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Notícias ANBIMA, em 07.05.2020

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Indústria de fundos registra maior resgate da série histórica em abril

Saída líquida de recursos chegou a R$ 91,1 bilhões com resultado puxado pelos fundos de renda fixa

Em abril, a indústria de fundos registrou resgate líquido de R$ 91,1 bilhões. Foi o maior já registrado na nossa série histórica, que começou em 2002. O número é resultado do aporte de R$ 592 bilhões no mês, enquanto os saques ficaram em R$ 683 bilhões. Os fundos de renda fixa foram os mais impactados com resgate líquido de R$ 58,6 bilhões, representando 64% de toda saída no mês. O tipo mais representativo foi o duração baixa grau de investimento (aplica, no mínimo, 80% em títulos públicos e ativos de baixo risco de crédito) totalizando R$ 46,1 bilhões de resgates em abril. No ano, ele já acumula resultado negativo de R$ 123,1 bilhões, enquanto toda indústria registra saída líquida de R$ 69,6 bilhões.

+ Confira o Boletim de Fundos na íntegra

"Os fundos de renda fixa já vinham perdendo a atratividade há algum tempo devido as reduções da taxa de juros e a expectativa de manutenção por um período longo. As incertezas e a instabilidade na economia, por conta da pandemia, impulsionaram os resgastes, especialmente dos fundos utilizados pelos investidores como reserva de emergência. Parte deste dinheiro, provavelmente, foi direcionada para conta corrente para pagamento de despesas", afirma Carlos André, nosso vice-presidente.

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Os multimercados também perderam recursos com saída líquida de R$ 13,4 bilhões, em abril, mas ainda mantêm saldo positivo no ano de R$ 9 bilhões de captação. O tipo investimento no exterior (aplica mais de 40% do patrimônio líquido em ativos no exterior) encerrou o mês com captação positiva de R$ 2,2 bilhões - maior da categoria. Em 2020, ele acumula captação de R$ 11,4 bilhões.

Os fundos de ações registraram o primeiro resultado mensal negativo no ano com a saída de R$ 637,9 milhões. No entanto, têm a maior captação líquida da indústria no ano, com R$ 44,3 bilhões. O tipo ações livre (fundos que não possuem obrigatoriamente o compromisso de concentração em uma estratégia específica) fechou o mês com captação de R$ 295,2 milhões, totalizando a maior captação da classe em 2020, com R$ 26,3 bilhões.

+ Covid-19: veja as mudanças no mercado e nossos esforços para diminuir os impactos da pandemia às instituições

"Os resgates nos fundos de ações apareceram apenas em abril, pois a maioria deles tem prazo de liquidação de 30 ou 60 dias. Apenas em maio, teremos uma visão mais ampla do impacto da pandemia sobre esse segmento", explica Carlos André.

Rentabilidades
Com o cenário menos volátil em abril, quase todos os tipos de fundos de renda fixa, ações e multimercados tiveram resultados positivos. Em ações, o tipo livre chamou atenção com alta de 12%. Com relação aos fundos multimercados livre, a variação foi de R$ 2,09%. Na classe renda fixa, com resultados mais tímidos, o tipo duração baixa grau de investimento teve rentabilidade de 0,09%.


BNDESPar selecionará FIDCs para financiar até R$ 4 bilhões

Iniciativa é voltada para fundos com direitos creditórios de micro, pequenas e médias empresas

A BNDESPar, braço de participações em empresas do BNDES, divulgou ontem, dia 6, chamada pública para financiar FIDCs voltados para micro, pequenas e médias empresas. O montante pode chegar a R$ 4 bilhões em cotas de até dez fundos. Os gestores e originadores de direitos creditórios que estruturam fundos podem enviar propostas até o dia 3 de junho para o e-mail chamadampme@bndes.gov.br. A iniciativa tem o objetivo de ajudar financeiramente as companhias afetadas pelos impactos da Covid-19.

+ Confira o edital na íntegra no site do BNDES

A participação da BNDESPar é limitada a R$ 500 milhões por fundo e está restrita a 80% nas cotas de classe única e 90% nas cotas sêniores dos FIDCs. Entre os requisitos para seleção dos fundos está possuir patrimônio comprometido com investimentos em direitos creditórios de, no mínimo, R$ 100 milhões; ter prazo de, no mínimo, dois anos e, no máximo, seis; sediar a equipe do fundo no Brasil; entre outros.

Processo de seleção

As propostas serão analisadas em duas etapas. Na primeira, a BNDESPar checará se as informações enviadas atendem aos requisitos mínimos do edital. Na segunda, será feita uma priorização dos fundos considerando os seguintes critérios: captação comprovada, custos do fundo, política de investimento, rentabilidade esperada das cotas, compromisso de alocação e número de empresas beneficiadas.

Dúvidas podem ser esclarecidas pelo e-mail chamadampme@bndes.gov.br


Como os indicadores econômicos têm reagido à pandemia de Covid-19?

Confira no nosso canal do YouTube o vídeo completo do debate do Grupo Consultivo Macroeconômico, que foi transmitido ao vivo para os associados no workplace

As incertezas que a pandemia de Covid-19 provocou nas economias global e local estiveram no centro das discussões do Grupo Consultivo Macroeconômico, em debate exclusivo aos associados, transmitido ao vivo pelo workplace, na terça-feira, 5. O vídeo já está disponível na íntegra em nosso canal do YouTube. Confira!

Fernando Honorato, economista-chefe do Bradesco; Luiz Fernando Figueiredo, nosso diretor e sócio da Mauá Capital; e Ana Paula Vescovi, economista-chefe do Santander, representaram o grupo, que é formado por 22 economistas de grandes instituições associadas. Eles destacaram que, até agora, os efeitos mais relevantes da crise estão relacionados à queda da atividade econômica, à piora do desemprego, à deterioração do resultado primário e ao aumento da dívida pública no Brasil.

Veja a seguir as projeções e os comentários do grupo para os principais indicadores econômicos.

Selic e inflação
O cenário de crise tem estimulado o Copom (Comitê de Política Monetária) a manter a trajetória de queda da taxa básica de juros. Após o novo corte na quarta-feira, 6, que levou a Selic de 3,75% para 3%, as estimativas do grupo mostram que ela deve chegar a 2,5% no fim de 2020.

Para Luiz Fernando Figueiredo, há espaço para uma queda ainda mais agressiva. “O Brasil já tinha uma ociosidade grande na economia, que aumentou com a pandemia, principalmente pela diminuição da demanda por produtos e serviços. Precisamos agora de muito estímulo”, afirmou. Segundo ele, uma redução maior dos juros até o encerramento do ano seria uma das formas de o Banco Central impulsionar a recuperação da atividade econômica.

Entre os fatores que contribuem para os cortes na Selic está a inflação abaixo da meta do Banco Central, de 4%. As estimativas do grupo, que em janeiro eram de 3,2%, caíram para 2,1%.

PIB
Quanto à atividade econômica, os impactos da pandemia fizeram com que os economistas revisassem para baixo as projeções. Em março, as expectativas eram de que o PIB atingisse 1,5% no ano e agora apontam resultado negativo de 4%. “Caso se concretize, será uma das maiores contrações da história do país”, disse Fernando Honorato, que também preside o grupo na ANBIMA.

Mercado de trabalho
Outro reflexo da retração da economia atinge o mercado de trabalho. A projeção média para a taxa de desemprego no fim deste ano é de 14%. “Dois vetores devem influenciar esse resultado. Um deles é a profundidade e a duração da crise. O segundo é a mudança de comportamento da sociedade assim que o isolamento diminuir no país, ou seja, a forma como as pessoas vão retomar suas rotinas”, afirmou Honorato.

Resultado primário e dívida pública
O aumento dos gastos públicos, também por conta da pandemia, e o enfraquecimento da economia têm impactado diretamente o resultado primário. As projeções do grupo são de déficit primário de 8,1% do PIB no fim de 2020 (em março, a expectativa era de déficit de 1,61%).

Segundo Honorato, a deterioração do cenário primário tem como consequência natural o aumento da dívida pública. Os economistas ressaltaram que o governo não tem alternativa no momento que não seja a de apoiar famílias e empresas mais vulneráveis. Para Ana Paula Vescovi, um dos debates mais importantes hoje é como será a saída da crise, que vai levar o país a um maior endividamento. Ela apontou ainda que a rolagem da dívida pública dependerá da capacidade de o país passar pela crise e da retomada da agenda de reformas estruturais, assim que pandemia acabar.

Câmbio
O cenário de crise global, aliado às dúvidas sobre o tempo de duração da pandemia, ao fortalecimento do dólar e às incertezas da economia e da política local, tem se materializado na piora do câmbio, de acordo com o grupo. No começo de 2020, a projeção para o dólar no encerramento do ano era de R$ 4,10 – agora, a mediana das estimativas é de R$ 5,00.

Recuperação da economia
Durante o bate-papo, os economistas reportaram que a maioria do Grupo Consultivo Macroeconômico acredita na recuperação gradual da economia, que está ligada também à forma como a pandemia ainda vai se desenvolver no país. Para eles, tanto governo, quanto bancos, empresas e sociedade, devem sair endividados da crise, com crescimento potencial menor do PIB e comprometimento da renda disponível para consumo.

“Os impulsos ficais e monetário têm sido imensos, maiores inclusive do que a crise de 2008”, disse Ana Paula. Ela lembrou que esses estímulos do governo para auxílio ao setor privado, à sociedade e aos estados terão que ser pagos de alguma forma após o fim da crise, seja com aumento dos impostos ou com o comprometimento da renda por um tempo maior. “É importante ter clareza de que o Banco Central não gera recursos novos. Toda essa injeção de liquidez vem de capital do Tesouro. Não podemos perder de vista que estamos fazendo um acordo com nós mesmos para o futuro. Isso se transporta para a dívida pública e 90% dela é financiada pela sociedade”, completou.

Luiz Fernando reforçou que os programas de auxílio do governo não são e não podem ser financiados com recursos novos – uma emissão monetária poderia desequilibrar a economia e dificultar a saída do país do endividamento. Ele apontou ainda que, ao contrário de experiências passadas, hoje é possível lidar com a crise sem aumento dos juros.

Assista ao vídeo completo no YouTube e acompanhe também o relatório do Grupo Consultivo Macroeconômico.

Sobre o Grupo Consultivo Macroeconômico
O Grupo Consultivo Macroeconômico da ANBIMA é composto por 22 economistas de instituições associadas. Eles se reúnem a cada 45 dias, em média, sempre na semana que antecede a reunião do Copom (Comitê de Política Monetária, do Banco Central), para analisar a conjuntura econômica e traçar cenários para os mercados brasileiro e internacional.


 Títulos públicos apresentam ligeira recuperação em abril

Ativos de longo prazo tiveram os melhores resultados do mês

Os títulos públicos federais tiveram retornos positivos em abril com a redução da volatilidade no mercado, após ajustes nos preços dos ativos em março. De acordo com nosso boletim, o IMA-Geral, índice que representa esses papéis, teve rentabilidade de 0,86%, o que diminuiu a perda acumulada no ano para 0,14%.

+ Veja o Boletim de Renda Fixa na íntegra

Os ativos de longo prazo tiveram os melhores resultados do mês. O IMA-B5+, que reflete as NTN-Bs com prazos maiores do que cinco anos, teve ganho de 2,01% em abril. Em março, o subíndice havia recuado em 10,93%. Com o resultado positivo de abril, a queda acumulada no ano diminuiu de 10,62% para 8,82%. O IRF-M1+, que acompanha as LTNs e NTNs acima de um ano, apresentou retorno de 1,5% e soma rentabilidade de 2,96% em 2020.

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Os papéis com prazos mais curtos também tiveram desempenho positivo em abril. O IMA-B5, que acompanha títulos de até cinco anos, avançou 0,49% no mês, mas ainda mantém variação negativa no ano de 0,09%. O IRF-M1, que reflete ativos com prazo até um ano, rendeu 0,45%, acumulando rentabilidade de 1,88% em 2020. O IMA-S, que segue a trajetória da Selic com os títulos pós-fixados, avançou 0,27% no mês e 1,26% neste ano.

Debêntures
Entre os títulos de dívida das empresas, o destaque ficou com as debêntures incentivadas com vencimentos mais longos. O IDA-IPCA Infraestrutura, que acompanha esses ativos, rendeu 1,99% em abril, uma recuperação diante do recuo de 6,04% em março. No ano, o índice acumula queda de 2,61%. O IDA-Geral, que representa todas as debêntures, teve retorno de 0,88%, reduzindo a perda no ano para 3,28%.

+ Confira as mudanças no mercado e nossos esforços de diminuir os impactos da pandemia às instituições

Fonte: ANBIMA, em 07.05.2020