Mudanças no currículo de Medicina devem ampliar uso de tecnologias
A formação dos médicos no País está no radar do Governo Federal. Em 2022, foram 26 mil novos profissionais no mercado, segundo o Conselho Federal de Medicina. Recentemente, o Ministro da Educação, Camilo Santana, afirmou que o governo prepara uma portaria interministerial que deverá trazer mudanças ao currículo de formação em Medicina. As alterações devem englobar a digitalização, o uso de tecnologias e as mudanças na sociedade.
O anúncio reacendeu as discussões em torno do currículo dos cursos de Medicina e qualidade de formação dos profissionais. A versão atual das diretrizes curriculares completa dez anos em 2023 e muitos especialistas apontam que precisa passar por revisão, dados os avanços que ocorreram nesta década.
Uma pesquisa da consultoria Deloitte com 228 médicos no Brasil indicou que as principais mudanças almejadas estão ligadas à capacitação sobre empreendedorismo e negócios, apontada por 55% dos respondentes, e o desenvolvimento de habilidades para trabalhar em equipe (50%). Também apareceram competências relacionadas ao uso de dados (44%) e o treinamento em novas tecnologias (43%).
Acredita-se, portanto, que o reconhecimento da tecnologia como aliada ao ensino deverá será uma das mudanças que estarão nas novas diretrizes. A utilização, por exemplo, de bonecos de alta resolução permite que o alune refine as habilidades necessários para o cuidado com os pacientes, por meio de simulações que podem ser repetidas e analisadas minuciosamente. Há instituições que disponibilizam até mesas de dissecação em 3D e metaverso com avatares que se reúnem em torno de um paciente virtual, para discussão do caso.
Os alunos precisam ser preparados para manejar uma realidade cada vez mais presente na área da saúde, como soluções de Inteligência Artificial, Big Data, IoT, robotização, entre outros. A formação digital já é uma grande necessidade, não porque a IA vá substituir o médico, mas porque ele deverá ter os soft skills necessários para comandar as decisões. A capacidade de tomar as melhores resoluções, utilizando o conhecimento científico de forma crítica e analisando as evidências, são diferenciais cada vez mais bem-vindos no exercício da Medicina.
Patricia Zen Tempski, livre docente em Educação na Saúde da Universidade de São Paulo (USP) e coordenadora do Centro de Desenvolvimento de Educação Médica (CEDEM), da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), afirma que o currículo é mais do que uma grade de matérias. Trata-se de um documento ideológico, social e de intenções que define como o estudante viverá o processo educacional. “Me mostre o seu currículo e te direi quem és. Essa é a nossa máxima. O currículo é a base de tudo na formação”.
A importância dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável ligados à saúde
Em 2015, a Organização das Nações Unidas determinou 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável para que o mundo se torne mais justo e igualitário para todos. Entre os objetivos, o ODS 3 prevê a “Garantia do acesso à saúde de qualidade e promoção do bem-estar para todas as idades”, garantindo assim o desenvolvimento sustentável. Abrange os principais temas da área, incluindo saúde reprodutiva, doenças infecciosas, saúde mental, cobertura universal de saúde e saúde ambiental.
Merece destaque a redução da taxa de mortalidade materna global para menos de 70 mortes por 100 mil nascidos vivos; eliminação das mortes evitáveis de recém-nascidos e crianças menores de cinco anos; conquista da cobertura universal de saúde, incluindo o acesso a serviços de saúde essenciais de qualidade e o acesso a medicamentos e vacinas essenciais seguros, eficazes, de qualidade e a preços acessíveis; e aumento do financiamento voltado para o setor e o recrutamento, desenvolvimento e formação do pessoal de saúde, especialmente nos países em desenvolvimento.
Vale lembrar que a ABIMED é signatária do Pacto Global da ONU porque “entende que tem um papel relevante a desempenhar em questões de alto impacto na vida das pessoas”, como definiu o presidente Fernando Silveira, no evento promovido pela entidade no final de 2022, em que uma dos palestrantes foi Flávia Vianna, gerente da Plataforma Saúde do Pacto Global da ONU (Organização das Nações Unidas). Ela gerencia iniciativas relacionadas ao ODS 3 e o Movimento Mente em Foco, voltado para a saúde mental. O Pacto é hoje a maior iniciativa de sustentabilidade corporativa no mundo, com mais de 15 mil empresas espalhadas por 164 países. “O Brasil detém a terceira maior rede”, assinalou Flávia.
As soluções em tecnologia têm um papel importante para o País cumprir suas metas diante do ODS 3. Entre a população de baixa renda, por exemplo, a tecnologia é uma forte aliada, permitindo que fornecedores de serviços de saúde alcancem os pacientes por meios de algoritmos de geolocalização e serviços de entrega. Diminuindo a distância, os produtos e serviços de saúde podem chegar mais facilmente a quem realmente precisa.
O autocuidado é outra prática que pode ser auxiliada pelas soluções em tecnologia. Disponibilizar informação de qualidade pode ampliar a conscientização das pessoas. O atendimento a pacientes de enfermidades crônicas ou especiais também pode ser facilitado pela tecnologia, desafogando o sistema e evitando a deterioração da saúde. A telemedicina, que foi amplamente utilizada durante a pandemia, já mostrou que veio para ficar e tem contribuído para democratizar o acesso aos serviços.
E não se trata apenas da saúde suplementar. No Sistema Único de Saúde (SUS), a criação do Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP) permite a obtenção e análise dos dados de forma mais ágil e segura. O atendimento se torna mais humanizado, à medida que o agendamento de consultas e exames on-line diminui o tempo de espera e auxilia na organização do fluxo de pacientes.
Quando se olha o cenário à frente, visando cumprir o ODS 3, o caminho para o Brasil ainda é longo e permeado por desafios, mas, certamente, as inovações tecnológicas disponibilizadas pelo mercado se tornam parte essencial da solução. “O que nos motiva diariamente é mudar o Brasil, mesmo com todos os desafios que temos”, como afirmou Flávia, “sem deixar ninguém para trás”.
Estudo patrocinado pela ABIMED mostra que o Índice de Tecnologia Médica tem impacto positivo sobre o custo de saúde
Patrocinado pela ABIMED, a LCA Consultores desenvolveu um estudo que mensurou os ganhos em bem-estar social decorrentes do incremento tecnológico. De acordo com a pesquisa, o Índice de Tecnologia Médica tem impacto positivo sobre o custo de saúde. Um aumento de 1% no índice impacta positivamente o gasto em saúde per capita em 0,494%. Entre 2009 e 2019, o aumento da tecnologia médica provocou a elevação dos gastos em saúde em R$ 97,68 bilhões (ANS + SUS). No quesito de bem-estar, verificou-se que o acréscimo de 1% no índice de tecnologia aumentou em 0,00868% a proporção da população acima de 65 anos e reduziu em 0,0253% a mortalidade infantil.
A apresentação aconteceu em maio, durante a Hospitalar 2023, em São Paulo (SP) reunindo os debatedores: Bruno Sobral, secretário executivo da Confederação Nacional de Saúde; Mirocles Campos Véras Neto, presidente da Confederação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas (CMB); Renato Freire Casarotti, presidente da ABRANGE; e Eliezer Silva, diretor executivo do Sistema de Saúde do Hospital Israelita Albert Einstein. Entre os pesquisadores, estavam Alessandro Campolina, coordenador do laboratório de ATS da FMUSP; Thiago Caliari, professor associado do ITA; e Verônica Lazarini, gerente de projetos da LCA.
A análise apresentou três cases, construídos a partir de sólida abordagem metodológica nas áreas de cardiologia, diagnóstico por imagem e ortopedia, que revelam a importância dos métodos de avaliação econômica em saúde na escolha de alternativas mais eficientes dentre as inovações tecnológicas possíveis.
Os debatedores fizeram uma análise do setor e do investimento realizado. Para Renato Casarotti, o mais importante é o setor perceber o paradoxo da infalibilidade em que está inserido, no qual todos os elos da cadeia possuem alta eficiência, mas isso não se traduz no ambiente real dos pacientes. Essa visão foi reforçada pela realidade do sistema público de saúde na equação. Segundo Eliezer Silva, as análises realizadas pelo Hospital Albert Einstein seguem essa mesma linha. “Percebemos que pacientes atendidos no setor privado têm maior chance de sobrevida do que aqueles que atendemos por meio das parcerias no sistema público”, disse.
Mirocles Veras apontou que a situação orçamentária das Santas Casas do país leva a situações de defasagem de atendimento. Hospitais de pequeno porte, com menos de 50 leitos, não costumam ter viabilidade financeira para implementar uma infraestrutura capaz de receber as tecnologias mais modernas.
“O principal objetivo do estudo foi trazer luz sobre as duas esferas da tecnologia médica – custo e bem-estar social – a fim de auxiliar na condução das discussões acerca da sua importância nas condições socioeconômicas do País e na tomada de decisão sobre a utilização de tais tecnologias pelos sistemas de saúde”, explicou Fernando Silveira Filho, presidente executivo da ABIMED.
Clique aqui e acesse o estudo na íntegra!
A importância da tecnologia para o setor oncológico
Nos dias 29 e 30 de agosto, a ABIMED participou do Seminário de Integração dos Centros e Unidades Especializadas em Oncologia – Cacons e Unacons, realizado na Câmara dos Deputados, em Brasília (DF). No primeiro dia, a entidade foi representada por seu presidente, Fernando Silveira Filho, no painel “Tecnologias em Saúde para a Oncologia”, que analisou os avanços no diagnóstico e tratamento de pacientes com câncer, bem como as perspectivas futuras.
Participaram também como palestrantes o deputado Weliton Prado (Solidariedade-MG), Luiz Sérgio Pereira Grillo Junior, diretor da Sociedade Brasileira de Radiologia Intervencionista (SOBRICE); Sérgio Eduardo Alonso Araújo, do Hospital Israelita Albert Einstein; Maurício Azevedo, gerente de assuntos médicos da Johnson & Johnson; Manuel Coelho, líder para Inovações da Siemens Healthineers; Suzane Holden, vice-presidente da Corporate Accounts, e Chengetayi Pswarayi, da Market Access & Public Affairs. A moderação foi conduzida pelo Senador Hiran Gonçalves, presidente da Frente Parlamentar Mista da Medicina (FPMED).
O presidente da ABIMED destacou o apoio que a associação sempre empregou no combate ao câncer. Ele destacou a importância da devida alocação de recursos governamentais para estas iniciativas e a incorporação de tecnologia, principalmente de dispositivos médicos, eliminando barreiras para quem atua no segmento. “A tecnologia pode, de fato, trazer melhorias na gestão dos recursos destinados à saúde, além de proporcionar mais qualidade de vida e longevidade às pessoas”, disse.
A representante da Corporate Accounts, do Reino Unido, falou do êxito em realizar uma sequência genética com o diagnóstico em 24 horas. O gerente da Johnson & Johnson chamou a atenção para os 700 mil novos casos de câncer a cada ano, no Brasil. “Pior do que não tratar é tratar inadequadamente. Precisamos ter um olhar abrangente, ser um grande time e identificar onde está a centralidade no paciente oncológico”, disse.
Sergio Araújo, do Hospital Israelita Albert Einstein, apresentou informações sobre a cirurgia robótica e sua precisão nos casos de câncer de próstata, que acomete 72 mil homens a cada ano, levando a óbito 17 mil deles. Para o deputado Weliton Prado, o setor de oncologia apresenta um cenário promissor no País. “Acredito que possamos ter as primeiras máquinas de radioterapia por prótons em breve. A tecnologia está disponível e veio para ficar”.
Incorporação tecnológica em saúde – No segundo dia do Seminário, a ABIMED foi mediadora no painel “Incorporação Tecnológica em Saúde – Equipamentos e Dispositivos”, que reuniu representantes do setor na exposição de ideias para introdução das inovações em saúde de forma a alcançar o maior número possível de beneficiários. O painel contou com a presença do oncologista Alessandro Campolina; Luciene Bonan, diretora da DGITS-SECTICS; Murilo Contó, representante do Boston Scientific; Marcos Paulo Silva, superintendente da Associação Brasileira de Planos de Saúde (ABRAMGE); Rodrigo Pinheiro, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica; Tania Yuba, representante da Jonhson & Jonhson Med Tech e Miyuki Goto, da Associação Médica Brasileira.
Os pilares para um processo de ATS sustentável foi o destaque na fala da representante da J&J. Já Murilo Contó discorreu sobre as diferenças de avaliação em tecnologia em saúde quando envolve medicamentos ou dispositivos médicos. Elogiou a iniciativa da ABIMED que está propondo um método diferente para análise de dispositivos e diretrizes. “Ou revisamos as diretrizes metodológicas do Ministério da Saúde (MS), que servem tanto para preparar documentação da saúde pública quanto para a saúde complementar, ou criamos uma nova diretriz focada em dispositivos médicos”, sugeriu. Para ele, tem-se perdido oportunidades significativas em favor dos pacientes e do sistema.
O presidente da ABIMED destacou que existe um gargalo de gestão, pois há uma grande quantidade de recursos, quando se analisa o percentual do PIB do Brasil aplicado em saúde, em comparação aos demais países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). “Temos grandes oportunidades de melhoria na questão da gestão”, analisou.
O vice-presidente da SBCO apresentou os desafios da assistência oncológica. “Quanto antes identificamos as janelas de oportunidade para o tratamento, diminuímos custos nos sistemas de saúde, aumentamos a oportunidade de êxito e salvamos vidas”.
Segundo Silveira Filho, foi muito importante o evento ter acontecido com a chancela da Câmara dos Deputados. “Colocar a discussão dentro do Congresso faz com que haja uma possibilidade maior de aprovação e êxito na geração de recursos para o combate ao câncer cada vez maior”, afirmou.
Compliance na saúde promove uma cultura de integridade
Não é exagero dizer que o setor da saúde é um dos mais sensíveis e regulamentados do mercado, pois impacta diretamente a vida das pessoas. Há a necessidade de altos padrões de ética, transparência e responsabilidade, que são exigidos pelos órgãos públicos, agências reguladoras e pelos próprios consumidores. Assim, o compliance desempenha um papel fundamental, garantindo que as organizações atendam às normas e regulamentações vigentes, além de promover uma cultura de integridade em todas as atividades relacionadas à saúde.
É preciso destacar que o conceito é amplo e abrange ao menos cinco áreas. O compliance ambiental se consolida como uma tendência mundial, a partir da percepção de que todos somos responsáveis pela preservação do meio ambiente. Empresas e consumidores estão cada vez mais atentos ao impacto de suas ações no planeta. A destinação correta de resíduos gerados no ecossistema da saúde, por exemplo, é uma medida que mais empresas e prestadores de serviços estão adotando.
Regras de saúde e segurança no trabalho também estão inseridos na política de compliance, diante da compreensão de que proporcionar um ambiente de trabalho saudável, seguro e produtivo não é apenas uma regra legal, mas uma estratégia de negócios. A atuação anticorrupção faz parte da política de compliance, com ações que previnam e desestimulem qualquer desvio de conduta entre todos os stakeholders. A responsabilidade social das organizações junto à comunidade onde estão inseridas e o controle da qualidade do produto e serviço – que devem ser sustentáveis -, completam o leque de aspectos incluídos no compliance.
Um marco relevante para o setor do Saúde foi a Resolução Normativa 518 da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), de 29/04/22, que dispôs sobre adoção de práticas mínimas de governança corporativa, com ênfase em controles internos e gestão de riscos das operadores de saúde. A partir de então, a governança corporativa se tornou uma exigência da ANS para todas as operadoras, fomentando as bases para que tenham mais constância e perenidade e firmem elos cada vez mais resistentes com seus parceiros, usuários e consumidores.
O compliance na saúde também se torna imprescindível na compra de insumos, relação com fornecedores, controle de estoques e farmácia hospitalar. Como exemplo, nas compras de materiais, a governança corporativa avalia os critérios utilizados, comparando-os com padrões de mercado.
Nas instituições privadas, os planos de saúde recebem inúmeras solicitações, desde exames simples até procedimentos mais complexos. Novamente, é o compliance quem faz a checagem dos modelos aplicados e se atendem aos padrões determinados.
Portanto, na área da saúde, o compliance torna-se crucial para assegurar a qualidade do atendimento, a prevenção de fraudes, a proteção das informações dos pacientes e a conformidade com as regras determinadas pelas agências reguladoras.
Brasil pode aumentar exportação de dispositivos médicos com incentivo governamental
A exportação de dispositivos médicos rendeu ao Brasil US$ 909 milhões em 2022, o que representou um aumento de 14,13% das vendas internacionais em relação a 2021. Mas o potencial das empresas é muito maior e especialistas acreditam que o país pode se tornar um grande player mundial, com o apoio governamental.
A Reforma Tributária é essencial pois hoje fabricantes de dispositivos médicos pagam altas taxas e impostos, o que torna seus produtos mais caros, enquanto mercadorias importadas têm isenção quando adquiridas por hospitais públicos, universitários e filantrópicos.
Uma política governamental que estimule o setor pode ser um divisor de águas, assim como foi para os medicamentos genéricos, há 20 anos. As empresas farmacêuticas nacionais representavam menos de 12% do mercado, mas o governo criou fontes de financiamento e incentivo, apostou na publicidade, desenhou o programa Farmácias Populares e, atualmente, cinco das oito maiores empresas farmacêuticas no País são nacionais.
Os dispositivos médicos brasileiros chegam a cerca de 120 países e vão desde aparelhos de raio-X, ventiladores mecânicos e gabinetes para dentistas até válvulas e implantes de coração. Contudo, com uma política de incentivos para o setor, mais empresas podem olhar para o exterior e verem nele boa atratividade para os negócios.
O Complexo Econômico-Industrial da Saúde, que norteia as ações do Governo Federal, pode favorecer esse cenário, à medida que avançar e se tornar uma política nacional, atingindo seu objetivo de tornar o país cada vez mais independente em relação a medicamentos e suprimentos.
Neo-industrialização do Brasil
O Diálogos ABIMED promoveu em 17 de agosto um evento que discutiu a Inserção da Indústria de Dispositivos Médicos nas Novas Cadeias Globais de Abastecimento, tendo em vista as iniciativas governamentais para fomento e atração de investimentos e PD&I.
Os envolvidos avaliaram que o momento traz boas perspectivas para o setor. Segundo Juliana Cardoso, secretária executiva da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo e Invest SP, “ouvir o setor produtivo, os empresários e os investidores é essencial. Iniciativas como esta são fundamentais não só para que possamos estreitar a relação entre governo e setor produtivo, mas também para tomar as melhores decisões”. A secretária executiva destacou que a pasta engloba setorialmente as indústrias mais pujantes do Estado, como a química, de alimentos e bebidas e saúde e fármacos. Afirmou ainda que o processo de interiorização da saúde será uma excelente oportunidade para as empresas de dispositivos médicos.
Fernando Silveira Filho, presidente-executivo da ABIMED, destacou duas mensagens importantes compartilhadas pela secretária executiva: a possibilidade de novos investimentos com a utilização de recursos de créditos suplementares e a nova política para o mercado, trazendo investimentos para tornar São Paulo um hub de exportação, o que deve favorecer o segmento de dispositivos médicos.
“Nossa prioridade é entregar tecnologias que resolvam problemas de saúde”, afirmou Diogo Penha Soares, coordenador geral de Base Mecânica, Eletrônica e de Materiais (CGMEC/DECEIIS) do Ministério da Saúde. Ele destacou a recriação do Grupo Executivo do Complexo Econômico-Industrial da Saúde (Geceis), para fortalecer a produção e inovação no setor. Por meio de transferência de tecnologia, a meta é que 70% dos produtos de inovação adquiridos pelo SUS sejam nacionais, ou seja, de cada R$ 10,00 gastos, que R$ 7,00 sejam com a produção nacional. Tudo vai depender, porém, da aprovação da Reforma Tributária, que ele considera fundamental.
Diego Pizetta, coordenador-geral das Indústrias de Fármacos e de Bio e Nanotecnologia do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, lembrou que a política industrial vigente atua com a visão de missão, não com setores. Para a missão da saúde, o objetivo é ter um complexo que seja resiliente e amplie o acesso da população, reduzindo a dependência externa. “A ABIMED será chamada para ajudar a identificar os gargalos e os instrumentos necessários para chegarmos a tal objetivo”, acrescentou.
Fonte: Abimed, em 18.09.2023.