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Seminário de Investimentos: Gestores elencam motivos para a ampliação da diversificação internacional para as EFPC

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Por Alexandre Sammogini

Os gestores de recursos apresentaram no 14º Seminário de Investimentos uma série de motivações para que as entidades fechadas de previdência complementar (EFPC) ampliem seus investimentos no exterior mesmo em um cenário doméstico marcado pelos juros altos e global impactado pela política tarifária do governo de Donald Trump. Realizado pela Abrapp nos dias 28 e 29 de maio em São Paulo, no Transamérica Expo Center, o evento reúne mais de 600 especialistas, gestores, dirigentes e profissionais do setor para discutir os cenários e tendências da indústria de assets e investidores institucionais global e doméstica.

Realizado no início da tarde do primeiro dia do evento, o painel 3 trouxe como tema a “Diversificação Internacional como Ferramenta de Redução de Risco”, com mediação de Fernando Gontijo, membro da Comissão Técnica de Investimentos da Regional Sudoeste da Abrapp. Ele introduziu o tema do painel destacando a importância da alocação em ativos internacionais para a diversificação de portfólio em termos de moedas e setores para as entidades fechadas.

George Kerr, Sócio e Head de Distribuição da Vinci Compass, começou sua apresentação com um dado impactante de comparação dos mercados chileno e brasileiro. Lá no país andino, as Administradoras de Fondos de Pensiones (AFPs) alocam mais de 40% do patrimônio em ativos do exterior, enquanto no Brasil, esse percentual é de apenas 1%. Mas ele também questionou por que investir no exterior se o CDI está tão alto? E explicou que é uma questão de diversificação tanto de moeda quanto de setores.

O maior risco não vem da incorporação de ativos em dólar ou outras moedas. O principal risco é manter a concentração apenas em Reais. E lembrou do evento do ano passado de desvalorização do Real que fez balançar com maior impacto os portfólios concentrados totalmente em ativos domésticos. E destacou também que há um risco importante dos títulos soberanos, que é proveniente justamente da concentração em moeda local.

George Kerr mostrou que o Brasil representa apenas 2% de todo o market capital global. A concentração em ativos nacionais implica que se deixa de investir em todas as oportunidades globais. “Deveríamos pensar não em quando aumentar a alocação no exterior, mas sim, em quanto ampliar a alocação internacional. O sistema de fundos de pensão no Brasil aloca menos de 1% no exterior”, disse.

Michel Cukierman. Sócio e Head de Global Solutions da Vinci Compass, também reforçou que os investimentos no exterior representam um instrumento para a redução da volatilidade das carteiras. Ele mostrou as vantagens de se manter uma carteira balanceada com moedas diferentes. E também destacou a importância do balanceamento entre renda variável e renda fixa internacional.

O especialista explicou que as taxas de juros subiram em diversos mercados ao redor do mundo em um cenário muito diferente de 10 anos atrás, quando os juros giravam em torno de zero. E destacou ainda a necessidade de se olhar para o futuro para encontrar oportunidades adequadas para cada portfólio.

Concentração no setor financeiro – Stefano del Papa, Head de Latam do Grupo Azimut, engrossou o coro dos argumentos em favor da diversificação internacional ao explicar que a concentração em ativos da Bolsa doméstica acaba deixando de fora setores atrativos como tecnologia. Ele mostrou como o mercado brasileiro é concentrado em ativos do setor financeiro, sendo carente em ações e títulos de empresas do setor tecnológico.

O gestor da Azimut defendeu, portanto, que a diversificação internacional promove a redução do risco das carteiras para os investidores brasileiros. E destacou que o momento dos ativos no exterior indica oportunidades importantes na renda fixa, que apresenta níveis de spreads atrativos em diversos mercados ao redor do globo. Ele prevê que os ganhos da renda fixa internacional podem gerar retornos comparáveis ou até maiores que a renda variável, ao mesmo tempo, que pode promover maior proteção para as carteiras.

Quanto à diversificação de moeda, Stefano del Papa recomendou que o hedge cambial tem mais sentido justamente na renda fixa. Para a renda variável, o gestor acredita que é mais adequado manter a exposição cambial para permitir a diversificação cambial para a carteira.

Por fim, o especialista ainda abordou a mudança da situação geopolítica global provocada pelo retorno de Donald Trump à Casa Branca e os impactos de sua política tarifária. Ele disse que certamente os EUA continuam como ponto de referência para a economia mundial, mas que as oportunidades começam a se deslocar para outros mercados, como a Europa, que está saindo da estagnação. Ele citou, por exemplo, os grandes investimentos da Alemanha em infraestrutura que tem gerado um novo ciclo de crescimento econômico para aquele país. E indicou que há oportunidades atrativas para a alocação em renda fixa no mercado europeu.

O 14º Seminário de Investimentos nas EFPC é uma realização da Abrapp com o apoio institucional da UniAbrapp, Sindapp, ICSS e Conecta. Patrocínio Black: XP Investimentos. Patrocínio Ouro: ASA, AZ Quest, BNP Paribas Asset Management, Bradesco Asset Management, Brunel Partners, Fram Capital, HSI, Itajubá Investimentos, Mirae Asset, Sparta, SulAmérica Investimentos, Tarpon, Tivio Capital, Trígono Capital, Vinci Compass. Patrocínio Prata: 4UM Investimentos, Aberdeen Investments, BB Asset, Icatu Vanguarda. Patrocínio Bronze: Aditus, ARX Investimentos, Augme Capital, Consepro AI, Constância Investimentos, DWS, Galapagos Capital, HMC Capital, Investo, Itaú Asset Management, Novus Capital, Opportunity, Porto Asset, Real Investor, RJI Investimentos, Safra, Santander Asset Management, Teva Indices, V8 Capital. Apoio: Bahia Asset Management, BRZ Investimentos, MAPFRE Investimentos, Pátria Investimentos.

Fonte: Abrapp em Foco, em 29.05.2025.