Por Antonio Penteado Mendonça
O faturamento do setor de seguros representa mais ou menos 6% do PIB nacional. A CNSEG (Confederação Nacional das Seguradoras) lançou um plano para elevar esse percentual para 10% até 2030. É um aumento arrojado, mas que encontra base na realidade e é perfeitamente factível. Mas mais importante do que o aumento do faturamento é o aumento das contribuições do setor para a sociedade. Alcançados os 10% no faturamento, o plano prevê que os pagamentos do mercado segurador atinjam 6% do valor do PIB, ou seja, em 5 anos ele devolverá à sociedade o que fatura atualmente, uma ordem de grandeza mais do que significativa e que injetará centenas de bilhões de reais no cumprimento dos diferentes contratos das empresas que o compõem.
Para chegar neste patamar, o mercado segurador brasileiro não precisa criar nenhum seguro novo, inédito em nossa economia. Ao contrário, o incremento dos produtos existentes é mais do que suficiente para ultrapassar a casa dos 10% do PIB, o que, somado aos novos seguros já em gestação ou que deverão ser desenvolvidos nos próximos anos, permite supor que, em 2030, o faturamento do setor poderá ser maior do que os 10% previstos no plano da CNSEG.
Dando números, atualmente, os planos de saúde privados atendem 50 milhões de beneficiários, um quarto da população brasileira; os seguros de veículos cobrem 21 milhões de unidades, ou seja, não passa dos 17% do total da frota; o seguro residencial garante 11 milhões de residências, o que equivale a 17% do total desses imóveis; o seguro rural atende 7,7% da área agriculturável plantada; e os planos de previdência complementar abertos são contratados por 10% da população ativa, ou seja, 14 milhões de pessoas.
Com os seguros empresariais não é diferente. A imensa maioria das empresas brasileiras não tem seguro para suas instalações. Apenas 29% dos empresários contratam seguros para seus colaboradores; o seguro de transportes cobre menos do que a metade do total das cargas transportadas; e os seguros de responsabilidade civil e garantia são quase desconhecidos dentro da economia nacional.
Um trabalho focado, oferecendo apólices modernas para estes riscos, com condições abrangentes, garantias eficazes, simplicidade operacional, clareza nos contratos e preço justo tem tudo para aumentar significativamente a massa segurada, atingindo em 2030 o patamar proposto pelo plano da CNSEG.
Como, além desses seguros, uma série de outros produtos estão sendo gestados, particularmente para fazer frente às mudanças climáticas, o faturamento subir são favas contadas. Vai seguir crescendo, como tem acontecido ao longo dos últimos anos.
Para fechar o artigo, em 2024, o setor de seguros cresceu 12% sobre o ano anterior, arrecadando mais de 700 bilhões de reais, dos quais 315 bilhões gerados pelos planos de saúde privados. Vale ainda citar os Seguros de Pessoas com arrecadação de quase R$ 270 bilhões; o setor de Danos e Responsabilidade com R$ 134,4 bilhões; e o grupo Patrimonial, que movimentou R$ 28,1 bilhões.
Mas a cereja do bolo é quanto o setor pagou em indenizações, prêmios e benefícios. Foram mais de 500 bilhões de reais! E isto faz a diferença.
Fonte: O Estado de São Paulo, em 19.05.2025.