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Seminário de Investimentos: Ativos sustentáveis geram retorno financeiro, mostram casos práticos

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Por Alexandre Sammogini

O 14º Seminário Gestão de Investimentos nas EFPC, promovido pela Abrapp, abordou casos práticos de ativos sustentáveis, que são capazes de gerar retorno pelo impacto produzido. O assunto foi tratado no painel moderado por Marco Túlio Coutinho, responsável pelo relacionamento com Clientes Institucionais da Brunel Partners. Como palestrantes, estiveram presentes Mário Lewandowski, Sócio da AGBI Real Assets, Renan Pereira Henrique, Sócio da eB Capital, e Fábio Alperowitch, Fundador e CIO da Fama Re.Capital.

Marco Túlio Coutinho falou sobre a importância da resiliência de longo prazo nas carteiras de investimento que incorporam critérios ASG (Ambiental, Social e de Governança). Segundo ele, uma carteira que adota essa preocupação tende a apresentar menor volatilidade e exposição ao risco. Isso ocorre porque essas carteiras se antecipam aos riscos potenciais e se protegem.

Além disso, destacou que há uma oportunidade concreta de apresentar soluções sustentáveis para o mundo, demonstrando que esse tipo de atividade não só é viável, como também pode posicionar o Brasil como líder nesse movimento. Com isso, acredita-se que será possível entregar retorno financeiro consistente para os participantes dessas carteiras, unindo responsabilidade socioambiental e desempenho financeiro.

Cuidando da terra primeiro – Mário Lewandowski explicou que, embora o Brasil seja amplamente reconhecido como uma potência do agronegócio, apenas uma pequena parte do território é dedicada à agricultura. Ele destacou que o grande diferencial brasileiro está no avanço tecnológico, que possibilitou aumentar significativamente a produção de grãos nas últimas décadas, mesmo com um aumento de área ainda pequeno.

Ele colocou a questão do porquê falar de agricultura e não diretamente de sustentabilidade? Porque o foco dos dois primeiros fundos da AGBI foi justamente o ganho de produtividade da terra, exemplo utilizado por ele na apresentação. Ao investigar as causas desse ganho, percebeu-se que ele estava diretamente relacionado à melhoria da qualidade do solo.

Um passo fundamental foi o processo de desacidificação, que eliminou a acidez do solo e possibilitou o cultivo. Para isso, foi utilizado um método desenvolvido por uma empresa na década de 1980 para tornar a agricultura viável no cerrado. Antes disso, a acidez fazia com que todo o fertilizante aplicado fosse perdido.

O avanço veio com a aplicação de uma sequência correta: primeiro tratar o solo, depois fertilizar e, por fim, plantar. Assim, as plantas passaram a absorver melhor os nutrientes e desenvolver raízes mais fortes. Com isso, a sustentabilidade passou a se tornar um pilar central da estratégia, principalmente por sua contribuição em obter melhores resultados.

Plataforma de biometano – Renan Pereira Henrique apresentou o caso da plataforma de biometano da empresa eB Capital, destacando que foi a primeira a utilizar resíduos de proteína animal na produção de biometano. Esta foi uma inovação significativa, já que, até então, as plataformas recorriam principalmente a resíduos de cana-de-açúcar.

A escolha pela proteína animal, uma matéria-prima com alto potencial para a geração de metano, representou um diferencial importante e constituiu o primeiro pilar que tornou esse projeto especialmente relevante.

Renan também explicou que o segundo pilar está relacionado à inovação tecnológica, viabilizada pela parceria com uma empresa de engenharia que já havia desenvolvido diversas plantas de biometano a partir da cana-de-açúcar. Com a parceria, foi possível estudar como adaptar essa tecnologia aos biodigestores, possibilitando o uso eficiente da proteína animal como fonte de biometano.

Segundo o palestrante, essa combinação de matéria-prima inédita e uma tecnologia inovadora levou a eB Capital a classificar o projeto como um “Value Added Infra”. Embora tenha características típicas de infraestrutura, ele oferece um retorno preferencial, o que o torna ainda mais atrativo.

“Esse caso mostra que é possível criar um negócio interessante, com impacto climático positivo, ao transformar um resíduo que antes não tinha utilidade – ou acabava numa composteira gerando um produto de baixo valor – em um produto premium, com potencial de captura de carbono que antes não existia”, ressaltou.

Processo de descarbonização – Fábio Alperowitch comentou que a Fama possui um fundo de transição climática que investe em empresas latino-americanas de grande porte, que enfrentam desafios climáticos significativos. A visão da asset é que esses desafios representam grandes oportunidades. Assim, a empresa entra nessas companhias para apoiá-las no processo de descarbonização.

“Esse processo gera grande valor: à medida que a empresa avança na descarbonização, ela conquista novos mercados, atrai mais capital, torna-se mais eficiente, melhora suas margens, diminui riscos legais e fortalece sua ética climática. Como consequência, a empresa melhora sua reputação, eleva seus múltiplos e oferece maior retorno aos investidores”, afirmou.

Fábio explicou que, durante a seleção das empresas, um dos critérios avaliados é se elas possuem um grande impacto climático, ou seja, aquelas que emitem milhares de toneladas de gases de efeito estufa por ano. A proposta é focar em problemas de grande escala que, ao serem resolvidos, geram grandes retornos.

Além disso, a descarbonização deve gerar valor econômico, não sendo apenas um custo, mas uma oportunidade real de crescimento e eficiência. Por isso, a Fama trabalha junto com a empresa para elaborar um plano de ação climático. Esse plano é debatido com a companhia e, somente após aprovação nas instâncias de governança, a asset realiza o investimento. A partir daí, inicia-se um trabalho contínuo de engajamento.

O 14º Seminário de Investimentos nas EFPC é uma realização da Abrapp com o apoio institucional da UniAbrapp, Sindapp, ICSS e Conecta. Patrocínio Black: XP Investimentos. Patrocínio Ouro: ASA, AZ Quest, BNP Paribas Asset Management, Bradesco Asset Management, Brunel Partners, Fram Capital, HSI, Itajubá Investimentos, Mirae Asset, Sparta, SulAmérica Investimentos, Tarpon, Tivio Capital, Trígono Capital, Vinci Compass. Patrocínio Prata: 4UM Investimentos, Aberdeen Investments, BB Asset, Icatu Vanguarda. Patrocínio Bronze: Aditus, ARX Investimentos, Augme Capital, Consepro AI, Constância Investimentos, DWS, Galapagos Capital, HMC Capital, Investo, Itaú Asset Management, Novus Capital, Opportunity, Porto Asset, Real Investor, RJI Investimentos, Safra, Santander Asset Management, Teva Indices, V8 Capital. Apoio: Bahia Asset Management, BRZ Investimentos, MAPFRE Investimentos, Pátria Investimentos.

Fonte: Abrapp em Foco, em 28.05.2025.