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Notícias Portal CFM, em 01.08.2025

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Mesa “Residência Médica: Qualidade versus Quantidade” reforça necessidade de expandir com critério e avaliação rigorosa

Dando continuidade à programação do segundo dia de evento, o XV Fórum Nacional de Ensino Médico, promovido pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), debateu na manhã desta sexta-feira (1º) um dos temas mais sensíveis da formação médica no Brasil: a universalização da residência médica sem comprometer a qualidade dos programas. Com o título “Residência Médica: Qualidade versus Quantidade”, o encontro reuniu especialistas com diferentes visões e experiências no campo da educação médica, em uma análise franca sobre os desafios da expansão das vagas de residência, a qualidade da preceptoria e os descompassos entre formação e oportunidades.

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Moderada por José Roberto de Souza Baratella, membro da Comissão de Ensino Médico do CFM, a mesa contou com exposições do secretário executivo da Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM), Rodrigo Cariri Charlerge de Almeida; da médica Rosana Leite Melo, membro da Comissão de Ensino Médico do CFM; e do representante da Associação Médica Brasileira (AMB), Fernando Sabia Tallo. A mesa foi secretariada por Lucas Henrique Rinaldi Faidiga, presidente da Associação Nacional de Médicos Residentes (ANMR).

Expandir com responsabilidade – Abrindo a mesa, Rodrigo Cariri destacou a necessidade de um sistema nacional de avaliação das residências médicas, medida considerada essencial para garantir a qualidade da formação mesmo com o crescimento do número de vagas. “Hoje, autorizamos programas e os avaliamos com visitas esporádicas, sem continuidade nem provas de habilidades. Precisamos de um sistema robusto de avaliação. Só assim será possível perseguir a universalização da residência com qualidade”, afirmou.

O secretário executivo alertou para distorções no sistema, como a crescente participação da iniciativa privada — que hoje representa 17% das vagas — e a ausência de diretrizes claras sobre onde e como expandir. “A educação é o que mais reduz desigualdades no mundo. Mas no Brasil, as políticas regulatórias são muito tênues. Não basta expandir, é preciso qualificar”, defendeu. Cariri também chamou atenção para a má distribuição das residências: “Ter apenas duas vagas de anestesiologia no Piauí é inaceitável. Precisamos corrigir esse desequilíbrio.”

Residência é especialização – Rosana Leite Melo trouxe um panorama histórico e legal da residência médica no Brasil, reforçando que a modalidade deve ser tratada como formação de especialista, e não como mera continuidade da graduação. “Formar médicos é formar profissionais que lidam com vidas humanas. A residência não pode ser reduzida a um rito formal. Precisa garantir a segurança do paciente e a reputação das instituições”, afirmou.

Ela ressaltou que a avaliação é um processo contínuo e indispensável: “Avaliar é verbo. Se avaliamos tudo no cotidiano, por que não avaliar adequadamente o médico e o preceptor?”. Rosana ainda defendeu a valorização dos preceptores como figuras centrais na formação e pediu maior atenção à saúde mental de residentes e supervisores. “Não estamos falando de choque de gerações apenas, mas de um contexto que afeta profundamente a formação médica”, alertou.

Alerta – Com uma fala contundente, Fernando Sabia Tallo chamou atenção para os efeitos da expansão desenfreada do ensino médico no Brasil. “Temos hoje mais de 300 mil médicos generalistas, muitos dos quais saem da faculdade sem nunca terem passado por um ambiente adequado de prática. Isso está criando uma subclasse médica marcada pelo subemprego, salários baixos e sobrecarga assistencial”, afirmou.

Tallo criticou a falta de dados confiáveis sobre formação médica e defendeu que a Comissão Nacional de Residência Médica se concentre na supervisão técnica e não em políticas públicas. “Precisamos de uma instância técnica, com dados consistentes, que diga o que pode ou não pode ser feito em termos formativos. A política pública deve vir depois, a partir desses diagnósticos.”

Ele também alertou para o enfraquecimento da legitimidade da residência como política pública: “A formação médica está se tornando uma formalidade. Isso é gravíssimo. Um país que já forma o maior número de médicos per capita do mundo não pode se dar ao luxo de negligenciar a qualidade.”

Compromisso – Ao reunir falas que tocaram em pontos estruturais, operacionais e éticos da residência médica, a mesa “Qualidade versus Quantidade” reafirmou o compromisso do CFM em pautar um debate qualificado e técnico sobre os rumos da formação médica. O Fórum continua com outras mesas e debates na construção de caminhos para uma formação médica mais justa, eficiente e comprometida com as necessidades da população.


Conferência de encerramento discute o perfil do médico no século XXI

Um convite à reflexão sobre o que queremos construir como legado da medicina brasileira. Assim foi a conferência de encerramento do XV Fórum Nacional de Ensino Médico. Evento realizado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), em sua sede, nos dias 31 de julho e 1º de agosto. No palco, o professor Ruy Guilherme Silveira de Souza, da Universidade Federal de Roraima (UFRR). A partir do tema “O perfil esperado do médico no século XXI”, o conferencista provocou reflexões profundas sobre os desafios da formação médica frente às transformações tecnológicas, culturais e sociais que impactam diretamente o exercício da profissão. A atividade foi conduzida pelo conselheiro federal José Eduardo Dolcci e secretariada por Gabriel Sanchez Okida, presidente da Associação dos Estudantes de Medicina (AEMED).

Ruy iniciou sua fala resgatando a trajetória histórica da educação médica, marcada por rupturas significativas desde o Modelo Flexneriano do início do século XX até o atual paradigma da formação baseada em competências. Ele destacou marcos importantes como a introdução ao aprendizado baseado em problemas, o papel do exame clínico objetivo estruturado e a consagração do modelo de Pirâmide de Miller. Para ele, essas transformações culminaram na consolidação de um modelo integrador entre prática, ciência e ensino: “Estamos numa era de educação baseada em competências. Não se pode mais separar a prática da teoria ou o ensino das ciências básicas.”

Com linguagem direta e tom provocativo, o conferencista afirmou que “o futuro não é mais o mesmo”, em alusão às forças contemporâneas que reconfiguram as competências médicas. Segundo ele, a massificação do conhecimento, o acesso a tecnologias vestíveis e a inteligência artificial têm transformado profundamente a relação médico-paciente.

Ruy também alertou para o impacto do empoderamento dos pacientes e o novo papel do médico como gestor de verdades múltiplas. “A primeira habilidade que o médico vai precisar ter é saber lidar com a verdade”, disse, mencionando um artigo recente. Para ele, o comprometimento com a ciência será cada vez mais determinante: “Eu não temo a concorrência com outras profissões, o que me preocupa é o médico que se afasta da ciência.”

Encerrando sua fala, Ruy destacou a necessidade de cultivar hoje o que será colhido pelas futuras gerações. A conferência reafirmou o compromisso do CFM com a excelência na formação médica e o papel central do debate ético e científico frente às mudanças do século XXI.


Carta de Brasília marca encerramento do XV Fórum Nacional de Ensino Médico

Após dois dias discutindo os rumos do ensino médico no Brasil, o Conselho Federal de Medicina (CFM) encerrou, nesta sexta-feira (1º), o XV Fórum Nacional de Ensino Médico — evento que se consolidou como um dos principais espaços de debate sobre os rumos da formação médica no Brasil. O encerramento das atividades contou com a leitura da “Carta de Brasília”, documento que sintetiza os principais consensos e posicionamentos resultantes das discussões realizadas ao longo dos dois dias de programação.

Responsável pela leitura do texto, o conselheiro federal Alcindo Cerci, organizador do evento, ressaltou que o Fórum reafirma seu papel como “espaço qualificado para escuta, troca e construção coletiva de caminhos para o ensino médico no Brasil”. Em sua fala, Cerci destacou a urgência de uma atuação mais firme dos órgãos reguladores e a necessidade de se preservar a qualidade na formação diante da expansão desenfreada dos cursos. “Não basta formar mais médicos — é preciso formar bons médicos”, afirmou.

Leia a íntegra da carta aqui.

A Carta de Brasília expressa a preocupação do CFM com a expansão desordenada de cursos de Medicina no país, frequentemente instalados em localidades sem a infraestrutura mínima necessária para garantir a formação adequada. O texto alerta para a falta de fiscalização eficaz e destaca como conquista recente a publicação da Resolução CFM nº 2.434/2025, que regulamenta os campos de estágio dos cursos e confere aos Conselhos de Medicina a prerrogativa de interditar eticamente locais que não garantam condições adequadas de ensino.

O XV Fórum Nacional de Ensino Médico também concluiu pela necessidade urgente de instituir, no Brasil, um Exame Nacional de Proficiência em Medicina. Tal exame deverá ser de aprovação obrigatória como pré-requisito para o registro profissional nos Conselhos Regionais de Medicina.

“A formação de qualidade é condição essencial para garantir uma medicina digna — aquela que a população brasileira merece”, conclui a Carta de Brasília.


CFM define responsabilidade técnica de coordenadores de curso de medicina para campos de estágio

“A Resolução CFM nº 2.434/25, anunciada nesta sexta-feira (01), entra em vigor 60 dias após a publicação”

Norma inédita atende a diversas demandas de estudante em relação a infraestrutura e supervisão docente médica contidas no projeto pedagógico do curso em relação aos campos de estágio

(LEIA AQUI A RESOLUÇÃO NA ÍNTEGRA)

A Resolução nº 2.434, publicada nesta sexta-feira (1º) pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), traz marco pioneiro para a regulamentação dos locais de estágios curriculares oferecidos, onde as competências práticas são apreendidas no Brasil. A norma torna coordenadores dos cursos de medicina responsáveis técnicos e éticos pelos campos de estágio durante a graduação, assim como o diretor técnico é responsável pelo hospital.

Anunciada durante o XV Fórum de Ensino Médico do CFM, em Brasília, a regulamentação abrange o estágio obrigatório de formação em serviço (internato) ou em quaisquer outras atividades que envolvam interações entre graduandos de medicina, preceptores ou professores e médicos com pacientes e/ou familiares.

“O coordenador do curso será responsável técnico pelo campo de estágio da mesma forma que o diretor técnico é responsável pelo hospital. Na prática, ele terá autoridade para exigir o cumprimento das condições de aprendizado dos alunos, como a infraestrutura mínima, o cumprimento das exigências contidas nas diretrizes curriculares e a participação de docentes médicos, comprometidos com a formação do futuro profissional”, afirma o conselheiro federal Alcindo Cerci Neto, relator da resolução.

Outra importante novidade é o cadastro único de coordenadores dos cursos de medicina, que, a partir da resolução, viabilizará a sistematização das reclamações que frequentemente chegam ao conselho e, se necessário, a fiscalização da infraestrutura dos campos de estágio, necessária ao aprendizado com penalidades previstas às Instituições de Ensino Super (IES) que descumpram a medida.

De acordo com o relator, o texto é pioneiro e traz segurança tanto para os estudantes e coordenadores, que terão garantida infraestrutura e condição adequada de estágio, quanto para pacientes, uma vez que graduandos terão atuação obrigatoriamente supervisionada. “Trata-se de uma medida de respeito aos estudantes de medicina que devem ter garantidos o aprendizado do ato médico, de segurança à população, que saberá que os estudantes estão sendo supervisionados e da excelência da formação técnica do médico, principalmente no momento dos estágios obrigatórios”.

Fiscalizações e sanções – O presidente do CFM, José Hiran da Silva Gallo, alerta que a autarquia tem constatado, por meio das fiscalizações, que a manutenção das condições ideais e da adequação da infraestrutura, presença de docentes e ato médico seguro nos campos de estágio com efetiva supervisão médica nem sempre são seguidas.

Os Conselhos de Medicina irão verificar o cumprimento da Resolução nº 2.434/2025 por meio da fiscalização dos campos de estágio curriculares, de forma programada ou por denúncia. Os fiscais médicos irão verificar instalações, documentos e informações pertinentes à prática supervisionada da medicina”, garante.

Constatado comprometimento das condições de infraestrutura, recursos humanos, responsabilidade técnica, segurança do paciente ou da supervisão médica adequados à prática médica, o Conselho Regional de Medicina (CRM) poderá determinar a interdição ética, total ou parcial, temporária ou definitiva das atividades médicas de ensino no campo de estágio irregular. Uma vez interditado, o campo de estágio deverá suspender imediatamente a participação acadêmica, que só poderá ser retomada após regularização e liberação do CRM responsável, que comunicará a interdição e o encaminhamento de providências acadêmicas e administrativas ao Ministério da Educação (MEC) e demais órgãos competentes.

O coordenador do curso de medicina, responsável técnico pelo campo de estágio, e a IES serão notificados das irregularidades, tendo prazo para apresentar defesa e promover as adequações necessárias. “Essa resolução atende uma velha demanda, principalmente em relação à criação de novos cursos de medicina. Dentro de 60 dias, os Conselhos de Medicina garantirão que o projeto pedagógico do curso seja cumprido em sua integralidade na parte prática”, assevera Cerci Neto.


Mesa 2 discute graduação e diretrizes curriculares da formação em medicina

A primeira mesa desta sexta-feira (1) debateu pontos fundamentais para a boa formação dos futuros médicos: diretrizes curriculares e a integração entre teoria e prática na graduação.

A discussão, moderada pelo conselheiro federal Diogo Leite Sampaio e secretariada pelo conselheiro federal Antônio Henriques de França Neto, foi iniciada por Elizabeth Guedes, relatora das diretrizes curriculares nacionais do Conselho Nacional de Educação (CNE). “O médico tem perdido sua identidade como líder, como coordenador da equipe multidisciplinar de saúde. É essencial que o médico saia da faculdade sabendo o que é o ato médico sem que precise recorrer à lei”, afirma.

Eduardo Jorge da Fonseca Lima, médico pediatra e conselheiro do CFM, expôs dados alarmantes. “Há uma dicotomia entre o que preveem normativas e legislação e o que de fato é praticado, principalmente no que se refere à atenção primária à saúde e atuação médica no SUS”, relata Lima. Ele ainda ressaltou a importância da boa formação de médicos especializados na saúde materna e infantil. “É preciso motivar os alunos, mostrar a eles que o Brasil precisa de uma população jovem saudável”.

A terceira palestra, proferida por Renato Soleiman Franco, professor adjunto da PUC-PR, abordou o tema “Avaliação por competências e simulação realística: garantindo a qualidade e a habilitação do médico graduado”. Franco destacou que a apresentação de casos e cenários hipotéticos são ferramenta valiosa para introduzir conceitos teóricos e simular experiências. “Na prática, o profissional irá se deparar com situações muito mais profundas, mas a simulação prévia mostra ao aluno suas lacunas de aprendizado e o prepara para o atendimento real”, destaca o professor. Ao final, o microfone foi aberto aos presentes para que pudessem participar de debate a respeito de todas as temáticas expostas.


Conferência internacional discute certificação médica e segurança da população

Como garantir que apenas médicos bem preparados tenham licença para exercer a medicina? Quais os padrões internacionais de qualidade e como garantir avaliações justas e eficazes? Essas foram algumas das questões centrais abordadas na conferência internacional “Certificação médica e segurança da população”, realizada na tarde desta quarta-feira (31/07), dentro da programação do XV Fórum Nacional de Ensino Médico, promovido pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), em sua sede, em Brasília. A atividade foi presidida pelo conselheiro federal Diogo Leite Sampaio e secretariada pelo conselheiro federal Alcindo Cerci Neto, coordenador da Comissão de Ensino Médico do CFM e responsável por este evento.

O convidado internacional foi o Humayun J. Chaudhry, CEO da Federation of State Medical Boards (FSMB), dos Estados Unidos, uma das entidades responsáveis por supervisionar e certificar a formação médica naquele país. Com vasta experiência acadêmica e institucional, Chaudhry apresentou um panorama completo do sistema norte-americano de licenciamento, baseado em avaliação padronizada e independente da atuação dos médicos.

Rigor – O conferencista explicou que o processo de certificação médica nos Estados Unidos se dá por meio de um exame nacional unificado — o USMLE (United States Medical Licensing Examination) — composto por três etapas obrigatórias para qualquer profissional que deseje atuar legalmente no país, independentemente de ter se formado dentro ou fora dos EUA.

“Acreditamos que deve haver um padrão para todos que desejam exercer a medicina. Não importa onde estudaram. A avaliação é essencial para garantir qualidade e segurança na prática médica”, afirmou Chaudhry. Segundo ele, 35% a 48% dos médicos licenciados atualmente nos EUA são formados em outros países.

O USMLE é construído em parceria entre a FSMB e o National Board of Medical Examiners. O exame combina questões de múltipla escolha e simulações digitais de casos clínicos, com foco em autenticidade, confiabilidade e aplicabilidade prática. “Nossa meta é que os estudantes e médicos tenham a oportunidade de demonstrar, com justiça, o que sabem e o que podem fazer”, destacou o palestrante.

Dados e resultados – Estudos citados pelo palestrante indicam que profissionais que obtêm boas pontuações nos exames de licenciamento têm menor incidência de ações disciplinares e melhor desempenho em indicadores de saúde, como morbidade e mortalidade de pacientes. “A avaliação faz a diferença. Ela impacta diretamente a qualidade do cuidado prestado à população”, reforçou.

Futuro – Chaudhry também compartilhou iniciativas recentes da FSMB, como a criação de mecanismos para acelerar a inserção de médicos estrangeiros já experientes, por meio de licenças provisórias sob supervisão. Além disso, destacou que a instituição estuda a aplicação de inteligência artificial para aprimorar os sistemas de avaliação médica.

Ao encerrar, reiterou a importância de processos avaliativos independentes e padronizados: “Mesmo escolas médicas renomadas como Harvard precisam que seus alunos passem pelo USMLE. Isso garante igualdade de critérios, sem interferências internas ou externas”.

A conferência foi seguida de perguntas do público e se somou ao conjunto de reflexões promovidas pelo Fórum, que discute os desafios e as oportunidades na formação dos futuros médicos brasileiros.


Infraestrutura, pesquisa e competências essenciais para o futuro da medicina

O Conselho Federal de Medicina (CFM) elevou as discussões do XV Fórum Nacional de Ensino Médico com a realização de mesa dedicada ao tema “Excelência na formação dos médicos”. O debate ocorreu na tarde desta quarta-feira (31), na sede da autarquia, em Brasília (DF), e reuniu especialistas de diferentes áreas da educação médica para refletir sobre os pilares fundamentais que sustentam uma formação de qualidade para os futuros profissionais da medicina no Brasil. A mesa foi moderada pelo conselheiro federal Eduardo Jorge da Fonseca Lima e teve como secretária a conselheira federal Maíra Pereira Dantas.

 

A professora Nara Vasconcelos Cavalcanti, professora da faculdade Albert Einstein, abriu a mesa com a palestra “Infraestrutura, cenários de prática supervisionada e tecnologias emergentes: pilares essenciais para a excelência na formação médica”. Nara destacou que a infraestrutura na formação médica vai além dos prédios e equipamentos. Ela defendeu uma visão ampliada, que envolve recursos humanos qualificados e ambientes de prática que respeitem a complexidade da jornada do paciente.

Nara também fez um alerta sobre o uso das tecnologias emergentes, como inteligência artificial, realidade virtual e simulação realística, ressaltando que “não se trata mais de uma escolha, mas de uma realidade irreversível”. Para ela, a adoção dessas ferramentas deve estar aliada ao pensamento crítico e à capacidade de raciocínio clínico dos estudantes. “Precisamos aprender a usar as tecnologias a nosso favor, sem perder o essencial: a relação com o paciente e a construção do conhecimento clínico”, afirmou.

Outro ponto central de sua fala foi a valorização da preceptoria, considerada “o coração da formação prática médica”. Ela reforçou que o preceptor precisa ser capacitado continuamente, ter tempo dedicado ao ensino e ser exemplo para os estudantes. “Não basta gostar de ensinar. É preciso formação contínua, empatia e capacidade de avaliação construtiva”, concluiu.

 

Pesquisa – Em seguida, a professora Lydia Masako Ferreira, titular emérita de Cirurgia Plástica da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) falou sobre “A pesquisa científica como ferramenta de transformação na formação médica”. Para Lydia, a pesquisa não é um complemento, mas parte fundamental do processo formativo. “Ensinar medicina sem pesquisa é ensinar a repetir. Ensinar com pesquisa é formar para transformar”, enfatizou.

Ela apresentou dados e experiências que demonstram como a iniciação científica contribui para o amadurecimento dos estudantes, desenvolvendo habilidades metodológicas, pensamento crítico, foco e identidade profissional. Lydia também destacou que alunos que participam de projetos de pesquisa têm mais chances de ingressar e concluir com sucesso programas de mestrado e doutorado.

“Sem pesquisa, haverá um vácuo na prática clínica do futuro médico. É pela pesquisa que o profissional se torna capaz de interpretar evidências científicas e tomar decisões adequadas para cada paciente”, afirmou.

 

Competências humanas – Encerrando a mesa, a professora Eliana Martorano Amaral, professora da Unicamp, abordou o tema “Comunicação efetiva, liderança médica e trabalho interprofissional”. Com ampla experiência nacional e internacional em educação médica, Eliana ressaltou que a formação de um médico exige mais do que conhecimento técnico: requer o desenvolvimento de valores, identidade profissional e habilidades interpessoais.

Segundo ela, competências como empatia, comunicação não violenta e liderança colaborativa devem ser ensinadas e vivenciadas ao longo do curso. “A educação médica é um bem público e, como tal, precisa formar profissionais comprometidos com a sociedade. Comunicação e trabalho em equipe são indispensáveis para um cuidado integral e humanizado”, pontuou.

Eliana também alertou para os desafios da supervisão prática em contextos com grandes turmas e poucos docentes: “Supervisionar não é acompanhar dez alunos ao mesmo tempo. Isso precisa ser repensado. É essencial garantir a proximidade com o aluno e o feedback contínuo”.

Compromisso com o futuro – A primeira mesa do XV Fórum Nacional de Ensino Médico revelou um consenso entre os especialistas: excelência na formação médica depende de investimentos em infraestrutura, valorização da pesquisa e promoção de competências técnicas e humanas. O CFM reforça seu compromisso com o aprimoramento contínuo do ensino médico no Brasil, oferecendo espaços de diálogo e reflexão como o Fórum Nacional, que se consolida como referência nesse debate.

Fonte: Portal CFM, em 01.08.2025.