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Notícias BCB, em 13.09.2023

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Drex: em 50 dias, 500 operações já foram conduzidas com sucesso e 11 instituições operam na rede

Participantes do Piloto Drex começaram a ser incorporados à plataforma no fim de julho. De lá para cá, vários tipos de operações têm sido simuladas, tanto no atacado quanto no varejo

A primeira emissão de títulos públicos federais na plataforma Drex para fins de simulação foi realizada nessa segunda-feira (11/9). Cada um dos participantes já habilitados recebeu uma cota da versão para simulação dos títulos públicos e, a partir de então, podem iniciar também a simulação de procedimentos de compra e venda desses títulos entre eles e entres clientes simulados.

As instituições participantes do Piloto Drex começaram a ser incorporadas à plataforma no fim de julho e, dos 16 grupos selecionados, a iniciativa já conta com 11 nós (pontos de operação) de instituições em funcionamento na rede. Vários tipos de operações têm sido simuladas tanto no atacado quanto no varejo – como criação de carteiras, emissão e destruição de Drex e transferências simuladas entre bancos e entre clientes. Todos os participantes conectados já realizaram ao menos alguns desses tipos de transações, sendo que cerca de 500 operações foram conduzidas com sucesso.

Prevê-se a operação da primeira fase do Piloto até meados de 2024, com o desenvolvimento ainda de outras facilidades na fase seguinte, que permitirão ao Banco Central (BC) avaliar o desempenho da plataforma ao final.

“O potencial para afetar o cotidiano do brasileiro é muito grande. Da mesma forma que o Pix democratizou o acesso a serviços de pagamentos, o Drex está sendo desenvolvido para democratizar o acesso a serviços financeiros, como crédito, investimento e seguros”, afirma Fabio Araujo, coordenador do projeto do Drex no BC.

Na prática a cada semana um tipo novo de operação vem sendo realizado pelas instituições participantes. É o que explica Fabio. “As operações que estão sendo disponibilizadas para teste na rede são referentes a criação de carteiras para os participantes, que operam com Drex de atacado, e criação de carteiras para clientes finais, que operam com Drex de varejo. Além da criação de carteiras, os participantes já começaram a realizar operações de transferência, que podem ser diretamente entre participantes, entre um participante e seu clientes, entre clientes de um mesmo participante e até mesmo entre clientes de diferentes participantes”, afirma.

Todas essas transações são apenas simuladas e se destinam ao teste de infraestrutura básica do Drex, que ainda não conta com a soluções de proteção à privacidade que serão testadas ao longo do Piloto Drex.

Tendência é crescer

As instituições participantes estão engajadas nos testes e na implantação de suas partes da plataforma, buscando elaborar sistemas compatíveis com a base disponibilizada. “Para que os testes possam prosseguir para fase de soluções de privacidade, é necessário que os participantes tenham familiaridade com as operações básicas da plataforma Drex”, comenta Rogério Lucca, chefe do Departamento de Operações Bancárias e de Sistema de Pagamentos (Deban) do BC.

“É importante ressaltar que essas são as primeiras operações de um sistema complexo e que a tendência é o número de operações cresça de forma acelerada uma vez que os primeiros testes de cada participante sejam realizados. O alto engajamento é mais um sinal do potencial que os participantes enxergam na plataforma para o desenvolvimento e a oferta futura de soluções inovadoras”, completa.

Drex

Projeto de moeda digital de banco central (em inglês, Central Bank Digital Currency – CBDC), em criação pelo Banco Central, o Drex propiciará um ambiente seguro e regulado para a geração de novos negócios e o acesso mais democrático aos benefícios da digitalização da economia a cidadãos e empreendedores.

O Drex é uma nova representação do real, o dinheiro do nosso dia a dia. Essa nova representação será feita em uma plataforma com tecnologias que permitem a prestação de serviços financeiros de forma eficiente e democrática.


Cooperativismo de crédito cresce a passos largos no Brasil

Setor foi o assunto da Live BC#15, realizada nesta segunda-feira (11). Brasil conta hoje com cerca de 800 cooperativas de crédito. Banco Central atua como regulador do segmento.

O canal do Banco Central no YouTube transmitiu no início da tarde desta segunda-feira (11) a Live BC#15. O tema foi cooperativismo de crédito. Para quem não conseguiu acompanhar o programa, a Conexão Real traz os principais assuntos debatidos pelo Chefe do Departamento de Supervisão de Cooperativas e Instituições Não Bancárias (Desuc) do BC, Harold Espínola.

Supervisionadas pelo Banco Central, as cooperativas de crédito são instituições financeiras formadas pela associação de pessoas para prestar serviços financeiros aos seus associados. Os cooperados são ao mesmo tempo donos e usuários da cooperativa, participando de sua gestão e usufruindo de seus produtos e serviços.

Nas cooperativas de crédito, os associados encontram os principais serviços disponíveis nos bancos, como conta-corrente, aplicações financeiras, cartão de crédito, empréstimos e financiamentos. Os associados têm poder igual de voto, independentemente da sua cota de participação no capital social da cooperativa.

Por meio da cooperativa de crédito, o cidadão tem a oportunidade de obter atendimento personalizado para suas necessidades. O eventual resultado financeiro positivo da cooperativa é conhecido como sobra e é repartido entre os cooperados, na proporção das operações que cada um deles realiza com a cooperativa. Assim, os ganhos voltam para os próprios cooperados e os recursos permanecem na comunidade.

História

Uma cooperativa é uma sociedade de pessoas. Ela nasceu em 1844, na Inglaterra, da necessidade de enfrentar condições difíceis na época da revolução industrial. Os cooperados de então compravam e vendiam produtos, era uma cooperativa de consumo. As cooperativas de crédito surgiram logo depois.

No Brasil, as cooperativas surgem em 1902, em Nova Petrópolis, no Rio Grande do Sul. Seu idealizador foi o padre suíço Amstad. A primeira cooperativa, inclusive, existe até hoje, já tem quase 122 anos e é a instituição financeira privada mais antiga do país.

“Hoje, temos 823 cooperativas de crédito e 2 bancos cooperativos no país. As cooperativas oferecem produtos e serviços financeiros aos cooperados da mesma forma que um banco. A diferença é que, além de não ter por finalidade a geração de lucros, o modelo de negócios da cooperativa é de uma sociedade de pessoas, ela pertence aos seus usuários.”, disse Harold Espínola, Chefe do Departamento de Supervisão de Cooperativas e Instituições Não Bancárias (Desuc) do BC.

Números impressionantes

Durante a live, ele citou os impressionantes números do cooperativismo no Brasil, ao final de 2022:

  • Ativos – R$ 590 bilhões, crescimento de 29% no ano;
  • Crédito – R$ 383 bilhões, crescimento de 22%(superior à média de crescimento do restante do SFN,de 6,5%);
  • Depósitos – R$ 358 bilhões, crescimento de 30% ano (contra 7%, em média, do restante do SFN);
  • Agencias – 9.122 mil;
  • Cooperados – cerca de 16 milhões.

“O setor tem crescido a taxas superiores do Sistema Financeiro Nacional (SFN). O BC dá espaço e apoia o cooperativismo, que caminha com as próprias pernas”, disse o chefe do Desuc.

Inclusão

As cooperativas estão presentes em muitos municípios que não têm bancos: cerca de 300 deles, em 2022, tinham apenas cooperativas de crédito.

Segundo Espínola, as cooperativas possuem ligação com uma série de ações da Agenda BC#, como aumento da competitividade, inclusão e cidadania financeira e sustentabilidade.

Diretrizes

Adesão livre e voluntária, Gestão democrática, Participação econômica, Autonomia e Independência, Educação, formação e informação, Intercooperação e Interesse pela Comunidade são os sete princípios do cooperativismo.

O cooperado é o usuário e o dono do negócio ao mesmo tempo, explicou Espínola. “A cooperativa é uma sociedade sem fins lucrativos. Ao final do exercício, se apuram sobras, não lucro. O que sobrar é devolvido aos cooperados. Eles deliberam em assembleia que destinação terá essa sobra. Quanto mais eu uso a cooperativa, mas eu vou receber desse bolo que sobrar. Esse dinheiro gera crescimento e riqueza nas comunidades e melhora a vida das pessoas”, explicou o chefe do Desuc do Banco Central. Em caso deperdas, elas podem ser absorvidas por sobras de outros exercícios ou pode haver um rateio entre os cooperados.

Também há o Fundo Garantidor do Cooperativismo de Crédito (FGCoop), que, caso preciso, pode ser acionado. Criado em 2014, o FGCoop garante os depósitos à vista, de poupança, depósitos a prazo, letras de câmbio, letras hipotecárias e letras de crédito imobiliário dos cooperados. Clique aqui para saber detalhes de como funciona o dispositivo.

Referência

Espínola contou que o cooperativismo de crédito brasileiro hoje, por conta da atuação do BC e de todo o arcabouço normativo, é uma referência internacional sobre o assunto.

Merecem destaque também, de acordo com ele, França (com 70% do seu sistema financeiro dentro do cooperativismo), Itália, Alemanha e Canadá.

No site do Banco Central, há uma página especial sobre o cooperativismo de crédito. Acesse aqui.

Fonte: BCB, em 13.09.2023.