Carta do I Fórum da Mulher Médica defende a isonomia entre homens e mulheres
No encerramento do I Fórum da Mulher Médica do CFM foi aprovada uma carta que solicita ações efetivas, por parte do Estado, dos gestões e das entidades médicas, para a superação de obstáculos enfrentados pelas mulheres médicas.
O texto defende o direito à maternidade em sua plenitude, a proteção no ambiente de trabalho, a oferta de condições dignas de atendimento, o estímulo à prática do autocuidado e a implementação de ações concretas que “reconheçam e valorizem as mulheres médicas por suas competências”.
Encontro discute importância da representatividade das profissionais
Uma roda de conversa sobre o tema Liderança pelas mulheres: incentivo à representatividade, talento, competência e resultados deu continuidade à mesa que discutiu oportunidades para as mulheres na profissão médica. A discussão foi conduzida pela coordenadora do evento, Rosylane das Mercês Rocha, também 2ª vice-presidente do CFM.
A conferência também contou com a participação da conselheira federal Maíra Pereira Dantas, como debatedora, e teve início com apresentação da jornalista Paula Santana, do Portal GPS Brasília. A plataforma de notícias divulga destaques da capital federal, reportagens especiais e também entrevistas.
Durante a palestra, Paula destacou a importância da comunicação como base para a convivência social de forma mais eficiente, além da conquista de maior influência, engajamento e produtividade. Paula também chamou a atenção para outras condutas fundamentais à mulher médica, como a busca pelo autoconhecimento, para que se possa alcançar uma gestão madura das emoções e reações, e a busca pelo domínio da oratória, para minimizar ruídos de comunicação.
Médicas líderes – A carência de mulheres à frente de postos de comando nas instituições médicas foi apontada pela representante da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT), Patrícia Maria de Moraes Barros Fucs. Em 2018, a professora e doutora foi a primeira mulher a assumir a presidência da entidade.
A escassez de mulheres nas entidades médicas e ainda no Congresso Nacional foi tratado ainda pela presidente da Federação Nacional dos Médicos (Fenam), Lúcia Maria de Sousa Aguiar dos Santos, também a primeira mulher a assumir a presidência da Federação em 50 anos. A ginecologista e obstetra pela Universidade Federal do Piauí (UFPI) tem tido uma importante atuação para a categoria médica. Além da Fenam, a médica preside o Sindicato dos Médicos do Estado do Piauí (SIMEPI) e é membro da Confederação Médica Latino-Americana e Caribe (CONFEMEL).
Encerrada a roda de conversa, a programação do Fórum teve continuidade com a mesa “A medicina pelas mulheres: fatores que influenciam o exercício da profissão”.
1º Fórum da Mulher Médica debate representatividade, desafios e conquistas femininas na medicina
Após a conferência de abertura do 1º Fórum da Mulher Médica, promovido pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), a emoção deu o tom à primeira mesa temática do evento: “A mulher e a sua profissão: representatividade, oportunidades e desafios”. O encontro reuniu autoridades e médicas que compartilharam experiências pessoais e dados sobre os caminhos percorridos pelas mulheres na Medicina.
Com mediação da conselheira federal Rosylane Rocha, 2ª vice-presidente do CFM e coordenadora da Comissão da Mulher Médica, a mesa contou com a participação das deputadas federais Bia Kicis e Mayra Isabel Correia Pinheiro, além da conselheira federal Viviana de Mello Guzzo Lemke. Também estiveram presentes as conselheiras federais Graziela Schmitz Bonin, que atuou como secretária, e Ana Jovina Barreto Bispo, coordenadora da sessão.
Durante sua fala, a deputada Damares Alves destacou os desafios enfrentados pelas mulheres no ambiente profissional e a importância de manter valores e princípios diante das adversidades. “Nós temos muitos desafios, mas a gente não pode perder nunca os nossos valores. O aplauso fácil é algo muito traiçoeiro. Precisamos caminhar sempre ao lado da verdade”, afirmou.
Na sequência, a médica e deputada federal Mayra Pinheiro emocionou o público ao compartilhar histórias pessoais que ilustram os dilemas enfrentados por muitas profissionais, especialmente em relação à maternidade. “Aonde que nós mulheres nos perdemos nessa luta para ocupar mais espaços na sociedade? Mesmo sem competir com os homens, precisamos refletir sobre o que fizemos com o papel mais importante que temos: o de mães, de edificadoras do nosso lar”, provocou.
Encerrando a mesa, a conselheira Viviana Lemke apresentou dados técnicos sobre a presença feminina na Medicina e também falou sobre sua trajetória, marcada por conquistas, desafios e momentos simbólicos vividos no ambiente hospitalar. “Desejo que eu e todos vocês nos tornemos imprescindíveis na vida dos nossos pacientes, das pessoas que nos cercam e, especialmente, da nossa família”, declarou.
Ao final da sessão, foram sorteados exemplares do livro “O mundo precisa de pais”, de autoria da deputada e médica Mayra Pinheiro, que foi recentemente lançado.
Fórum da Mulher Médica do CFM debate importância da presença feminina na medicina
Maioria entre a população e entre eleitores, as mulheres brasileiras também representam a maior parte dos profissionais médicos do País e desempenham papel fundamental para a evolução da medicina, da ciência e da sociedade. Diante desse cenário, a 2ª vice-presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), Rosylane Rocha, abriu os trabalhos do 1º Fórum da Mulher Médica, realizado pela Autarquia em sua sede, em Brasília, nesta sexta-feira (28).
Ao lado do presidente do CFM, José Hiran Gallo, da senadora Damares Alves (Republicanos-DF) e da deputada federal Dra. Mayra Pinheiro (PL-CE), que participaram da mesa de abertura do evento, Rosylane lembrou que as médicas estão na linha de frente da assistência à saúde do Brasil e, atualmente, são protagonistas de suas próprias histórias, caminhando a passos largos para aumentar ainda mais sua representatividade no universo da saúde.
“Os obstáculos ainda são grandes. Porém, as dificuldades vêm sendo superadas por uma dose extra de dedicação e esforço. Hoje, é oportuno esclarecer nesse debate que não é questão de se vitimizar ou romantizar o papel da mulher no exercício da medicina. A mulher médica já tem assegurado seu espaço no mundo da medicina e da ciência. O que não podemos fazer é prejudicar esse crescimento. E é preciso reivindicar o princípio da igualdade, com tratamento isonômico entre mulheres e homens”, afirmou.
A conselheira federal ressaltou que este 1º Fórum da Mulher Médica pretende lançar as bases de uma nova maneira do CFM dar atenção a situações específicas relacionadas à classe feminina, como de ser mãe, a vulnerabilidade, a violência, as novas jornadas de trabalho e a maior dificuldade de migrar e se fixar em áreas distantes ou de difícil provimento. “O CFM vai dar atenção a esses temas, promover debates e apresentar propostas concretas para oferecer à mulher médica, no exercício de sua profissão, condições para cumprir a sua missão e assumir posições de liderança e reconhecimento ao seu mérito. É necessário criar estímulos para que isso aconteça”, disse.
No fim da sua fala, Rosylane lembrou a frase de uma escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie, expoente da literatura contemporânea, que sintetiza o papel da mulher no mundo atual. “A pessoa mais qualificada para liderar não é a pessoa fisicamente mais forte, é a mais inteligente, a mais culta e a mais criativa, a mais inovadora. E não existem hormônios para esses atributos”, encerrou.
Na sequência, a deputada Mayra Pinheiro lembrou que, apesar de ser maioria entre médicos, eleitores e cidadãos, as mulheres ainda têm menos poder de decisão em todos os nichos da sociedade. Segundo ela, nada mais urgente do que se discutir sobre isso para que o País possa contar com maior influência feminina nos espaços de debate.
Já a senadora Damares Alves ressaltou que os desafios da mulher no mercado de trabalho ainda são grandes e que não tem sido fácil avançar. Para a parlamentar, um evento como o de hoje é muito importante para que se debata sobre caminhos de ocupação de espaços por parte das mulheres, especialmente na medicina.
O presidente do CFM, por sua vez, reconheceu a importância do trabalho das mulheres para o avanço do País, especialmente na medicina, e destacou as habilidades femininas de conseguir conciliar funções tão importantes no exercício da profissão e ainda de serem mães e cuidarem dos seus lares. “Vocês são fantásticas. E nada melhor do que discutir o que é bom para as mulheres no Brasil neste evento aqui no CFM só com mulheres”, declarou.
Senadora Damares Alves fala sobre construção de carreira e desafios em 1º Fórum da Mulher Médica do CFM
Na conferência de abertura do 1º Fórum da Mulher Médica realizado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), a senadora Damares Alves (Republicanos-DF) falou sobre a construção de carreira e os desafios enfrentados pelas mulheres ao longo da vida e, especialmente, no mundo do trabalho. Em sua conferência, a parlamentar ressaltou que trabalha com direitos das mulheres desde os 14 anos de idade, quando saiu de um processo em que foi vítima de violência, e que a caminhada para uma mulher ocupar um espaço de poder no País é árdua e ainda tem um longo caminho pela frente.
Ex-ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, ela lembrou que o Brasil é o 5º país que mais registra assassinato de mulheres no mundo; é a pior nação da América do Sul para uma menina nascer; e que, a cada 8 minutos, uma mulher é estuprada por aqui. “Os desafios do meu mundo, do meu mundo como política e do meu mundo como pastora, com certeza também são de vocês, médicas, no mundo da medicina. E também devem enfrentar todos os dias”, disse.
“Eu quero um país em que mulheres comuns como eu, com uma história inclusive de muita dor, possam chegar ao topo, aos espaços de poder e de decisão, sem precisar ficar se explicando, mas tão somente que reconheçam que somos boas no que fazemos”, declarou.
A senadora entende que as dificuldades são ainda maiores em um país com dimensões continentais como o Brasil. Ela citou o caso de mulheres em situação de maior vulnerabilidade, como as ribeirinhas, as indígenas, as marisqueiras (que sofrem com a exposição ao sol ao longo da vida). “É um quadro muito ruim. E digo isso tudo para vocês entenderem que a gente não pode dar nenhum passo atrás em todos os direitos que nós já conquistamos”, afirmou.
A senadora criticou a diferença de tratamento dado pela sociedade a homens e mulheres e exemplificou casos na política em que as distorções ainda são absurdas. “Uma mulher com mais de 80 anos no Sul do país se candidatou ao cargo de prefeita e, na rua, enquanto fazia campanha, era chamada de ‘velha’. Ora, quantos anos têm os presidentes Donald Trump, Lula e Bolsonaro, por exemplo? Eles não são chamados de velho, mas sim de sábios”, disparou.
Damares destacou que as médicas têm papel fundamental na medicina e brincou ao falar que as mulheres chegam mais rápido para socorrer uma pessoa. “Desculpe os médicos que estão aqui, mas quando precisarem de ajuda, chamem uma médica porque a gente vem antes”, disse. Ao fim, ela foi aplaudida de pé pelos presentes ao evento.
Fonte: Portal CFM, em 28.03.2025.