Conheça os artigos vencedores do Prêmio Melhores Trabalhos para Discussão de 2023
Na categoria Economia, o trabalho buscou construir ferramentas que indicassem o início de uma recessão. Em Finanças e Economia Bancária, os autores estudaram os efeitos de uma larga intervenção estatal feita por meio do aumento de crédito no Banco do Brasil e na Caixa Econômica Federal.
O Prêmio Melhores Trabalhos para Discussão de 2023 foi entregue em cerimônia durante a Conferência Anual do Banco Central. A premiação existe desde 2016 e tem como propósito estimular a participação dos servidores e reconhecer a qualidade na produção de trabalhos técnicos nas áreas de atuação do Banco Central.
Na categoria Economia, o vencedor foi o paper Predicting Recessions in (almost) Real Time in a Big-data Setting, em que os autores tentam construir novas ferramentas estatísticas que possam indicar o início de uma recessão da economia em tempo real, ou logo após seu início. Autores: Alexandre Bonnet Costa, Pedro Cavalcanti Ferreira, Wagner Piazza Gaglianone, Osmani Teixeira Guillén, João Victor Issler e Artur Brasil Fialho Rodrigues.
"A construção de modelos estatísticos para prever recessões numa economia é uma tarefa complexa, porém de extrema importância. Tais modelos permitem que agentes econômicos e formuladores de políticas se preparem adequadamente, tomando medidas para mitigar os impactos negativos de uma retração econômica, como aumento do desemprego e redução da renda, entre outras consequências significativas", destacou Wagner Piazza Gaglianone, assessor pleno do Departamento de Estudos e Pesquisas (Depep) do BC.
Já na categoria Finanças e Economia Bancária, o trabalho Government Banks and Interventions in Credit Markets foi o vencedor. Os autores buscaram estudar uma intervenção estatal em larga escala no Brasil com o uso dos dois bancos comerciais controlados pelo governo federal: o Banco do Brasil (BB) e a Caixa Econômica Federal (CEF). Autores: Gustavo Joaquim, Felipe Netto e José Renato Ornelas.
"Primeiro, mostramos que, em resposta ao aumento do crédito de capital de giro pela CEF e pelo BB, os bancos privados reduziram as taxas de juros de seus empréstimos. Em segundo lugar, acontece o aumento do endividamento das empresas que tomam empréstimos de bancos públicos em relação às empresas que tomam empréstimos de bancos privados. Terceiro, os bancos públicos sofrem uma deterioração na qualidade da carteira de crédito, com inadimplência de um ponto percentual acima dos bancos privados. Além disso, essas diferenças de inadimplência estão concentradas nas empresas que já possuíam dívidas com bancos estatais”, constatou Ornelas, Assessor Pleno no Depep.
O trabalho também mostrou que houve efeitos modestos no nível de emprego e de produção no país com a intervenção estatal estudada pelos autores.
Visite a página do prêmio aqui. Para saber mais sobre os Trabalhos em Discussão do BC, acesse aqui.
Relatório de Pesquisa em Economia e Finanças (RPEF)
A edição do RPEF de 2023 mostra que foram dezesseis artigos publicados no principal veículo de divulgação da pesquisa do BC, a série Trabalhos para Discussão. Além disso, em termos de publicações externas, destacam-se os artigos de servidores do BC nas revistas European Journal of Operational Research, Journal of Financial Intermediation e Journal of Banking and Finance.
Do total de 51 autores dos trabalhos para discussão, 35% são servidores do Depep, 29% são de outras unidades do BC, 18% são de universidades brasileiras, 6% são de universidades estrangeiras e 12% de outras instituições.
As áreas temáticas mais recorrentes foram Macroeconomia e Economia Monetária, com onze trabalhos; Finanças e Economia Bancária, com oito; e Métodos Matemáticos e Quantitativos, com sete.
Ao longo do ano, também foram realizadas 23 apresentações de seminários acadêmicos organizados pelo Depep com a participação de servidores do Depep e de outras unidades do BC, de pesquisadores de universidades brasileiras e estrangeiras, além de outras instituições de pesquisa.
Acesse a página do REPF aqui.
BC divulga estudo sobre envio e recebimento de dinheiro do exterior
Custos do envio têm caído, atingindo seu nível mais baixo em 2023. Trabalho é um dos boxes do Relatório de Economia Bancária (REB), que será publicado no dia 6/6.
O Banco Central começou a publicar nesta terça-feira (28) os boxes da próxima edição do Relatório de Economia Bancária (REB), que será divulgado em 6 de junho.
O boxe publicado hoje (28) trata das remittances, que são transferências de recursos feitas por imigrantes no exterior para seus familiares que estão em seus países de origem. Os dados revelam que, no Brasil, os custos dessa operação têm caído.
A modernização da legislação cambial, associada a medidas tomadas pela comunidade internacional, contribuiu para a redução das despesas desse tipo de operação, revela o boxe.
De acordo com o estudo, que avaliou os custos dessas operações no período de 2021 a 2023, o maior custo para as remessas para o exterior foi praticado no último trimestre de 2021, caindo depois até meados de 2022 e apresentando nova queda no segundo semestre de 2023, terminando o último trimestre de 2023 em 5,6% do valor da operação. Já nos ingressos no país, as variações nos custos médios são menores, com pico de 3,3% no terceiro trimestre de 2022, mas encerrando os dois últimos trimestre de 2023 com os níveis mais baixos do histórico, de 2,9%.
Agenda BC#
Segundo o trabalho, parte dessa redução está associada às iniciativas de modernização da regulação cambial, em especial a Lei nº 14.286, de 30 de dezembro de 2021, e sua posterior regulamentação, como parte das inovações de modernização da legislação cambial feitas nos últimos anos pelo Banco Central no âmbito da Agenda BC# (dimensão Inclusão).
Importante fonte de renda
O boxe destaca a importância social da diminuição do custo das remittances, uma vez que essas transferências ou remessas são uma fonte de renda para milhões de famílias e um importante instrumento no combate à pobreza, especialmente nos países emergentes.
Inovação
Segundo o trabalho, o uso crescente de novos modelos de negócio para a realização de remittances, além da aplicação de novas tecnologias, constitui um passo importante para facilitar o uso de canais formais de remessas pelos imigrantes internacionais.
Essas ferramentas, em especial o envio de recursos por meio digitais, facilitam o acesso a serviços de transferências pessoais tanto para quem envia quanto para quem recebe os recursos, além de diminuir os custos e serem mais eficientes.
Números
Impactadas negativamente pela pandemia, as transferências do Brasil para o exterior têm se recuperado. Elas diminuíram de US$2.093 milhões em 2019 para US$1.471 milhões em 2020 e para US$1.599 milhões, em 2021. A partir de 2022, as remessas retomaram a trajetória ascendente, alcançando US$2.140 milhões em 2023.
Já as transferências do exterior para o Brasil registraram crescimento consistente, inclusive durante a pandemia. Entre 2018 e 2023, as transferências do exterior passaram de US$2.565 milhões para US$3.997 milhões, com um pico de US$4.712 milhões em 2022.
Segundo o boxe, o crescimento expressivo registrado entre 2020 e 2022 pode estar ligado a dois fatores principais: o de que os migrantes brasileiros podem ter sentido maior necessidade de fornecer suporte financeiro aos seus familiares no Brasil durante a pandemia; e o de que as restrições de mobilidade podem ter feito com que o envio de pagamentos digitais se tornasse a única opção para as remittances.
Origens e destinos
Em 2023, os Estados Unidos lideraram o ranking das remessas recebidas pelo Brasil: foram responsáveis por 51,2% delas, o que equivale a pouco mais de US$ 2 bilhões. Os EUA também foram o principal destino das remessas enviadas do Brasil: 22,7%, ou seja, US$487 milhões.
A segunda colocação é de Portugal, que recebeu 17,2% das remessas enviadas pelo Brasil e enviou 7,33% das recebidas pelo Brasil.
O terceiro lugar é do Reino Unido, com 6,4% dos ingressos e 6,9% das remessas.
Leia a íntegra do boxe aqui. O lançamento do REB acontece no próximo dia 6 de junho.
Fonte: BCB, em 28.05.2024.