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Pesquisa diz que 56% dos brasileiros vão contar apenas com o INSS

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Planejamento financeiro para encarar a aposentadoria sem aperto – ou pelo menos reduzir as chances de que o sufoco aconteça – está longe da realidade de mais da metade da população hoje na ativa. Pesquisa realizada no fim de 2018 e divulgada pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) mostra que 56% dos entrevistados vão contar apenas com os recursos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) para sobreviver quando se aposentarem. Em relação ao ano anterior, houve um crescimento de 9 pontos percentuais, ou seja, aumentou o grupo que terá no salário pago pelo governo, que varia de R$ 998 a R$ 5.839,45, o único ganha-pão.

É um engano pensar que os 44% restantes já estejam se preparando para a velhice. Oito por cento dos entrevistados não sabem como irão se bancar. Um por cento acredita na ajuda dos filhos, e 21% afirmam que o sustento virá do próprio salário, ou seja, mesmo aposentados, pretendem continuar na labuta.

Apenas 22% declararam ter um plano B para essa etapa da vida. Dentre eles, 10% querem contar com os recursos de aplicações financeiras e 4%, com o aluguel de imóveis que já possuem. Nos dois casos, os percentuais não se alteraram de 2017 para 2018. Apesar de a proposta da reforma da previdência ter ganhado corpo de 2016 em diante, sendo uma das principais metas do atual governo federal, o total de entrevistados a afirmar que o dinheiro virá da previdência privada foi de 8%, aumento de 2 pontos percentuais do ano passado em relação ao anterior.

A superintendente de Educação e Informações Técnicas da Anbima, Ana Leoni, afirma que é urgente uma conscientização nacional sobre a importância do planejamento financeiro para a inatividade.

Precaução

“Quando pensamos em aposentadoria, um momento em que a renda vai diminuir, qualquer organização financeira é bem-vinda. O produto previdência (privada) foi desenhado para este fim, mas outras aplicações também cumprem este papel”, afirma, dizendo que mesmo com um crescimento pequeno em relação a 2017, a maior procura pela previdência privada deve ser comemorada.

O engenheiro Marcelo Gil, de 30 anos, fez um planejamento para as próximas três décadas. Atuando como profissional liberal e prestador de serviço, optou pela previdência privada.

“Invisto R$ 200 por mês. Achei mais interessante que contar com o INSS, pois o retorno será melhor e com menos investimento mensal”, explica. Ele também optou por pagar um seguro de vida, para se resguardar em caso de afastamento por doença ou invalidez permanente.

“A possibilidade de reforma fomentou a procura por previdência privada. As pessoas estão conscientes de que podem demorar muito para se aposentar e, por isso, estão buscando se preparar para que o futuro seja menos desgastante”, diz Cássia Borges Zoroastro, gerente de um grupo de seguros em Belo Horizonte. “Hoje chego a fechar de quatro a cinco previdências privadas por mês”, afirma. Segundo ela, um aumento, no local em que trabalha, de 30% de 2017 para 2018.

Já o servidor público Odnei Godinho do Prado, de 52 anos, prestes a se aposentar, pretende esperar uma definição melhor sobre a reforma antes de buscar uma fonte extra de recursos para ele. Mas para a mulher, de 35 anos, cogita ao menos pesquisar os planos privados. “É uma alternativa para completar a renda dela no futuro, porque o salário acabará ficando muito achatado após a aposentadoria”.

Crise

A economista Mafalda Ruivo Valente, professora de economia da faculdade Promove, acredita que a crise econômica contribuiu com o aumento no número de pessoas, que vão contar apenas com os recursos do INSS no futuro. “Na época do aperto, a primeira coisa que você corta são os investimentos”, disse. Ela também atribuiu essa tendência ao aumento da expectativa de vida, que deixou os profissionais mais confiantes de que poderão continuar trabalhando na velhice.

Busca por seguro de vida teve expansão de 10,6% em 2018

A procura por outros produtos do mercado de seguros, fora a previdência privada, teve expansão de 4% de 2017 para 2018 em Minas. No topo da lista está o Seguro de Vida, que cresceu 10,6% no Estado no ano passado, conforme levantamento da Superintendência de Seguros Privados (Susep). O de automóveis subiu 1,26%.

Para Emerson Soares, diretor da corretora Segasp Univalores, algumas mudanças no modelo de vendas contribuíram para o desenvolvimento do setor. “Hoje, nós treinamos as pessoas para vender conforme as necessidades de cada cliente, cobrir os riscos que, de fato, aquela família tenha, e não apenas oferecer um produto”, explica.

Ele acredita também que o brasileiro esteja mais consciente. “Tragédias recentes chamam a atenção para a necessidade de se prevenir. Essas coisas podem acontecer a qualquer momento, com qualquer um, as pessoas precisam pensar e discutir a respeito”, afirma.

Segundo ele, os dados nacionais mostram que o mercado de seguros movimentou R$ 132 bilhões em 2017, ante R$ 44 bilhões em 2007, quando representava apenas 1% do PIB do país. “Em países desenvolvidos, os seguros chegam a 7% do PIB, mostrando uma mentalidade diferenciada”, explica. Hoje, o mercado de seguros atinge 2,9% de participação do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.

Fonte: Hoje em dia, de 18.03.2019.