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Nova edição da Revista: Entidades voltam a olhar mais para a renda variável diante da perspectiva de redução continuada dos juros*

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*Edição nº 451 da Revista da Previdência Complementar – uma publicação da Abrapp, ICSS, Sindapp e UniAbrapp.

Por Martha Elizabeth Corazza

Visão positiva da Bolsa e risco gradual – O olhar dos gestores de investimentos das EFPCs começa a ficar mais atento às oportunidades de movimentar as carteiras para ampliar a parcela de risco, ainda que de modo gradual e com muito planejamento. A euforia das Bolsas no final de 2023 ajudou a despertar o interesse e reforçar a percepção de que a queda dos juros nos EUA está próxima, mas os riscos ainda exigem movimentos cautelosos das políticas de investimentos. Ao mesmo tempo, a reversão dessa euforia em janeiro e fevereiro, que resultou na queda dos preços das ações, criou um bom momento para entrar nesse mercado.

Na avaliação da Vivest, o início de 2024 foi o momento certo para ampliar o percentual aplicado em Bolsa, informa Jorge Simino, Diretor de Investimentos e Patrimônio. “Fizemos um incremento de 4% na nossa parcela de Bolsa em janeiro, o que representa R$ 1,5 bilhão a mais, porque o momento era bom e porque cruzamos o ano de 2023 todo com uma alocação doméstica de apenas 8%.”

No final do ano, houve grande euforia frente a dados de inflação mais favoráveis e à fala do presidente do Federal Reserve Bank – FED, Jerome Powell, que foi interpretada pelo mercado com otimismo, presumindo-se que haveria sete cortes de juros dos treasuries ao longo de 2024, a começar em março. “As Bolsas dispararam, mas em janeiro e fevereiro vivemos uma ressaca desse otimismo porque saíram novos dados de inflação, mostrando a atividade econômica ainda forte. Com isso, o mercado jogou o primeiro corte de juros para maio ou junho”, afirma Simino. Como resultado, a Bolsa aqui também cedeu e a entidade aproveitou para aumentar sua carteira. “A nossa carteira de Bolsa hoje responde por 12% a 13% dos ativos totais.”

A medida adiciona uma dose equilibrada de risco ao portfólio frente à nova realidade dos juros no Brasil. “A nossa perspectiva é de que a Selic chegue a 9% até o final do ano com os novos cortes a serem feitos pelo Banco Central, mas há um bloco do mercado que aposta em 8% ou 8,5%”, diz o Diretor.

Em sua opinião, a “mini ressaca” que atingiu a Bolsa brasileira nos dois primeiros meses do ano ajudou a derrubar o custo de investir em boas empresas. “Das 53 empresas que compõem o Ibovespa, apenas sete desapontaram as nossas projeções de resultados e o valuation parece atrativo”, analisa.

Competidores – O “gatilho” para a Bolsa decolar será a convicção do mercado internacional sobre o início do corte de juros nos EUA, mas a disparada desse gatilho também depende muito dos investidores estrangeiros, que olham principalmente para o FED à espera do sinal para buscar mais risco. Entre novembro e dezembro de 2023, durante o rally, tais investidores fizeram compras líquidas de R$ 38 bilhões no Brasil. Este ano, porém, até meados de fevereiro, esse movimento foi de saída líquida de R$ 17 bilhões a R$ 20 bilhões.

O principal competidor brasileiro por esse fluxo de recursos estrangeiros entre os emergentes é o México, avalia Simino, porque aqui ainda sofremos os efeitos colaterais da economia chinesa. “O México é o único mercado que rivaliza conosco em volume de ativos, e os investidores preferem ir para lá porque a situação fiscal deles é melhor”, acrescenta. Mercados importantes que ficaram pouco palatáveis por causa do risco geopolítico incluem China, leste europeu, Rússia, Ucrânia e República Checa, por exemplo.

A forte concentração das Bolsas globais em torno dos EUA e das grandes empresas de tecnologia e Inteligência Artificial americanas, as “sete magníficas” (Apple, Microsoft, Meta, Google, Amazon, Tesla e Nvidia) reúnem hoje um valor de US$ 13 bilhões, ou metade do PIB dos EUA. Daí a influência exagerada do mercado americano sobre os demais e o clima de “compasso de espera” dos investidores em relação ao FED.

Mais agilidade – Com R$ 8,7 bilhões em ativos, a Fachesf mantém em 2024 uma visão ligeiramente positiva para a Bolsa, mas reconhece que ainda há diversas frentes de risco a serem monitoradas. “Nossa alocação é mais conservadora, de acordo com as características dos planos, afirma o Diretor de Administração e Finanças da entidade, Felipe Andrade. Ele observa que há um equacionamento da inflação global, o que é positivo, embora ainda muito recente para ser medido.

Ao mesmo tempo, a atividade econômica americana segue forte e a eleição para a presidência do país é fonte de volatilidade adicional este ano. “No Brasil, a questão fiscal ainda preocupa. Ademais, o nosso custo de oportunidade para investir permanece alto porque o juro continua elevado e paga as metas atuariais”, analisa Andrade.

Diante dessa conjuntura, a entidade decidiu reduzir o percentual de renda variável este ano, mas, ao mesmo tempo, aprovou uma mudança que cria bandas de alocação tática. “Essas bandas nos dão mais agilidade para fazer movimentos de alocação, por exemplo, em fundos de ETFs (fundos de índices, de gestão passiva) negociados na Bolsa”, explica o Diretor, acrescentando que no começo do segundo semestre, à medida que a Selic for reduzida, será feita uma reavaliação da política nas diversas classes.

A criação de um FoF consolidador deu à entidade uma visão de alocador, o que é importante. “Não fazemos mais a compra direta de ações. Só nos preocupamos com a macro alocação via fundo e todos os planos fazem o mesmo tipo de alocação”, explica Andrade.

Por enquanto, a Fachesf manteve 5% de renda variável em seu plano de Benefício Definido (BD); reduziu de 5% para 2% a parcela de renda variável no plano saldado e de 15% para 10% no plano de Contribuição Definida (CD) a conceder. Na parte concedida, esse percentual foi mantido em 5%. No plano CD puro, que é novo, a renda variável responde por 5% ativos, e no plano família, caiu de 4% para 2%, informa o dirigente.

(Continua…)

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Fonte: Abrapp em Foco, em 08.04.2024.