Conhecimento Brasil: conectando ciência e inovação para fortalecer o setor produtivo

O avanço científico é uma das bases da competitividade de qualquer país, mas seu impacto na economia e na vida dos cidadãos depende da capacidade de transformar conhecimento em inovação. Com esse propósito, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) lançou o Programa Conhecimento Brasil, iniciativa voltada à repatriação de talentos brasileiros que atuam no exterior e à cooperação entre pesquisadores, universidades e empresas.
Lançado em 2023 e financiado pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), o programa integra as dez ações prioritárias da Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (ENCTI 2023–2030). A iniciativa está estruturada em dois eixos principais: Atração e Fixação de Talentos, que oferece bolsas e apoio para o retorno de cientistas ao país, e Apoio a Projetos em Rede, que estimula a colaboração entre pesquisadores no exterior e instituições nacionais. Desde o lançamento, foram aprovados mais de 1.200 projetos, com recursos que somam cerca de R$ 830 milhões, distribuídos entre universidades, institutos e empresas.
Os resultados iniciais revelam a amplitude da iniciativa: mais de 2.500 pesquisadores residentes em 56 países manifestaram interesse em retornar ou cooperar com instituições brasileiras. Aproximadamente 30% dos recursos foram direcionados às regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, fortalecendo pólos emergentes de inovação e pesquisa.
Apesar dos avanços, o Brasil ainda enfrenta o desafio de integrar a pesquisa científica à atividade produtiva. Menos de um terço dos mestres e doutores formados no país atuam em empresas, índice inferior ao de nações como Coreia do Sul, Alemanha e China, que superam 50%. Essa distância entre academia e mercado limita o potencial de inovação e reduz o impacto econômico e social do conhecimento produzido.
Para o setor de tecnologias e dispositivos médicos, o Programa Conhecimento Brasil abre caminhos concretos para superar essa barreira. A aproximação entre pesquisadores e empresas pode acelerar o desenvolvimento de soluções em áreas estratégicas como biotecnologia, materiais avançados, engenharia biomédica e saúde digital. Além disso, o incentivo à fixação de talentos qualificados amplia a capacidade de P&D local e fortalece o ambiente de inovação no país.
A ABIMED, que recentemente abordou o Programa em uma edição do Saber ABIMED, tem contribuído para aproximar a comunidade científica e o setor produtivo, estimulando o diálogo entre políticas públicas e inovação em saúde.
Um próximo desdobramento do programa, em parceria com a Finep, deve ampliar as oportunidades de cooperação ao oferecer recursos para que empresas brasileiras possam contratar pesquisadores e profissionais técnicos especializados, fortalecendo a ponte entre ciência e mercado.
O sucesso do Programa Conhecimento Brasil dependerá, em grande parte, da capacidade de transformar a cooperação em resultados aplicados – novos produtos, processos e startups. Nesse sentido, o engajamento da indústria é fundamental: oferecer espaços de pesquisa, investir em infraestrutura e adotar métricas de inovação são passos essenciais para consolidar essa conexão entre ciência e produção.
Ao fortalecer o vínculo entre pesquisadores, empresas e instituições, o Brasil dá um passo relevante na construção de um ecossistema de inovação mais maduro e inclusivo. Para o setor de tecnologias médicas, trata-se de uma oportunidade de reafirmar seu papel como vetor de conhecimento, desenvolvimento e bem-estar.
A ABIMED reafirma seu compromisso em apoiar esse processo, incentivando a integração entre instituições de pesquisa e o setor produtivo, e promovendo um ambiente em que a ciência e a tecnologia possam se traduzir em benefícios concretos para a saúde e o desenvolvimento nacional.
Saúde e clima: o papel do setor de dispositivos médicos na transição sustentável

A saúde está no centro das transformações do nosso tempo. Em um mundo que enfrenta os efeitos cada vez mais visíveis das mudanças climáticas, é impossível separar meio ambiente e bem-estar humano. O aumento das temperaturas, a escassez de água, a piora da qualidade do ar e a intensificação de eventos extremos configuram um desafio que vai além do ambiental, envolvendo também dimensões sociais e sanitárias.
De acordo com o Fórum Econômico Mundial, as mudanças climáticas podem causar até 14,5 milhões de mortes adicionais até 2050, além de gerar perdas econômicas de até US$ 12 trilhões de dólares. Esses números, comparáveis ao impacto de duas pandemias de Covid-19 em sequência, reforçam a urgência de integrar o clima às políticas de saúde pública. Sem sistemas preparados, a adaptação climática se torna insuficiente.
Ao sediar a COP30 em Belém, em novembro de 2025, o Brasil consolida um papel relevante nesse debate. Nas últimas edições, a saúde ganhou espaço na agenda climática e a presidência brasileira pretende dar a ela um foco inédito e central, elevando o tema ao patamar dos grandes pilares das negociações. Essa decisão reconhece que o clima afeta diretamente a prevenção de doenças, o funcionamento de hospitais, as cadeias produtivas e a equidade no acesso ao cuidado.
Nesse contexto, o Plano de Ação em Saúde de Belém constitui a principal proposta brasileira no campo da saúde para a COP30. O plano orienta políticas públicas voltadas a tornar os serviços de saúde mais resilientes, inclusivos e acessíveis, com base nos princípios de equidade em saúde e justiça climática. Parte do reconhecimento de que os impactos da mudança do clima são desiguais e exigem respostas direcionadas às populações e territórios mais vulneráveis.
O PASB estrutura-se em três grandes linhas de ação inter-relacionadas.
– Vigilância e Monitoramento: busca fortalecer os sistemas de vigilância em saúde informados pelo clima, integrando dados e implementando sistemas de alerta precoce para antecipar riscos.
– Políticas Baseadas em Evidências e Fortalecimento de Capacidades: voltada à aceleração de soluções comprovadas e à capacitação técnica de profissionais e gestores de saúde, essenciais para enfrentar os impactos climáticos de forma contínua e sustentável.
– Inovação e Produção/Saúde Digital: com foco em pesquisa, desenvolvimento e tecnologia para fortalecer a resiliência das cadeias de suprimentos e das infraestruturas hospitalares. Essa linha prevê a criação de estoques estratégicos de produtos essenciais, como vacinas, diagnósticos e medicamentos, com prioridade para regiões de maior vulnerabilidade.
Essas frentes criam um ambiente mais propício à cooperação entre governos, instituições de pesquisa e setor produtivo. Nesse cenário, o setor de dispositivos médicos tem potencial de contribuição relevante, tanto pela capacidade de inovação tecnológica quanto pelo papel que exerce na estruturação de sistemas de saúde mais eficientes e sustentáveis.
A tecnologia médica, tradicionalmente associada à cura e à precisão, tem ampliado seu alcance para atuar na adaptação e na resposta a emergências climáticas. Dispositivos de monitoramento remoto, plataformas de telemedicina e equipamentos portáteis permitem garantir o cuidado em áreas afetadas por enchentes, secas ou isolamento geográfico. Testes de diagnóstico rápido e laboratórios móveis fortalecem a vigilância epidemiológica e antecipam respostas em situações de crise. Tecnologias de purificação de água, sensores ambientais e soluções de energia limpa contribuem para a operação contínua de hospitais e unidades de saúde mesmo em cenários de instabilidade climática.
Globalmente, estima-se que o setor da saúde seja responsável por aproximadamente 4,4% das emissões globais de dióxido de carbono (CO₂). Isso reforça a necessidade de reduzir impactos e adotar modelos produtivos mais sustentáveis. Entre as prioridades estão o desenvolvimento de dispositivos de menor impacto ambiental, o uso de materiais recicláveis e reutilizáveis, a resiliência das cadeias de suprimentos e o investimento em biotecnologia e economia circular. Essas ações se alinham às diretrizes do Plano Nacional de Desenvolvimento da Bioeconomia (PNDBio), que orientará políticas voltadas à inovação sustentável e à valorização da biodiversidade brasileira.
O avanço da sustentabilidade no setor da saúde depende tanto de regulação quanto de cooperação. Hospitais, clínicas e laboratórios vêm ampliando a exigência de práticas ambientais responsáveis de seus fornecedores, o que torna a sustentabilidade um critério de parceria e competitividade. Nesse processo, o setor de dispositivos médicos desempenha um papel técnico e operacional cada vez mais relevante, ajudando a traduzir políticas em soluções concretas e escaláveis.
A realização da COP30 em Belém representa, portanto, uma oportunidade importante para consolidar o diálogo entre saúde e clima, promovendo a integração entre ciência, tecnologia e políticas públicas. Ao participar ativamente dessa agenda, o setor de dispositivos médicos reforça seu compromisso com a inovação responsável e com o fortalecimento de sistemas de saúde preparados para os desafios ambientais do futuro.
Reforma Tributária avança em outubro e redefine cenários para o setor

A transição para o novo sistema tributário brasileiro, prevista para começar em 2026, marca uma fase de testes operacionais e tecnológicos que antecede a implementação definitiva da Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) e do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS). Nesse período experimental, as alíquotas serão simbólicas – 0,9% para a CBS e 0,1% para o IBS – e o foco estará na adaptação de sistemas, emissão de novos documentos fiscais e aprimoramento da gestão tributária.
Para o setor da saúde, que reúne atividades essenciais de promoção, proteção e assistência à população, as mudanças em curso representam desafios relevantes. No fim de setembro, o Senado aprovou o texto alternativo ao Projeto de Lei Complementar (PLP) 108/2024, que regulamenta a segunda etapa da Reforma Tributária sobre consumo e define regras de governança, fiscalização e funcionamento do novo sistema via Comitê Gestor do IBS. Entre os destaques, está a atualização do cálculo da alíquota de referência do IBS, agora baseada em dados de 2024 a 2026.
Apesar da aprovação do PLP 108/2024, um ponto central permanece, no entanto, indefinido: a tributação dos dispositivos médicos. Como destacou o presidente-executivo da ABIMED, Fernando Silveira Filho, em artigo publicado no JOTA: “O Congresso tem a oportunidade de assegurar que a reforma tributária seja socialmente justa, promovendo uma transição fiscal equilibrada e proteção à saúde pública”. Para ele, “reconhecer dispositivos médicos como bens essenciais é afirmar, na prática, que a vida deve estar no centro das decisões do Estado”.
O mês de outubro marcou um avanço decisivo na tramitação dos projetos de regulamentação no Congresso Nacional, consolidando medidas que podem impactar diretamente os custos operacionais das empresas do setor. Entre os temas em debate estão o modelo de cobrança automática de tributos (split payment), o imposto seletivo sobre produtos prejudiciais à saúde e o regime de alíquota reduzida para serviços essenciais, temas que exigem atenção estratégica de fabricantes, distribuidores e prestadores de serviços que integram a cadeia de dispositivos médicos e tecnologias para a saúde.
No Senado, foram aprovadas alterações no texto da regulamentação que definem a aplicação do Imposto Seletivo sobre produtos nocivos, como bebidas açucaradas e cigarros, com teto de 2%. O texto também prevê que plataformas digitais assumam responsabilidade solidária na emissão de notas fiscais e recolhimento de tributos quando o fornecedor não o fizer, o que pode alterar a dinâmica de comercialização de produtos médicos no ambiente digital. Já o modelo de split payment, previsto para 2027, instituirá a retenção automática dos tributos no momento da transação, exigindo atualização de sistemas e planejamento financeiro por parte das empresas.
Outro ponto relevante é a consolidação da alíquota reduzida de 60% para serviços de saúde, prevista na Lei Complementar nº 214/2025. Hospitais, clínicas e laboratórios devem ser beneficiados, embora nem todos os dispositivos médicos estejam contemplados nas listas de produtos com isenção ou redução de tributos. Esse descompasso pode elevar custos indiretos e comprometer o acesso a tecnologias essenciais. Entidades do setor, incluindo a ABIMED, têm reforçado a necessidade de ajustes na regulamentação para evitar que o novo modelo tributário resulte em elevação da carga tributária sobre equipamentos e procedimentos essenciais à assistência médica.
A ABIMED também defende ajustes nos textos para preservar a competitividade da indústria e garantir segurança jurídica. Entre as pautas prioritárias estão a ampliação das listas de produtos com benefícios fiscais e a manutenção do regime especial previsto na Emenda Constitucional 132/2023, que reconhece saúde e educação como áreas prioritárias. Estima-se que, sem esses ajustes, o aumento da carga tributária em determinados segmentos pode chegar a 27%.
O setor acompanha com preocupação o risco de que a limitação de incentivos fiscais à saúde reduza o estímulo à inovação tecnológica e restrinja o acesso a dispositivos de ponta, especialmente no Sistema Único de Saúde. Diante desse cenário, o planejamento tributário e a atuação institucional tornam-se essenciais. Empresas devem revisar seus portfólios, simular impactos financeiros e participar ativamente das discussões públicas, mantendo diálogo constante com associações como a ABIMED, que segue empenhada em defender um ambiente regulatório previsível, ético e favorável à inovação.
A ABIMED segue acompanhando de perto o tema, participando dos debates e oferecendo suporte técnico às suas associadas para que possam se adaptar às mudanças com segurança e previsibilidade.
Integridade em foco: como sustentar valores éticos em ambientes complexos

O fortalecimento da integridade no setor da saúde exige mais do que normas ou controles. Ele depende de coerência, engajamento e de uma cultura que transforme princípios em comportamento. Esse foi o eixo central das reflexões do painel “Governança e Compliance em Saúde: Fortalecendo a Integridade Interna em Ambientes Complexos”, realizado durante a 2ª Jornada de Governança e Compliance, evento promovido pela ABIMED, em parceria com a SPLaw e a FGV Ethics.
Moderado por Jorge Khauaja, gerente de Compliance e Assuntos Legais da ABIMED, o painel reuniu Lígia Maura Costa, diretora e professora da FGV EAESP e presidente da Comissão de Ética da ABIMED; Daniele Lopes, vice-presidente Jurídico e Corporativo da B. Braun América Latina, Oriente Médio e África; e Lilian Lustre, líder global de Ética para a Sociedade na Sanofi. O encontro abordou dilemas da governança corporativa em saúde e estratégias para fortalecer a integridade em diferentes contextos organizacionais
Entre os temas discutidos, destacou-se a importância de alinhar propósito e conduta. Lígia Maura Costa ressaltou que a confiança é o bem mais precioso de uma instituição, além de ser o mais difícil de construir e manter. Para ela, a cultura ética só se consolida quando há coerência entre discurso e prática, o que demanda uma transformação comportamental profunda. A professora defendeu ainda o papel da autorregulação como ferramenta eficaz para o amadurecimento do setor, citando o exemplo do Instituto Ética Saúde, iniciativa que nasceu da união entre o Instituto Ethos e a Abraidi e se tornou referência em boas práticas.
Daniele Lopes compartilhou a experiência da B. Braun com o Programa Embaixadores de Compliance, que atua na capacitação de colaboradores para funcionarem como pontes entre a área de integridade e os times operacionais. O modelo, presente em 64 países e baseado em dez princípios globais, aposta em comunicação constante e treinamento como pilares de engajamento. A executiva destacou que o compliance deve ser um parceiro estratégico do negócio e que “a cultura é formada pelos piores comportamentos que você tolera, porque eles ensinam às pessoas o seu limite”.
Lilian Lustre trouxe o olhar das grandes corporações e o desafio da complexidade em ambientes multiculturais. Segundo dados da Deloitte apresentados por ela, há um descompasso na percepção da cultura ética entre níveis hierárquicos: enquanto a alta gestão costuma enxergar um ambiente mais íntegro, as equipes intermediárias e operacionais relatam lacunas significativas. Para a executiva, o caminho passa por uma abordagem de ethics by design, em que a ética é incorporada desde a concepção de processos e produtos, e não apenas regulada por códigos e políticas. Ela também destacou o papel das lideranças na comunicação com as novas gerações, que valorizam o propósito e a coerência do discurso empresarial.
As trocas do painel revelaram consenso sobre a necessidade de evoluir de um modelo de compliance baseado em regras para um modelo baseado em comportamento e cultura. A autorregulação, a educação ética e o diálogo entre empresas, governo e sociedade surgem como caminhos complementares para consolidar um ambiente mais íntegro e sustentável.
Em um setor onde a confiança é um ativo essencial, as práticas de governança e compliance tornam-se elementos centrais da competitividade e da responsabilidade social. Sustentar a integridade, especialmente em ambientes complexos, é um desafio contínuo que exige lideranças engajadas, transparência e aprendizado coletivo.
A ABIMED atua de forma consistente no fortalecimento da governança, do compliance e das boas práticas em ESG no setor de equipamentos e dispositivos médicos, bem como para o Setor de Saúde em geral. Apoiamos nossas associadas na implementação e atualização de políticas internas de governança, com base em um Código de Conduta robusto e alinhado aos mais elevados padrões éticos nacionais e internacionais. Também oferecemos treinamentos regulares sobre o Código de Conduta, além de materiais educativos, guias de boas práticas e apoio técnico. Mantemos um Canal de Denúncia ativo, seguro e independente, assegurando confidencialidade e integridade no tratamento dos processos recebidos.
Todas essas ações, além da promoção de eventos como a 2ª Jornada de Governança e Compliance, visam fomentar uma cultura organizacional pautada na integridade, na transparência e na melhoria contínua das práticas, para que toda a sociedade brasileira possa se beneficiar.
O conteúdo completo da jornada está disponível no canal da FGV no YouTube e pode ser acessado pelos links: painéis da manhã (1 e 2) e painéis da tarde (3 e 4).
Outubro Rosa: tecnologia em apoio à saúde da mulher
A campanha Outubro Rosa foi criada na década de 1990 com o objetivo de conscientizar sobre o câncer de mama e promover o diagnóstico precoce da doença. Nos últimos 35 anos, mais do que uma campanha, o Outubro Rosa tornou-se um movimento global em defesa da vida, que une ciência, políticas públicas e tecnologia na busca por resultados mais eficazes.
Apesar dos avanços observados nas últimas décadas, o câncer de mama é hoje a principal causa de morte entre mulheres no Brasil. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), até o final de 2025 o país deve registrar 73.610 novos casos da doença, com uma taxa estimada de 66,54 para cada 100 mil mulheres.
Apesar da gravidade da doença, segundo a Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (FEMAMA), o diagnóstico precoce pode elevar as chances de cura para até 95%, além de possibilitar tratamentos menos agressivos e com melhor recuperação.
Neste cenário, a campanha Outubro Rosa, cujo objetivo principal é justamente conscientizar a sociedade acerca da importância e das alternativas de diagnóstico precoce, ganha relevância ano a ano.
Para ampliar o acesso e padronizar o rastreamento da doença, o Sistema Único de Saúde (SUS) publicou recentemente uma nota técnica que orienta a oferta de mamografia para mulheres de 40 a 49 anos, quando indicada por médico, e estende a realização do exame a mulheres de 74 anos ou mais que desejem fazê-lo. A medida está alinhada ao Código Latino-Americano e Caribenho contra o Câncer, desenvolvido em cooperação com a Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC), a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).
As tecnologias médicas têm desempenhado um papel decisivo no combate ao câncer de mama nos últimos anos. O uso de inteligência artificial (IA), por exemplo, vem transformando o diagnóstico por imagem: segundo a JAMA Oncology, sistemas de IA alcançaram 94,6% de precisão na detecção de câncer de mama, um resultado comparável – e alguns casos superior à leitura humana. A combinação de algoritmos, dados clínicos e imagens de alta resolução tem permitido identificar lesões em estágios iniciais, quando o tratamento é mais eficaz.
Esses avanços tecnológicos se estendem às terapias de combate à doença. Tratamentos personalizados como terapias-alvo, imunoterapia e radioterapia de intensidade modulada (IMRT), reduzem efeitos colaterais e aumentam a eficiência terapêutica. Cirurgias robóticas, que utilizam incisões menores e maior precisão, têm acelerado o processo de recuperação. E em casos específicos, a hormonioterapia vem substituindo a quimioterapia, oferecendo resultados expressivos com menor impacto físico e emocional.
Para a ABIMED, a inovação tecnológica em saúde é uma aliada fundamental na prevenção, no diagnóstico e no tratamento do câncer de mama e de diversas outras doenças. É por isso que reforçamos nosso compromisso com a melhoria contínua dos dispositivos médicos, aliado à colaboração entre indústria, profissionais de saúde e instituições, de maneira a garantir que as mulheres tenham acesso a soluções mais seguras, eficazes e humanas.
Neste Outubro Rosa, lembramos que tecnologia e cuidado caminham juntos. Cada avanço científico representa uma nova possibilidade de vida; e cada inovação, uma esperança renovada para milhares de pessoas.
Fonte: Abimed, em 30.10.2025.


