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Notícias ENS, em 13.06.2025

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Conexão Futuro Seguro: lideranças debateram desafios do setor

O maior evento on-line do mercado brasileiro de seguros, o “Conexão Futuro Seguro 2025” (CFS), foi realizado na última quarta-feira, 11 de junho, em formato híbrido. Organizada pela Escola de Negócios e Seguros (ENS) e pela Federação Nacional dos Corretores de Seguros (Fenacor), a iniciativa teve mais de 4,5 mil inscritos para participação remota, e outros 100 convidados que lotaram o auditório da ENS em São Paulo (SP).

Primeira grande atração do CFS, o painel “Connection Talk” reuniu seis lideranças do setor para discutir temas atuais e relevantes da indústria: o superintendente da Susep, Alessandro Octaviani; o presidente da Fenacor, Armando Vergilio; o presidente da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), Dyogo Oliveira; o presidente do Sincor-SP, Boris Ber, que mediou o painel; o presidente da Capemisa, Jorge Andrade; e o diretor executivo de Produtos Massificados da Tokio Marine, Marcelo Goldman.

Da esq. p/ dir.: Marcelo Goldman, Boris Ber, Alessandro Octaviani, Dyogo Oliveira,
Armando Vergilio, Lucas Vergilio, Jorge Andrade / Fotos: Fernando Gonçalves (Comunicação ENS)

Pilares estratégicos para crescimento

Abrindo o debate, Alessandro Octaviani destacou que o seguro é um instrumento de proteção socioeconômica essencial, especialmente diante de catástrofes climáticas, como a que aconteceu no ano passado, no Rio Grande do Sul.

Segundo o líder da autarquia, a ampliação da penetração do seguro no Brasil passa por dois pilares estratégicos: o fortalecimento da confiança nos produtos e o aumento da oferta de coberturas. “Não compramos um produto que não conhecemos ou entendemos”, alertou. Nesse sentido, Octaviani lembrou a importância da nova Lei 15.040/2024, que regulamenta os contratos de seguros e visa tornar as regras mais claras e acessíveis para o consumidor.

Para viabilizar o segundo pilar, o superintendente da Susep defende o aumento do número de players no mercado. “O Sandbox regulatório tem permitido a entrada de novos atores e produtos mais inovadores. E com a aprovação da Lei Complementar 213/2025, que reconhece e regula cooperativas e associações de proteção patrimonial mutualista, teremos cerca de 3 mil associações que poderão se cadastrar na Susep e se adaptar às novas regras”, pontuou.

Alessandro Octaviani

Seguro fácil de entender

O presidente da CNseg, Dyogo Oliveira foi enfático em sua primeira fala, ao afirmar que o maior desafio do setor é crescer. “Embora as seguradoras estejam investindo cerca de R$ 22 bilhões em inovação, o mercado enfrenta barreiras, principalmente na forma de se comunicar com a população. As pessoas não compram o que não entendem”, declarou, citando pesquisa da CNseg, que revelou que 77% dos entrevistados confiam nos produtos de seguros, mas 67% têm pouco ou nenhum conhecimento sobre o tema. “Apenas 15% dos respondentes sabiam o que é o prêmio do seguro”.

Oliveira reforçou o papel dos corretores como principais canais de distribuição e defendeu uma linguagem mais acessível ao público. Para ele, transformar a forma como o seguro é apresentado é essencial para difundir o produto no cotidiano dos brasileiros.

O executivo aproveitou a oportunidade para fazer um balanço do Plano de Desenvolvimento do Mercado de Seguros (PDMS), que, de um total de 77 iniciativas, já tem 35 em andamento ou concluídas. Apesar dos avanços, ele alertou que ainda há entraves legislativos e falta de percepção, por parte de agentes públicos, da importância estratégica da indústria. “Quando vejo que 100% da infraestrutura brasileira e 95% da área plantada não têm seguro, percebo o tamanho do desafio que temos pela frente”, concluiu.

Dyogo Oliveira

Indústria nobre com potencial de expansão

Na visão de Jorge Andrade, presidente da Capemisa, o mercado de seguros ainda tem um enorme potencial de crescimento. “Temos no máximo 20% da nossa população segurada. Existe um mar azul a ser explorado, mas isso só será possível com um trabalho conjunto de todos os atores do setor”, afirmou.

Representando a Tokio Marine, Marcelo Goldman destacou o papel social e a resiliência do seguro. “Durante a pandemia da Covid-19, mesmo com cláusulas de exclusão, o mercado agiu com responsabilidade e pagou mais de R$ 7 bilhões em indenizações. É uma indústria bonita, que ajuda as pessoas na hora da maior dificuldade”, lembrou.

Goldman também apontou o potencial de expansão de ramos como o de Automóveis, que não ultrapassa 30% de penetração, e Cibernético, cada vez mais relevante diante do aumento das ameaças digitais. “Isso reforça a meta do PDMS de elevar o setor a 10% do PIB. Nosso mercado é pujante. Tenho plena confiança no crescimento nos próximos anos”, concluiu.

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Novo cenário regulatório

Encerrando o painel, o presidente da Fenacor, Armando Vergilio, celebrou o alcance do Conexão Futuro Seguro, que reuniu mais de 36 mil profissionais de seguros desde a primeira edição. O líder dos corretores de seguros enfatizou o caráter formativo e dinâmico do evento, e agradeceu as equipes da Fenacor e da ENS pela organização de mais um CFS de grande êxito.

Vergilio elogiou a gestão de Octaviani na Susep, destacando a postura de diálogo com o mercado, e aproveitou para explicar nuances da Lei Complementar 213/2025, que regulamenta a atuação das cooperativas e das associações de proteção patrimonial mutualista. “Cooperativas de seguros são empresas estruturadas e com capital elevado. Já as associações, antes sem regulação, agora precisam se cadastrar até 16 de julho. Quem não estiver regular estará fora do mercado”, alertou.

Para o anfitrião do CFS, a lei cria um segmento promissor, aberto aos corretores de seguros que queiram atuar nesse nicho. “É um mercado diferente e será tratado de forma diferente. Cabe aos corretores buscar conhecimento e se posicionar diante dessa nova oportunidade”, finalizou.

Armando Vergilio


CFS 2025: painel abordou atuação moderna do corretor

O segundo painel do Conexão Futuro Seguro 2025 reuniu três professores da Escola de Negócios e Seguros (ENS): Samy Hazan, Ildebrando Neres e Ricardo Villaça. Os docentes exploraram, sob mediação do presidente da ENS, Lucas Vergilio, o tema “Corretor como Protagonista em Soluções e Inovações”.

Da esq. p/ dir.: Ricardo Villaça, Ildebrando Neres, Lucas Vergilio e Samy Hazan / Fotos: Douglas Asarian

Sinergia com finanças

Ao abrir as atividades, Lucas Vergilio questionou a possibilidade de atuação dos corretores de seguros também no setor de investimentos. Para Ildebrando Neres, que é corretor e assessor de investimentos, o planejamento financeiro integra a rotina desses dois profissionais, o que reforça a sinergia entre as atividades.

Segundo Neres, a capacitação é o caminho para ampliar o escopo de atuação, fortalecer o know-how e conquistar a confiança do cliente. “Dominar produtos como Tesouro Direto, fundos de investimento, PGBL e VGBL permite ao corretor agregar valor à sua oferta e se destacar no mercado”, explicou.

O docente ressaltou que certificações específicas, como a de assessor de investimentos da ENS, abrem portas para atuar com produtos regulados pela CVM. “Trata-se de reforçar a estratégia do negócio, blindar a carteira de clientes e desenvolver um networking de alto nível”, concluiu.

Ildebrando Neres

IA como aliada

Outro tema debatido foi o uso da inteligência artificial no dia a dia dos corretores de seguros. De acordo com Ricardo Villaça, no Brasil, o uso da IA ainda é tímido e, muitas vezes, mal direcionado.

“A IA é uma ferramenta, não um fim. Nenhuma tecnologia conhece o cliente como o corretor conhece. O diferencial está na forma como ela é utilizada para potencializar a entrega de valor, oferecendo experiências hiper personalizadas, com as melhores coberturas e indenizações”, explicou.

Para Villaça, é fundamental que corretores e empresas incorporem a IA à estratégia do negócio como aliada para ampliar vendas e qualificar o atendimento.

Ricardo Villaça

Inovação aberta a serviço do cliente

O painel foi concluído com a análise do conceito de inovação aberta e desdobramentos na atuação dos corretores. Especialista no assunto, Samy Hazan defendeu que os corretores precisam acompanhar as transformações tecnológicas e os novos comportamentos de consumo.

Hazan citou a teoria da evolução de Darwin como metáfora para o atual momento do setor. “Não sobrevive o mais forte, mas quem melhor se adapta”. O professor destacou a importância da atuação omnicanal, da presença digital integrada e da busca constante por qualificação. “O corretor deve estar inserido nessa lógica digital, mas sem abrir mão do papel consultivo, ajudando o cliente a prevenir e mitigar riscos com soluções personalizadas”.

Samy Hazan

Ao encerrar, Lucas Vergilio reforçou que a ENS está preparada para apoiar os profissionais nesse processo de transformação. “O corretor que conciliar sua atividade com o uso de tecnologias terá mais tempo e mais recursos para fortalecer o relacionamento com o cliente. Esse é o corretor dos novos tempos, moderno e protagonista”.

Lucas Vergilio

Fonte: ENS, em 13.06.2025.