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Qual o papel da auditoria interna?

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Especialistas destacam vantagens de auditores mais preparados para lidar com riscos complexos das organizações

Qual o papel da auditoria? Esse foi o tema do debate da palestra “A Relevância da Auditoria Interna para o Conselho de Administração”, realizada na 10ª edição do Seminário Controles Internos & Compliance - Auditoria e Gestão de Riscos, promovido pela CNseg, com apoio da Escola Nacional de Seguros, nesta quinta-feira, em São Paulo.

Para o CEO da Generali Brasil Seguro, Hyung Mo Sung, negociar seguro ficou mais trabalhoso com a globalização, e a auditoria evoluiu muito para lidar com riscos mais complexos das organizações. O executivo destacou a importância do auditor no período pós-modernização do mercado segurador. A partir do cenário de competição instalado em meados da década de 90, com o inicio da liberalização da indústria de seguros ao capital estrangeiro, promovendo assim a globalização, o primeiro impacto para as seguradoras foi o de redução das margens.

Segundo ele, foi com a globalização que aquela figura de auditor, rotulado como um cara chato que pede vários dados, passou a ser visto como um profissional extremamente qualificado, não só apto a nos ajudar a reduzir um eventual prejuízo, como também preparado para aprimorar o investimento realizado no negócio. "A contribuição de um auditor não visa somente proteger o capital. É uma proteção para o gestor. O risco tem um custo, onde o papel da auditoria se torna primordial. É impossível estar inserido no mercado internacional sem uma auditoria com papel de inspetor”, ressaltou ele.

O consultor José Rubens Alonso, um dos protagonistas das mudanças ocorridas no mercado de seguros desde a década de 90, destacou a importância do auditor para a atuação dos conselheiros. Ex-sócio da KPMG e hoje membro dos Comitês de Auditoria dos grupos Icatu, Tokio Marine Seguros, Sompo Seguros, Munich Re e Terra Brasis Resseguros, ele afirmou que os Conselhos de Administração das empresas ainda passam por um momento de evolução. Ele destaca que são poucas as seguradoras que têm um Conselho de Administração mais presente em companhias abertas e subsidiárias de companhias de capital estrangeiro. “Mas temos visto uma evolução interessante do papel do conselho, com mais responsabilidades em sua função”, comentou.

Na visão de Alonso, o mercado evolui para um conselho mais técnico, pois o arcabouço legal tem exigido mudanças, que podem requerer grande envolvimento, muitas vezes demandando significativo empenho de tempo do conselheiro fora das reuniões ordinárias realizadas pela organização, com atribuições decisórias e fiscalizarias. "O auditor técnico é muito valioso para os conselheiros", enfatiza.

“A minha preocupação é com o futuro. Como vocês enxergam o papel da auditoria no futuro?”, indagou Josemar Costa Silva, membro do Comitê de Auditoria da Metlife, da Travelers Seguros e sócio da JC Advisory. Ambos palestrantes afirmaram que a ideia é criar uma área que realmente agregue valor à empresa e não apenas para cumprir as exigências regulatórias da Superintendência de Seguros Privados (Susep) ou das matrizes dos grupos estrangeiros.

Para o executivo da Generali, o grande desafio é saber como transformar as exigências regulatórias para reduzir os riscos do negócio, custos e fazer com que os resultados do grupo sejam mais eficientes. “É transformar a auditoria num instrumento que auxilie na gestão”, diz Sung, de forma categórica.

Para Alonso, os recentes acontecimentos do Brasil beneficiam o papel do auditor. “Está clara a importância da governança nas organizações. O que antes era visto como um custo agora é visto como a forma de se buscar a conformidade da empresa com preceitos éticos e regulatórios, uma vez que vieram à tona os danos causados para as organizações que tiveram atitudes não éticas”, ressaltou. O desafio, acrescentou Alonso, é compatibilizar, modernizar a forma de atuação dos profissionais à velocidade e à complexidade que os negócios são conduzidos.

O fato é que, diante da crescente dinâmica do mundo empresarial, os administradores não têm como acompanhar e executar pessoalmente todas as atividades desenvolvidas pelas companhias. “A adoção de sistemas de Controles Internos, que funcionem de forma independente da operação, assume papel fundamental na estrutura organizacional, permitindo que o Conselho possa acompanhar os atos da diretoria”, finaliza Alonso.

Fonte: CNseg, em 22.09.2016.