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O papel estratégico dos Comitês de Compliance na consolidação de uma cultura organizacional ética e transparente por meio da gestão de políticas

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Por Josenei Skorek, Tiago de Jesus Batista e Helca Nascimento

Nos últimos anos, a governança corporativa tem passado por grandes transformações, impulsionadas pela necessidade crescente de maior transparência e ética nas organizações. Diante desse cenário, os Comitês de Compliance têm um papel fundamental na implementação e no monitoramento das políticas institucionais, assegurando que as organizações atuem de maneira íntegra e em conformidade com leis e regulamentos.

Esses comitês são estruturas internas que acompanham o Programa de Integridade e garantem que as políticas institucionais sejam bem geridas, promovendo uma cultura organizacional baseada na ética e no respeito às normas. Além disso, são responsáveis por disseminar boas práticas, acompanhar sua aplicação e avaliar continuamente os resultados. Seu papel é fundamental para consolidar uma cultura organizacional baseada na ética e na conformidade.

A gestão eficiente das políticas institucionais vai além da simples obediência a normas. Ela representa um compromisso contínuo com a ética, a transparência e a governança responsável. Uma organização que possui políticas institucionais bem definidas e aplicadas protege-se contra riscos legais, fortalece sua credibilidade e se posiciona como referência no mercado. Para que isso ocorra de maneira eficaz, é essencial que as políticas institucionais sejam:

  • Aprovadas pela alta direção/superintendentes e incorporadas ao planejamento estratégico;
  • Claras, acessíveis e compreensíveis para todos os níveis da organização;
  • Monitoradas regularmente para garantir sua eficácia e aplicação consistente

Uma das estratégias adotada é a nomeação de “Guardiões das Políticas”, que são profissionais escolhidos e nomeados pelas diretorias para disseminar as políticas institucionais e garantir sua aplicação em toda a organização. Esses guardiões atuam como suporte direto aos Comitês de Compliance, promovendo a disseminação das políticas de maneira estruturada e engajadora.

Essa atuação segue um cronograma planejado, no qual a unidade foca periodicamente em uma política específica. Os guardiões são responsáveis por reunir evidências sobre a aplicação das diretrizes e utilizar estratégias interativas, como metodologias gamificadas e dinâmicas envolventes, para facilitar e traduzir o entendimento das políticas para os profissionais da instituição sendo eles celetistas ou terceiros. Dessa forma, a cultura de compliance se fortalece de maneira orgânica e participativa em todos os níveis desde o operacional ao tático e estratégico.

Além da disseminação ativa, é recomendado que cada política possua indicadores de desempenho definidos, permitindo que os gestores, comitês e diretorias realizem análises detalhadas sobre sua efetividade. Esse acompanhamento estruturado garante que os processos sejam continuamente aprimorados e alinhados aos objetivos estratégicos da instituição.

A atuação dos Comitês de Compliance na gestão das políticas institucionais não apenas protege as organizações contra riscos legais e reputacionais, mas também impulsiona uma cultura de ética, responsabilidade e transparência.

Além disso, esses comitês desempenham um papel essencial na melhoria da comunicação interna, garantindo que todos os colaboradores e stakeholders compreendam claramente as diretrizes, expectativas e responsabilidades dentro da organização.

Investir em programas de compliance robustos e bem estruturados não é apenas uma exigência regulatória, mas um diferencial competitivo para as organizações que desejam crescer de forma sustentável. Consolidar uma cultura de integridade sólida no setor saúde significa estabelecer um compromisso genuíno com a ética, protegendo não apenas a reputação das organizações, mas também promovendo um ambiente organizacional justo, seguro e eficiente para todos.

Josenei Skorek é Gestora de Qualidade, Segurança e Acreditações e Gestora de Saúde.
Tiago de Jesus Batista, psicólogo de formação, especialista em Avaliação Psicológica e Psicologia do Trabalho, MBA em Psicologia Organizacional. Mestre em Psicologia pela PUC/GO.
Helca Nascimento atuou como Diretora do Centro de Ensino e Desenvolvimento da Agir (2019 a 2022) e atualmente atua como Chief Compliance Officer da Agir e é docente da disciplina de Aspectos Jurídicos e Compliance em Saúde do MBA de Gestão em Saúde da FGV.

* A opinião manifestada é de responsabilidade dos autores e não é, necessariamente, a opinião do IES

Fonte: Instituto Ética Saúde, em 21.03.2025.