Delegação internacional avalia as práticas e políticas regulatórias do Brasil
Representante do FSB estão no país para conversar também com instituições e reguladores do mercado de capitais
Na última quarta-feira (10), recebemos uma delegação do FSB (Financial Stability Board), organização internacional que promove a coordenação e cooperação entre autoridades financeiras e reguladores, com foco na avaliação da estabilidade financeira. Composta por sete representantes de diferentes países, até amanhã (12), a delegação também vai conversar com instituições do mercado e reguladores, com objetivo de avaliar as práticas e políticas regulatórias do Brasil em relação aos padrões internacionais, focado nos fundos de investimento – um processo chamado de Peer Review. A reunião com a ANBIMA teve quatro principais tópicos: a atuação da associação, os convênios existentes com a CVM, o relacionamento com reguladores internacionais e possíveis vulnerabilidades da indústria.
O FSB demonstrou interesse em entender como a ANBIMA organiza suas atividades de autorregulação, conciliando as funções de representação e supervisão do mercado, conta o nosso diretor-executivo, Zeca Doherty. “Temos uma governança única no mundo. Foi uma oportunidade para compartilharmos todo trabalho da Associação e nossa forma de atuação, explorando em detalhes nossa autorregulação, iniciando nos processos da representação – elaboração, aprovação e divulgação das regras –, até o dia a dia da supervisão das regras”. Esclarecemos também que as multas aplicadas às instituições que seguem voluntariamente nossos códigos de boas práticas são 100% revertidas para iniciativas educacionais.
A relação da ANBIMA com a CVM – Comissão de Valores Mobiliários também foi abordada no encontro, especialmente no que se refere aos convênios de fundos. “Explicamos como o convênio funciona na prática e reforçamos que não há uma delegação de competências do regulador, mas sim um aproveitamento de informações da Associação, e que temos regras próprias que vão além dos convênios”, conta Zeca Doherty.
Sobre o relacionamento da ANBIMA com reguladores internacionais, um destaque foi a ampla atuação da Associação na Iosco (International Organization of Securities Commissions), da qual somos membros desde 2005. “Essa representatividade internacional é chave para o trabalho da Associação e buscamos sempre contribuir, inclusive em consultas públicas que façam sentido nosso posicionamento”, conta Zeca.
+ FSB e Iosco flexibilizam recomendações de uso de ferramentas de gestão de liquidez
Sobre possíveis vulnerabilidades da indústria, a conversa se restringiu a dois tópicos: liquidez e alavancagem. “Reforçamos que seguimos uma abordagem preventiva e que considera uma análise dos ativos e passivos do fundo, buscando evitar que os fundos precisem usar as ferramentas de liquidez, como side pockets ou gates, em momentos de crise.”
+ Acesse gratuitamente a matriz de probabilidade de resgates
Por fim, explicamos que a autorregulação não prevê regras específicas sobre alavancagem, mas que atendendo as recomendações realizadas pelo FSB em 2017, a CVM incluiu em sua nova regra de fundos métricas específicas baseadas em margem.
A expectativa é que, ao final da missão, o FSB emita um reporte com o resultado de sua avaliação e possíveis recomendações, a exemplo do que ocorreu em 2017, quando foi realizada a última rodada avaliação do Brasil.
Confira as certificações indicadas para cada tipo de influenciador de finanças
Associação incentiva os finfluencers a buscarem capacitação para oferecer conteúdo de mais qualidade para seguidores
Criamos um manual para sugerir certificações disponíveis no mercado para que influenciadores possam aprimorar seus conhecimentos. O Tá na Rede: manual ANBIMA de melhores práticas para finfluencers, lançado recentemente pela Associação, também reúne indicações de outros conteúdos educacionais, que podem contribuir com o aperfeiçoamento desses profissionais.
"Os influenciadores sabem da importância das certificações, afinal elas são uma forma de distinção. Mas nem todos os finfluencers têm a clareza de qual habilitação devem ter para o tipo de conteúdo que produzem. O Tá na Rede resolve esse gap, indicando as certificações recomendadas para cada atividade”, diz Amanda Brum, nossa gerente-executiva de Comunicação Marketing e Relacionamento com Associados.
As certificações atestam a qualificação de profissionais que atuam no mercado financeiro e podem ser mais ou menos complexas a depender da atividade exercida. Para os influenciadores de finanças, especificamente, as certificações são indicadas com base no conteúdo que publicam e em como se apresentam aos seguidores. O manual considera produtores de conteúdo, investidores independentes, traders, analistas e assessores de investimento – categorias que representam cerca de 70% do universo de finfluencers no país.
Aos produtores de conteúdos e investidores independentes, que não têm as atividades reguladas, recomendamos, no mínimo, a CPA-20 (Certificação Profissional ANBIMA Série 20), exigida para profissionais que atuam com distribuição de produtos em agências bancárias, e plataformas de atendimento para segmentos de alta renda.
Mas o ideal é os produtores de conteúdo possuam habilitações como a CEA (Certificação ANBIMA de Especialistas em Investimento), que os habilita a atuar como especialistas financeiros, ou o CNPI (Certificado Nacional do Profissional de Investimento), emitido pela Apimec (Associação dos Analistas e Profissionais de Investimentos do Mercado de Capitais do Brasil), para que possam fazer análises. Essas atividades só podem ser realizadas por profissionais que possuam essas certificações. Outra sugestão da ANBIMA é a CFP (Certified Financial Planner) da Planejar (Associação Brasileira de Planejamento Financeiro), indicada para os planejadores financeiros.
Aos traders, a indicação mínima é o PQO (Programa de Qualificação Operacional), certificação da B3 em parceria com a Ancord (Associação Nacional das Corretoras de Valores). Ela é indicada para profissionais das áreas de operações, compliance, risco, back office, comercial, custódia, liquidação e cadastro de clientes.
Já os influenciadores que atuam como analistas e os assessores de investimentos, que têm suas atividades reguladas pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários), respectivamente, devem ter obrigatoriamente a CNPI e a AI (Assessor de Investimento), da Ancord. Para complementar a capacitação, as indicações ideais para estes últimos são a CEA e CFP.
Listamos ainda uma série de outras certificações para que influenciadores se aperfeiçoem em uma área de conhecimento especifico, como a Caia, da CAIA Association, uma habilitação internacional voltada para os profissionais que atuam com investimentos alternativos, como fundos imobiliários, produtos estruturados e derivativos, entre outros; a CFG (Certificação ANBIMA de Fundamentos em Gestão), para quem tem interesse em atuar no segmento de gestão de recursos de terceiros; a CGA (Certificação de Gestores ANBIMA), que permite a gestão de recursos em fundos de renda fixa, ações, cambiais, multimercados, carteiras administradas e ETFs (Exchange Traded Funds); e também a CGE(Certificação de Gestores ANBIMA para Fundos Estruturados), voltada para quem quer gerir FIDCs (Fundos de Investimento em Direitos Creditórios), fundos imobiliários, FIPs (Fundos de Investimento em Participações) e ETFs.
“Não estamos exigindo que esses influenciadores tirem certificações e nem criando uma certificação específica para eles. Recomendamos as que já existem para determinados tipos de finfluencers", afirma Amanda Brum. "É importante observar que as empresas que contratam finfluencers passam a exigir cada vez mais que seus parceiros tenham essas qualificações. Afinal as instituições estão submetidas às regras do mercado e podem ser punidas em caso de descumprimento”, completa a executiva.
Além disso, o manual indica cursos gratuitos da ANBIMA e de outras entidades, como a B3 e a CVM, com temas que vão desde os fundamentos da economia até investimentos ESG (fatores ambientais, sociais e de governança), que também podem contribuir para a formação profissional dos influenciadores.
Tá na Rede
Criado em parceria com o Think Tank de Comunicação e Marketing da ANBIMA, que reúne os responsáveis por essas áreas em instituições associadas, o Tá na Rede é gratuito e online e atende a uma demanda dos próprios influenciadores, que pediram mais clareza em relação às regras de publicidade no setor financeiro. O manual consolida em um único lugar, em uma linguagem didática, a regulação da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), e as autorregulações da ANBIMA e da BSM, que supervisiona os participantes da B3.
“As instituições também nos pediram um manual que pudessem compartilhar com os seus parceiros na divulgação de produtos e serviços. Com a publicação desse material, a gente atendeu a duas demandas do nosso ecossistema, além de beneficiar o investidor. Afinal, a circulação de informação confiável e de qualidade sobre investimentos o torna mais preparado para identificar eventuais golpes e conflitos de interesse”, explica Brum.
Vai Fundo: multimercados enfrentam tempestade perfeita
Episódio discute a combinação de fatores que tem feito esses fundos atravessarem um dos momentos mais desafiadores de sua história
As dificuldades enfrentadas pelos fundos multimercados é o tema do mais recente episódio do podcast Vai Fundo. No primeiro semestre de 2024, eles registraram captação líquida negativa de R$ 81 bilhões, ante retiradas de R$ 52,4 bilhões no mesmo período de 2023.
Para destrinchar os fatores que explicam esse cenário, Soraia Barros, nossa gerente-executiva, conversou com Sara Delfim, sócia-fundadora da Dahlia Capital, e Rodrigo Natali, CIO da Skopos Investimentos. Na conversa, os convidados destacaram o desafio dos gestores de lerem corretamente o cenário macroeconômico, tanto no âmbito doméstico como internacional, para fazerem suas alocações. "Os últimos dois anos foram marcados por muita volatilidade por causa das dificuldades dos EUA de controlar a inflação e as incertezas, no Brasil, sobre o ajuste fiscal”, explica Sara. “Alguns gestores apostaram em alguns cenários com muita convicção, alavancados, e é muito difícil ter convicção considerando também as mudanças nos mercados nas últimas décadas em termos de tecnologia e demografia”, complementa.
Diante da dificuldade dos gestores de acertarem as projeções, Natali observa que muitos investidores perderam a confiança no produto, o que explica, em parte, a perda de recursos que os multimercados vêm sofrendo. Outro fator que pesa contra esses fundos é a competição com outros produtos, que, com os juros brasileiro no patamar de dois dígitos, se mostram mais atrativos, como é o caso dos fundos de renda fixa e títulos isentos. “Foi uma tempestade perfeita de coisas negativas acontecendo ao mesmo tempo”, comenta Natali.
Na conversa, os convidados também falaram sobre o impacto da revisão da rota de juros americana para os multimercados, sua visão em relação ao investimento em commodities diante da desaceleração do crescimento da economia da China e as perspectivas de recuperação para esses fundos.
Para saber mais sobre o assunto e ouvir o episódio completo, acesse sua plataforma de áudio preferida: Spotify, Apple Podcasts, Google Podcasts, Deezer, Spreaker, iHeartrádio, Podcast Addict, Castbox e Podchaser.
Confira os últimos episódios do podcast Vai Fundo:
- FIDCs: o que esperar deste produto no atual cenário de crédito?
- Regulação e autorregulação de fundos: o que esperar dos próximos capítulos?
- 20 anos de ETFs no Brasil: oportunidades, tendências e desafios
- Regulamentação do mercado de carbono: impulso ao crescimento do setor
- Tokenização: transformando o mercado de fundos por meio da blockchain
- Diversidade e a equidade de gênero nas empresas do portfólio
- Fundos ESG: perspectivas globais e os desafios do Brasil
- Para conferir todos os episódios, clique aqui.
- Link site: https://anbi.ma/site-vaifundo-multimercados
Cibersegurança: tema ganha nova página especial em nosso site
Todos os guias e e-books produzidos para o mercado agora estão disponíveis em um só lugar
Temos uma nova página 100% dedicada à cibersegurança em nosso site. Chamada #EspaçoCiber, a página reúne todas as informações sobre o tema em um só lugar, facilitando o acesso a materiais publicados pela ANBIMA.
O novo hub de conteúdo auxilia os agentes do mercado a conhecerem mais sobre o universo de cibersegurança e a aprimorarem suas políticas internas. Para isso, a página consolida os principais documentos produzidos pela Associação, como o Guia de Cibersegurança e o Questionário de Due Diligence.
O #EspaçoCiber também traz as últimas atualizações sobre exigências regulatórias e relembra o que diz a nossa autorregulação sobre o tema. Além disso, é possível conferir os encontros que realizamos para debater o assunto.
+ Conheça a página especial #EspaçoCiber
Fonte: Anbima, em 11.07.2024.