Buscar:

Notícias Portal CFM, em 03.12.2021

Imprimir PDF
Voltar

CFM promove segundo webinar de humanidades médicas

foto3humanidades-300x225

Apresentar filosoficamente o amor ágape como um conceito fundamental no momento em que vive a humanidade. Esta foi a missão do médico Péricles Brandão que abordou o amor como necessidade e dom durante o II Webinar de Humanidades Médicas do Conselho Federal de Medicina (CFM). O seminário on-line foi transmitido pelo YouTube sob a coordenação dos membros da Comissão de Humanidades do CFM, Helena Leão e Henrique Batista. (ASSISTA AQUI)

No evento ocorrido na noite do dia 2 de dezembro, Brandão abordou o cuidado integral e apresentou uma relação entre o amor de Jesus de Nazaré – proposto através de pregações, atos e a própria vida – e os conceitos de amor que havia na antiga Grécia, no momento histórico em que surgia a Medicina.

Durante a palestra de quase 45 minutos, Brandão trouxe uma visão poética de vida, entrega, renúncia e doação, características importantes da profissão médica. Ele mostrou com sensibilidade como têm evoluído formas do amor-ágape e como foram encarnadas por quatro médicos ao longo da história: São Lucas, Humberto Maturana, Albert Schweitzer e Hélio Pellegrino.

“A descoberta do ágape para Lucas tinha um valor absoluto: a esse amor dedicou sua vida, pois acreditava ser o acontecimento central da história humana. O exemplo de Maturana traz a importância do amor no processo de educação, na formação do indivíduo. Já o modelo de Schweitzer traz ênfase à relação do amor e ética. Por sua vez, com Pellegrino o amor é abordado como expressão do ser total”, pontuou o palestrante.

Pandemia – Sobre a crise sanitária mundial, Péricles Brandão afirmou ser uma oportunidade de aprendizado sobre o amor. Para ele, quando se diz que a pandemia é uma sindemia, se quer chamar a atenção para “a interação mutuamente agravante entre fatores médicos propriamente ditos e outros, como a miséria, a desigualdade econômica, a degradação ecológica, a necropolítica”.

Segundo apresentou, o grande desafio seria enfrentar com rigor científico as doenças, sem perder de vista a urgência ética de identificação e superação das condições multifatoriais, regionais e mundiais, que favorecem o seu aparecimento e desenvolvimento. “Cada um deve assumir a condição de guardião da sintropia, a tendência que se observa no universo de emergência da vida em manifestações cada vez mais complexas, sutis e integrativas. É preciso responder à pergunta: o que na estrutura mesma da sociedade moderna faz adoecer o homem, seu corpo e sua alma? A Terra não mais suportará que o homem seja novamente só um sobrevivente, sem mudar profundamente seu modo de vida”, concluiu.

Momento da Arte – O webinar de humanidades do CFM também foi complementado com música e cinema. O presidente da Sociedade Brasileira dos Médicos Escritores Regional Sergipe, Lúcio Antônio Prado Dias, exibiu uma cena do filme Sociedade dos Poetas Mortos. “Qual é o seu verso?, com esse questionamento trazemos uma excelente reflexão da cena que faz uma crítica ao modelo tradicional de ensino”, pontuou Prado.

Em seguida à exibição do trecho da obra, o Momento da Arte no Webinar de Humanidades cedeu espaço à música “Blowin’ in the wind” do cantor Bob Dylan, com a apresentação do também integrante da Comissão e ex-presidente do CFM, Roberto Luiz d’Avila, acompanhado da filha Fabrícia d’ Avila Exterkoetter. (ASSISTA AQUI)


CFM regulamenta o funcionamento da clínica especializada em dependência química

roma7558-300x200

Como deve ser o funcionamento de uma clínica médica especializada em atender dependentes químicos? Apesar indispensáveis para o tratamento de pessoas com problemas de drogadição, esses ambientes não estavam regulamentados pelo poder público. A regulamentação foi possível com a elaboração do Parecer do Conselho Federal de Medicina nº 8/2021, que foi lançado oficialmente no dia 1º de dezembro, na sede da autarquia, com a presença do ministro da Cidadania, João Roma, e do Coordenador-Geral de Saúde Mental, Álcool e outras Drogas do Ministério da Saúde, Rafael Bernardon.

“Com este parecer, superamos um entrave. Com ele, conseguimos ter segurança jurídica para que milhares de família possam encontrar um atendimento adequado para seus familiares”, afirmou o ministro João Roma. Para o presidente do CFM, Mauro Ribeiro, o parecer vai propiciar acesso ao sistema de saúde para dependentes químicos e portadores de doenças mentais, que estão desassistidos devido a uma política catastrófica de saúde mental implantada nos últimos 20 anos. “É um passo gigantesco para corrigir essa distorção”.

Já o representante do Ministério da Saúde, Rafael Bernardon, destacou a importância da regulamentação “como normativa tanto para o setor público, quanto para o setor privado”. O deputado federal e presidente da Frente Parlamentar da Medicina, Hiran Gonçalves, destacou o caráter humanitário do parecer. “Familiares e pacientes que enfrentam problemas de dependência química precisavam dessa regulamentação”.

Na avaliação do secretário nacional de Cuidados e Prevenção às Drogas (Senapred) do Ministério da Cidadania, Quirino Cordeiro, o texto do CFM vai regulamentar um vazio na regulamentação das clínicas especializadas. “Existia um hiato assistencial. Esse texto garante segurança jurídica para que se possa exigir parâmetros de qualidade e avanços na garantia de direitos das pessoas internadas”, afirmou.

O relator do Parecer nº 8/2021, conselheiro Emmanuel Fortes, contou que o CFM ouviu especialistas, a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e Câmara Técnica do CFM especializada no tema para construir o documento. “Não foi fácil, mas precisávamos estabelecer o perfil dessas instituições, como forma de dar segurança ao paciente”, destacou.

O parecer do CFM regulamenta funções, estrutura, equipamentos e profissionais necessários para a atuação das clínicas médicas especializadas no tratamento de dependentes químicos. As clínicas são um dos elos da rede de assistência prevista na Nova Política Nacional sobre Drogas, de 2019, mas ainda não estavam regulamentadas. Até então, havia diretrizes para o tratamento em hospitais psiquiátricos, hospitais gerais e, na ponta da assistência, nas comunidades terapêuticas.

Para o presidente da Federação Brasileira das Clínicas Especializadas (Febraci), Roberto Brunelli, o regramento é indispensável para dar escala e qualidade ao atendimento do paciente psiquiátrico. Já o presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, Antônio Geraldo da Silva, afirmou que o parecer 8/2021 servirá para que se saia “de uma zona cinzenta entre funções de comunidades terapêuticas e instituições não médicas, que se confundiam com clínicas médicas”.

Também participaram do evento de lançamento do Parecer nº 8/2021, conselheiros federais, representantes do Ministério da Cidadania, do Ministério da Saúde e, por videoconferência, conselheiros federais e representantes de Conselhos Regionais de Medicina.

Fonte: Portal CFM, em 03.12.2021.