASC. Como se dá essa nomeação e, quais são os tipos de nomeação do IAA?

Para ser membro de um dos comitês do IAA é preciso que o candidato pertença a uma entidade reconhecida pelo IAA. A Entidade Nacional, no caso o IBA pode indicar profissionais que tenham interesse em participar. Quando são abertas as inscrições, o IAA comunica às entidades filiadas sobre a abertura do processo. É um processo democrático, em que a manifestação do associado é livre, por meio de seu interesse em participar.

Cada Entidade Nacional emite um comunicado para a sua Comunidade de Atuários e tem início um processo formal a partir da inscrição do candidato. Os currículos dos profissionais são analisados pelo Comitê Executivo do IAA que leva em conta alguns requisitos, dentre eles: ter experiência técnica relevante para o comitê específico, demonstrar interesse em colaborar de forma ativa em reuniões e nos trabalhos técnicos produzidos no âmbito dos comitês e grupos de trabalho nas diversas frentes.

É sempre bom destacar que se trata de um trabalho voluntário. O que me levou a concorrer em uma posição no IAA foi a mesma motivação que me fez candidatar à diretoria do IBA. Retribuir de alguma forma o que a profissão me permitiu conquistar.

Por meio da participação nesses comitês é possível estimular o networking com outros atuários que atuam no exterior, estar atualizado de forma antecipada às discussões técnicas globais relevantes que contribuem de forma decisiva na formação de padrões, diretrizes e boas práticas.

O que significa para o Brasil ter um membro efetivo no ASC de uma entidade tão importante para a profissão atuarial?

O ASC desempenha um papel de suma importância para a profissão de atuária em todos os continentes, pois este é o comitê responsável por desenvolver e promover os padrões internacionais de nossa prática, ou seja, os International Standards of Actuarial Practice – ISAPs.

O ASC promove a atualização e a evolução das práticas atuariais em todas as jurisdições, considerando as inovações, mudanças regulatórias e os desafios emergentes que afetam a sociedade, tais como a questão da sustentabilidade, dos riscos climáticos e tecnológicos que estiveram tão presente no evento realizado aqui no Brasil.

Uma de suas funções é estabelecer padrões éticos e técnicos. Assim o comitê garante que o trabalho atuarial seja realizado de forma responsável, transparente e com foco na proteção do interesse público e, por conseguinte, fortalece e aumenta a confiança dos principais atores a quem prestamos conta, tais como o público e a sociedade, em geral, os órgãos de regulação e as empresas.

Os benefícios não param por aqui. Vale destacar que tanto a associação do IBA ao IAA, quanto a participação de atuários brasileiros nos comitês trazem inúmeros benefícios para a nossa profissão. Esse alinhamento traz bastante valor agregado para o atuário brasileiro que passa a contar com mais credibilidade para o exercício da profissão, ampliando, inclusive suas possibilidades de atuar em outros mercados ou países e não mais aos limites geográficos do Brasil e da América Latina.

Ter representantes nesses comitês nos aproxima dos principais centros de decisão, além de permitir acesso na condição de observadores em organizações como o IFRS, o IASB e a OCDE e outros interessados que são instituições com grande capacidade de influência. Você pode ser um observador, um membro efetivo, vice-chair ou chair.

Quais foram as atividades que o ASC desenvolveu ao longo do Joco2025?

É importante destacar que antes da preparação da agenda do ASC em São Paulo, houve um trabalho intenso que mobilizou todos os membros do Comitê. O ASC conta com 13 (treze) membros efetivos. Greg Martin assumiu como chair em substituição a Andrew Chamberlain que faleceu recentemente. Concentramos esforços em dois documentos. O International Standard Actuarial Practice – ISAP, são normas atuariais. Por exemplo, o ISAP 1, trata dos princípios gerais aplicáveis a qualquer trabalho atuarial. Se um organismo de normatização desejar adotar ou endossar esse ISAP, é essencial garantir que os padrões existentes sejam consistentes com o ISAP 1, pois este ISAP depende do ISAP 1 em muitos aspectos. Da mesma forma, qualquer personalização deste ISAP ou modificação nos padrões existentes para obter consistência substancial com este ISAP deve reconhecer o fato importante de que este ISAP depende do ISAP 1 em muitos aspectos.

No dia 22 de maio, trabalhamos na revisão das propostas de mudança do ISAP 1 e na atualização do ISAP 8. Essa norma, fornece orientação aos atuários na execução de serviços atuariais em conexão com a aplicação da Norma Internacional de Relatório Financeiro S2 (IFRS S2) que trata sobre Divulgações Relacionadas ao Clima, emitida pelo International Sustainability Standard Board (ISSB). A IFRS S2 foi emitida em 26 de junho de 2023.

Além disso foi apresentado a revisão de outros ISAPs, tais como o ISAP 2 que está relacionado a trabalhos em seguros sociais e o ISAP 4, relacionado ao IFRS 17 – contratos de seguros. Ambos tiveram a última revisão em 2019 e a apresentação de um calendário de revisões a serem realizadas. Para se ter uma ideia da dimensão da reunião de 22 de maio, estiveram presentes na reunião 80 (oitenta) atuários e mais 11 (onze) participaram por videoconferência.

Estiveram presentes no Joco2025 atuários de todas as partes do globo. Da Arábia Saudita, Índia, Inglaterra, Itália, Austrália, Estados Unidos, França, Alemanha, Noruega, Finlândia, os nossos vizinhos da América Latina e América Central, discutindo temas que afetam a nossa profissão nas diversas segmentações de serviços.

A mensagem mais importante que gostaria de deixar para a Comunidade Atuarial brasileira é. Participe!

O IBA está de portas abertas para todos. Façam a sua inscrição nos Comitês Técnicos, nos grupos de trabalho e, se possível nos comitês do IAA. Além de trazer valor agregado ao associado, fortalece a nossa profissão. Esse evento que ocorreu em São Paulo foi um dos mais importantes que tive a oportunidade de participar.

(05.06.2025)