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Notícias: AMB, em 28.07.2025

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“Seremos o maior congresso médico do Brasil, o congresso de todo médico brasileiro”, disse o presidente da AMB ao encerrar o 3º Congresso de Medicina Geral

Após as últimas aulas médicas do 3º Congresso de Medicina Geral da AMB e três dias intensos de aprendizado, troca de experiências e debates enriquecedores que reafirmaram o compromisso da instituição com a excelência e a inovação na prática da medicina geral, teve início a cerimônia oficial de encerramento do evento. A solenidade foi conduzida pelo Dr. César Eduardo Fernandes, presidente da Associação Médica Brasileira (AMB), e contou com a presença do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, como convidado de honra.

Também compuseram a mesa de encerramento o Dr. Pedro Portari, presidente do Colégio Brasileiro de Cirurgiões – que representou todas as 54 sociedades de especialidades médicas filiadas à AMB; Dr. Florival Meinão, secretário-geral da AMB; Dr. Antônio José Gonçalves, presidente da Associação Paulista de Medicina (APM); Dr. Nerlan Carvalho, 2º vice-presidente da AMB; Dr. Etelvino de Souza Trindade, vice-presidente Região Centro-Oeste da AMB; Dr. Paulo Toscano, vice-presidente da AMB Região Norte; Dr. Juarez Molinari, vice-presidente Região Sul da AMB; Dr. José Eduardo Lutaif Dolci, diretor científico da AMB e presidente da Comissão Científica do congresso; Dr. Akira Ishida, diretor administrativo da AMB; Dr. Luiz Carlos Von Bahten, diretor de Comunicação da AMB; Dr. Romulo Capello Teixeira, diretor Cultural da AMB e presidente da Associação Médica do Estado do Rio de Janeiro (Somerj); e Dr. Luciano Gonçalves de Souza Carvalho, diretor para Assuntos Parlamentares da AMB.

“Estou muito impressionado com este modelo e com a qualidade do Congresso de Medicina Geral da AMB. Estivemos aqui durante os três dias e participamos de várias mesas. Fico feliz porque estou acostumado a frequentar eventos das especialidades, e ver um encontro como esse, que integra todas elas, é um avanço para a saúde. Parabéns à AMB, não apenas por este evento, mas por todas as iniciativas que pudemos ver no vídeo institucional, que também me impressionaram profundamente, especialmente pela retomada do papel da instituição na busca pela melhoria da formação médica no país”, destacou o ministro da Saúde.

Zé gotinha, personagem da campanha do governo federal pela vacinação, fez uma participação especial entrando na sala do evento enquanto Padilha discursava. O ministro o apresentou lembrando que “ele não é médico, mas ele faz muito pela saúde do país”, e aproveitou para alertar sobre o surto mundial de sarampo e a importância da vacinação. “Não neguem aos seus filhos o direito que seus pais não te negaram”.

O presidente da AMB iniciou sua fala agradecendo à presença de Padilha no CMG 2025. “Quero destacar que o ministério tem nos ajudado muito recebendo nossa visão crítica. Recentemente participamos do lançamento do projeto ‘Mais Especialistas’, sempre oferecendo nosso endosso com propósito contributivo. Sua presença dignifica nosso evento”.

Em seguida, destacou a singularidade do congresso. “Não há, no mundo, nenhum congresso com esse delineamento, algo extremamente valioso àquilo a que se propõe. Um evento jovem que, já em sua terceira edição, reuniu cerca de 2.500 médicos congressistas e contou com a participação de 440 professores convidados”.

Ao encerrar, o anfitrião projetou o futuro da iniciativa com entusiasmo. “Estou muito satisfeito com tudo o que vivenciamos aqui e quero concluir fazendo uma previsão: seremos o maior congresso médico do Brasil, o congresso de todo médico brasileiro”, concluiu o presidente da AMB.

Todos os demais convidados da mesa tiveram a oportunidade de realizar um breve discurso e se dedicaram a agradecer e elogiar a realização do congresso, além de reforçar a importância do médico generalista e como o foco na formação desse profissional é uma alavanca para a melhoria da qualidade da saúde pública do país.

Um exemplo foi o Dr. Dolci. “Estamos aqui porque acreditamos no trabalho que a AMB vem realizando nos últimos anos. Neste congresso, ao longo de três dias, nos encontramos com o Brasil, um evento de força inimaginável, com uma programação científica que contribui diretamente para aquilo que cada profissional considera mais essencial na formação e atuação do médico generalista”.

Reconhecimento dos trabalhos científicos

Parte da solenidade foi dedicada ao reconhecimento da produção científica, com a premiação dos trabalhos de maior destaque entre as centenas de pesquisas inscritas por estudantes de medicina, pesquisadores e profissionais da área médica, nas mais diversas especialidades. Os trabalhos foram compartilhados por meio de apresentações orais e também em formato de pôsteres, e, posteriormente, foram selecionados os três melhores em cada um dos dois formatos.

Confira quais foram os trabalhos científicos vencedores do 3º Congresso de Medicina Geral da AMB:

Melhor Tema Livre Oral

1º lugar – Análise de correlação espacial entre desmatamento e óbitos infantis em terras indígenas (2019-2023).

Autores: Raquel Porto Mendanha, Felipe Alves Pina, Mariana Casale De Andrade, Ana Julia Casale De Andrade, Julia Fernandes De Carli, Edinéia Melo Hoffmann, Rangel Bandeca Rodrigues, Érico De Carvalho Abdala, Amanda Oliva Spaziani – Universidade Brasil.

2º lugar – Cibercondria: a ansiedade gerada pela internet como fonte de informaçao em saúde e o impacto no desfecho do tratamento em crianças com doenças colorretais.

Autores: Mayara Souza Ribas Castor, Anna Carolina Vale Costa, Wellen Cristina Canesin, e Fabio Antonio Perecim Volpe – Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto.

3º lugar – Engenharia biomédica como ferramenta para avaliar a evolução de feridas crônicas na atenção primária à saúde.

Autores: Fernanda Moreira Costa, Victória Luiza Macedo Miranda Baldim, Bianca Alvissus Camargo Santos Pereira, Giovanni Alvissus Camargo Giampauli e Willians Principe Fernandes – Faculdade de Ciências Médicas de São José Dos Campos.

Melhor Tema Livre Pôster

1º lugar – Superexpressão de versican como um novo biomarcador no diagnóstico do câncer de mama.

Autores: Pedro José Correia Ferraz, Giovana Passeti Andrade da Silva, Luiza Napolitano de Arruda, Maria Aparecida Silva Pinhal e Carina Mucciolo Melo – Centro Universitário FMABC.

2º lugar – Impacto da poluição industrial no desenvolvimento da doença pulmonar obstrutiva crônica: uma revisão sistemática da literatura.

Autores: Gabriel Tieppo Goncalves Camacho, Victoria Natalia Oliveira Artuzo, Alessandra Cristina Guedes Pellini – Universidade Nove de Julho.

3º lugar – Análise dos óbitos e cobertura vacinal no contexto de meningite bacteriana no brasil na população pediátrica nos anos de 2014 e 2024.

Autores: Rebeca Silva Pedreira Martin, Lavinia Yara Nicolas Barbosa, Isabella Camargo Garcia, Gabriela San Juan Grubisici Araujo Rodrigues – Universidade Nove de Julho.

A solenidade foi encerrada com a apresentação do vídeo institucional com o anúncio da edição de 2026 do Congresso de Medicina Geral da AMB.

FOTOS DO ENCERRAMENTO DO 3º CONGRESSO DA AMB


Dr. Pedro Eder Portari Filho destaca: “A atuação do cirurgião geral é fundamental para a resolutividade da atenção médica”

No último dia do 3º Congresso de Medicina Geral da Associação Médica Brasileira (AMB), a Cirurgia Geral foi tema de uma mesa-redonda que reuniu especialistas de referência nacional para discutir pontos centrais da especialidade. Entre os temas abordados, estavam o atendimento ao trauma abdominal, as urgências abdominais não traumáticas, as condutas cirúrgicas e o papel estratégico do cirurgião geral na assistência, especialmente em regiões com acesso restrito a especialistas.

Sobre o atendimento ao trauma, Dr. Luiz Carlos Von Bahten, diretor e coordenador dos Cursos de Advanced Trauma Life Support/Pre Hospital Trauma Life Support, pontuou que a padronização de condutas e o preparo técnico constante das equipes fazem toda a diferença nos desfechos clínicos. “Cada minuto conta. É preciso manter treinamento contínuo e protocolos bem definidos para garantir os melhores resultados aos pacientes”, afirmou.

Entre os destaques da discussão, Dr. Paulo Roberto Corsi, professor de Técnica Cirúrgica da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, tratou do abdômen agudo cirúrgico não traumático, chamando atenção para os cuidados em cirurgias de grande porte. Segundo ele, esses procedimentos envolvem perda significativa de líquidos, ativação inflamatória e alterações na perfusão. “A atenção à reposição volêmica e ao manejo criterioso dos fluidos é fundamental para garantir a estabilidade do paciente e o sucesso do tratamento”, ressaltou.

Paralelamente, Dr. Edivaldo Utiyama, membro titular e diretor do Setor VI do CBC, abordou o trauma abdominal, chamando atenção para a necessidade de resposta rápida diante de quadros que podem evoluir silenciosamente. “A definição de protocolos e a capacidade de atuar com agilidade fazem toda a diferença nesses casos”, enfatizou.

Encerrando a rodada de exposições, Dr. Pedro Eder Portari Filho, presidente do Colégio Brasileiro de Cirurgiões (CBC), ressaltou o papel estratégico da Cirurgia Geral como pilar da assistência hospitalar. “A atuação do cirurgião geral continua sendo vital, especialmente onde há maior dificuldade de acesso à saúde especializada”, afirmou. O especialista defendeu a valorização da especialidade e a necessidade de investimentos permanentes na formação e atuação desses profissionais.

O palestrantes da mesa-redonda reforçaram ainda a Cirurgia Geral como base estrutural do sistema de saúde e evidenciou como o conhecimento cirúrgico é indispensável ao médico generalista. Para os especialistas, reconhecer sinais de urgência, adotar condutas iniciais adequadas e saber quando encaminhar um paciente para avaliação cirúrgica são competências fundamentais para garantir um atendimento seguro, eficaz e resolutivo na ponta da rede.


“Estudar é a base da boa medicina”, aponta Dr. Fernando Antônio de Andrade, no debate sobre Cirurgia Plástica

No último dia do 3º Congresso de Medicina Geral (CMG) da Associação Médica Brasileira (AMB), realizado neste sábado (26), a mesa-redonda sobre Cirurgia Plástica reuniu grandes especialistas em torno de debates sobre estética, reconstrução e inovação científica.

O presidente da Sociedade de Medicina de Alagoas (SMA), Dr. Fernando Antônio de Andrade abriu os trabalhos destacando a importância da busca contínua por conhecimento. “Com pouca leitura você pode fazer o mínimo na medicina, mas para fazer bem feito, atendendo à necessidade do paciente, é fundamental estudar e sempre procurar se atualizar.”

Reconhecido por sua atuação humanizada, o especialista reforçou que ouvir e interpretar as necessidades do paciente são atitudes essenciais para manter a eficácia da prática médica.

Na sequência, a cirurgiã plástica Dra. Cristina Pires Camargo, coeditora da seção de queimados da PRSGO e pesquisadora líder do Grupo Global Health, apresentou os avanços da medicina regenerativa e suas aplicações na prevenção do envelhecimento. Segundo ela, o uso de tecidos autólogos tem substituído materiais comerciais, oferecendo maior retenção e resultados mais naturais. Essas técnicas têm sido incorporadas tanto em procedimentos estéticos quanto reparadores, com potencial para reestruturar a pele de maneira funcional e integrada.

EM sua participação, Dr. Cleyton Dias Souza, regente do Serviço de Cirurgia Plástica da Santa Casa de Misericórdia de Barretos, trouxe à discussão o papel do cirurgião plástico nos hospitais oncológicos. Ele defendeu que reconstruir não é apenas corrigir formas, mas restaurar dignidade e autoestima. “A reconstrução é uma arte que exige sensibilidade. Não se trata de fechar um defeito, mas de restaurar a humanidade após algo devastador”.

Além disso, compartilhou os obstáculos enfrentados na área reparadora, como a escassez de concursos e oportunidades. Para o Dr. Cleyton, foi necessário construir uma carreira sólida, investindo em especializações e mantendo empatia com o paciente.

Opinião reiterada pelo cirurgião plástico Dr. Fábio de Freitas Busnardo, médico chefe da Cirurgia Plástica Reparadora do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, que abordou a clássica distinção entre cirurgia estética e reparadora. Para o médico, ambas compartilham fundamentos como forma e função. Ele argumentou que o trabalho do cirurgião deve ir além das limitações impostas pelos convênios médicos, considerando as reais necessidades do paciente – seja alguém que passou por cirurgia bariátrica, ou que sofra com envelhecimento cutâneo, ou ainda se precisa de reconstrução após tratamento oncológico.

Por fim, o professor associado livre docente da Unifesp, Dr. Miguel Sabino Neto, reforçou a importância da cirurgia plástica como promotora da saúde e da qualidade de vida. “Reconstrução ou estética, ambas focam na qualidade de vida e saúde. Esse é o ponto de partida fundamental para entender a sensibilidade de cada paciente.”

Dr. Migurel também enfatizou a necessidade de manter a especialidade integrada às demais áreas da medicina, destacando que o cirurgião plástico deve ser um profissional completo e atuar em sintonia com toda a equipe multidisciplinar.


Câncer de Pulmão, Tabagismo e Apneia do Sono: tratamentos e prevenções necessárias

No último dia do CMG 2025, Dr. Gustavo Faibischew Prado ao abordar ‘Diagnóstico e Manejo do Câncer de Pulmão’ iniciou sua palestra afirmando que o câncer do pulmão é a neoplasia que mais mata no mundo, com uma média de 2,5 milhões. Segundo ele, as causas estão, principalmente, no uso do cigarro, e o diagnóstico tardio da doença.

Ele ainda explicou que, para que haja uma diminuição, o ideal é obter um diagnóstico precoce de rastreamento com pacientes de 50 a 80 anos que tenham fumado por 15 anos. Se feitas tomografias anuais com eles, é possível antecipar tratamentos quando “achados” os casos.

O papel dos times multidisciplinares para a decisão de casos clínicos de câncer do pulmão é fundamental, pois quando tratados com profissionais de forma integrada há uma garantia de oferta de melhor qualidade no tratamento. “Não adianta fazer uma cirurgia que seja indicada no ponto de vista patológico mas fútil no ponto de vista clínico…apoiar em exercícios físicos e na alimentação influenciam, por exemplo”, complementou. “O papel do clínico e do pneumologista transcendem essa jornada”, finalizou o médico especialista.

Dr. Pedro Rodrigues Genta, ao apresentar o tema ‘Diagnóstico e Manejo da Apneia do Sono’, falou que os sintomas mais comuns são: ronco, sonolência, cefaleia matinal até pesadelos, entre outros, como o paciente com sono perturbado. “Existem vários tipos de diagnósticos. O método tradicional é o exame de polissonografia no laboratório, mas há também como fazer em domicílio, sendo que no primeiro há acompanhamento técnico, porém o segundo é mais confortável ao paciente”, explicou.

Além disso, o especialista diz que há o tratamento cirúrgico, mas ele não é a primeira opção. A forma mais comum de se tratar é o manejo com o uso do CEPAP, podendo ser feita a titulação de pressão dele de forma manual (no laboratório do sono), automática (uma forma mais simples com aparelho que se autoajusta), e de telemonitoramento (quando é feita uma definição de pressão por fórmula).

“É importante lembrar que snus e rapé também – apesar de não terem fumaças – são caracterizados como tabagismo, além de cachimbos, narguilés, cigarros de papel ou convencional – forma mais comuns do uso do tabaco -, cigarro de palha (nas áreas rurais e um apelo entre jovens)”, explanou a Dra. Maria Vera Cruz de Oliveira Castellano em sua apresentação sobre ‘Diagnóstico e Manejo do Tabagismo’.

Segundo ela, o cigarro eletrônico com o seu apelo tecnológico atrai demais os jovens. “Já estamos na quarta geração deles e eles causam mais dependência que a nicotina simples”, disse. Além disso, precisamos lembrar que ainda existe o tabagismo passivo (ou secundário) e o terciário quando os componentes da fumaça impregnam o ambiente, se misturando a outras poeiras. “Os cigarros eletrônicos são nosso desafio atual e é necessária uma boa relação médico-paciente”, finalizou.

A mesa-redonda foi coordenada pela Dra. Jene Greyce Oliveira da Cruz e pelo Dr. Ricardo de Amorim Corrêa.


Tratamentos em otorrinolaringologia: quando devemos usar ou não antibióticos nos tratamentos

Na mesa-redonda de Otorrinolaringologia, o Dr. Saulo Oliveira tratou o tema ‘Faringo Amigdalites Agudas’. Ele explicou que na infecção bacteriana é considerado o uso de antibiótico e alguns sintomas são quando o paciente apresenta febre e ausência de tosse. Segundo o médico, o teste rápido pode ser usado para tomada de decisão do uso ou não do antibiótico, mas essa definição é feita através do exame de cultura.

Entre as complicações das faringotonsilites são os abcessos que podem trazer casos mais dramáticos, já que eles podem se estender para outras áreas, podendo gerar tromboses e flebites em alguns casos. Dr. Saulo ainda lembrou que um diagnóstico bastante importante é a Febre Periódica, Estomatite Aftosa, Faringite e Adenite (PFAPA).

Já Dra. Renata Pilan, ao falar sobre ‘Atualidades no diagnóstico e tratamento das rinossinusites’ explicou que o diagnóstico clínico da rinossinusite é feito com as presenças de pelo menos dois sintomas, entre obstrução/congestão nasal, rinorreia anterior ou posterior, dor ou pressão facial, redução ou perda do olfato, sendo obrigatório um dos dois primeiros citados.

Ela explicou que a rinosinusite é aguda se os sintomas aparecem em menos de 12 semanas. Já os considerados crônicos permanecem acima desse período. No caso de rinossinusite viral, a conduta inclui analgésico, descongestionante oral e lavagem nasal, sendo esta recomendada com uso de água filtrada e fervida, em temperatura ambiente ou morna. Por outro lado, a rinossinusite bacteriana é quando há dupla piora ou quando os sintomas não desaparecem após 14 dias. “Muito cuidado com antibióticos para não criar resistência”, alertou a médica.

Na palestra sobre ‘Paralisia Facial Periférica’, o Dr. Edson Ibrahim Mitre explicou que há poucas emergências em Otorrinolaringologia, e, no caso da paralisia facial periférica, o tempo é a chave. Para avaliar, há exames, como o Eletroneurografia, feito em até quatorze dias, que avalia o potencial elétrico de somação, feito em superfície, e se compara um lado com outro. Já a eletromiografia, realizada após 14 dias, é feita com agulhas e chega até o músculo. A ressonância magnética é usada em casos infecciosos, como otite média aguda e herpes zoster.

O tratamento nesses casos é realizado, incialmente, com o uso de corticoide e com o encaminhamento imediato do paciente ao otorrinolaringologista. “O colega neurologista que me perdoe, mas, nestes casos, é preciso que o paciente vá ao otorrino e não ao neuro, e inicie o tratamento imediatamente para que seja conhecida a anatomia e fisiopatologia, se faça o diagnóstico etiológico para o tratamento baseado na etiologia e, assim, fazemos a descompressão periférica em casos não-cirúrgicos”, concluiu.

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“Rastrear o câncer de pulmão é urgente, mas ainda enfrentamos barreiras no Brasil”, alerta Dr. Wolfgang Aguiar

A detecção precoce do câncer de pulmão e os desafios da Cirurgia Torácica no sistema público foram temas centrais da mesa-redonda realizada no último dia do 3º Congresso de Medicina Generalista (CMG), promovido pela Associação Médica Brasileira (AMB). A moderação ficou a cargo do Dr. Artur Serra Neto, presidente da AMB-MA, que conduziu o debate com especialistas da área.

Entre os participantes, o Dr. Wolfgang Aguiar, membro da Diretoria Executiva da Sociedade Brasileira de Cirurgia Torácica (SBCT) e do Grupo Brasileiro de Oncologia Torácica (GBOT), chamou atenção para a necessidade de implementar políticas de rastreamento do câncer de pulmão, com foco em pacientes de alto risco. “Precisamos fazer o rastreamento, e o exame mais indicado é a tomografia. Raio-x não vai resolver”, destacou. Para ele, o Brasil precisa tratar o câncer de pulmão com a mesma seriedade com que já rastreia neoplasias como o câncer de mama.

Dr. Wolfgang também alertou para obstáculos que ainda impedem a aplicação prática dessas diretrizes no país, como a escassez de equipamentos, barreiras culturais, estigma e ausência de protocolos nacionais. “Nos próximos 30 anos, o câncer de pulmão será responsável pelo maior custo em saúde oncológica. Rastrear precocemente significa não só salvar vidas, mas também gerar economia para o sistema público”, enfatizou.

Para o Dr. André Miotto, professor adjunto da Disciplina de Cirurgia Torácica da Escola Paulista de Medicina da UNIFESP, a Cirurgia Torácica é como uma ferramenta que pode adiar a morte e oferecer qualidade de vida para pacientes de alta complexidade. Ele ressaltou a importância de decisões rápidas e do trabalho conjunto entre as especialidades. “A atuação integrada é essencial para alcançar os melhores desfechos”, afirmou.

Já o Dr. Alessandro Mariani, diretor de Assuntos Internacionais da SBCT, tratou das complicações cirúrgicas relacionadas à pneumonia, como o empiema e o abscesso pulmonar. Embora sejam situações menos frequentes, ele explicou que a cirurgia pode ser indicada em casos com derrame pleural ou espessamento. “A investigação começa com o raio-X, mas é a tomografia que realmente direciona a conduta. O problema é que muitos hospitais não têm acesso a esse exame”, lamentou.

Fechando o debate, o Dr. Artur Serra Neto questionou como garantir rastreamento de qualidade diante da falta de tomógrafos em diversas regiões do país. “Esse é um gargalo fundamental. Precisamos pensar em como garantir acesso ao diagnóstico precoce para além dos grandes centros urbanos”, afirmou.


“Escolher a IA não adequada é como usar o martelo quando você precisa de um alicate”, alerta o Dr. Davi Ferreira Soares

As múltiplas aplicações da inteligência artificial na medicina foram tema de uma mesa-redonda que projetou o futuro e o presente da prática clínica no 3º Congresso de Medicina Geral da AMB. Especialistas debateram desde o uso da IA generativa além do ChatGPT, passando pela interdependência entre dados clínicos e algoritmos inteligentes, até o papel dos assistentes virtuais como ferramentas de suporte na rotina médica.

A discussão evidenciou como a incorporação estratégica da IA pode otimizar diagnósticos, personalizar tratamentos e ampliar a eficiência no atendimento, sem substituir a sensibilidade humana essencial à medicina. A responsabilidade da coordenação do debate ficou com o Dr. Antonio Carlos Endrigo, diretor da Associação Paulista de Medicina, e presidente da Comissão de Saúde Digital da AMB, e o Dr. Enrico Stefano Suriano, membro da Comissão Nacional do Médico Jovem da AMB.

Inteligência artificial generativa na saúde

O painel teve início com a palestra do Dr. Davi Ferreira Soares, médico e engenheiro de IA na Voa Health, empresa brasileira voltada ao desenvolvimento de soluções de inteligência artificial para médicos. O especialista iniciou sua apresentação explicando, de forma acessível, os aspectos técnicos da IA generativa, desde o processamento de dados até sua aplicação específica na área da saúde.

Ele comentou brevemente sobre como a inteligência artificial vem sendo utilizada em diversos setores: na bioinformática em laboratórios, com precisão já variando entre 62% e 76%; na pesquisa científica, simulando ensaios clínicos, como ocorreu no desenvolvimento acelerado das vacinas contra a covid-19; no diagnóstico por imagem; na integração multimodal de dados, e na automação de documentos, que, atualmente, consomem cerca de 50% do tempo dos atendimentos médicos. Para cada um desses usos, o palestrante apresentou exemplos de ferramentas já disponíveis no mercado.

Apesar dos avanços, Dr. Davi fez um alerta importante sobre os riscos associados ao uso da IA, como as chamadas “alucinações”, que são respostas incorretas geradas pela falta de dados ou pela degeneração de contexto, e a imperícia no manuseio das ferramentas. “A escolha errada da IA é como usar um martelo quando você precisa de um alicate”, exemplificou.

Inteligência artificial nos dados clínicos e na rotina médica

Com a proposta de aprofundar o debate sobre dados clínicos na era da inteligência artificial, o painel contou com a participação do Dr. Paulo Salomão, conselheiro do HL7 Brasil, organização responsável pela padronização da troca de dados em saúde, e criador do primeiro prontuário eletrônico Web do país.

O especialista iniciou sua apresentação elogiando o 3º Congresso de Medicina Geral da AMB pela presença do tema IA em diversas palestras, destacando que, em geral, esse tipo de abordagem é mais comum em grandes eventos voltados especificamente à tecnologia. Em seguida, detalhou como ocorre o processamento dos dados clínicos por ferramentas baseadas em IA, os fundamentos legais que embasam seu uso e de que forma essas soluções podem ser integradas à jornada do paciente, promovendo mais eficiência, segurança e personalização no cuidado em saúde.

Dr. Matheus Feliciano da Costa Ferreira, médico especialista em Inteligência Artificial Aplicada à Saúde e Educação, contribuiu com o painel trazendo o foco para o uso da tecnologia no apoio ao diagnóstico médico. Um dos principais destaques de sua apresentação foi a reflexão sobre o chamado ‘paradoxo da colaboração’ entre médicos e sistemas de IA na prática clínica, ilustrada com dados estatísticos de estudos científicos. Ele falou como a interação entre profissional e tecnologia pode tanto potencializar a tomada de decisão quanto levantar desafios éticos e operacionais, reforçando a importância do preparo técnico e do pensamento crítico no uso dessas ferramentas.


Asma, pneumonias e tuberculose: diagnóstico e manejo nas doenças respiratórias em debate no 3º Congresso da AMB

“Asma é uma doença extremamente prevalente. Ela é frequente e tratada de forma inadequada como uma doença aguda e recorrente, sem tratamento durante as intercrises”, explicou Dr. Emilio Pizzichini em sua palestra sobre “Diagnóstico e Manejo da Asma”.

Segundo ele, a asma é uma doença heterogênea, complexa e variável caracterizada por inflamação crônica das vias aéreas. “Normalmente as crises de asmas são causadas por gatilhos, tanto as de infecções virais quanto bacterianas”, disse. “Asma não tem cura, asma tem controle”, complementou o especialista. Sendo assim, ao ser feito o controle, é possível evitar riscos futuros, que vão desde exacerbações até a morte.

Na apresentação do Dr. José Tadeu Colares sobre ‘Diagnóstico das Pneumonias Comunitárias e nosocomiais’, o médico explanou que, no caso de um quadro clínico da pneumonia, há dois cenários: resposta inflamatória local e resposta inflamatória sistêmica. Piora da tosse, produção de expectoração seguida de exame físico com ausculta, febre e apneia são sintomas que precisam ser considerados. A tomografia é um exame de escolha em pacientes que não se vê melhora clínica.

Além disso, testagens frequentes de SARS-CoV-2 e Influenza são recomendas. “Quando se fala em recomendações para o tempo do tratamento, o cenário ideal é sempre uma boa relação médico-paciente”, explicou Dr. José.

Dr. Sidney Bombarda, ao abordar ‘Diagnóstico e Manejo da Turberculose’, diz que há ainda um número considerável de diagnóstico da doença no nosso país, acarretando uma média de 5 mil mortes por ano. O diagnóstico clínico tem como quadro clássico tosse, febre, sudorese noturna e emagrecimento.

Um avanço na área foi o Teste Molecular Rápido (TRM-TB) que, dentre algumas características, com 13 bacilos já se consegue fazer o diagnóstico, por exemplo. Feito o teste, precisa saber se ela é sensível ou resistente. “Nos retratamentos, o TRM não é válido porque ele sempre dará positivo”. Há, ainda, critérios para solicitação de cultura e teste de sensibilidade quando existe risco de resistência medicamentosa.

Quando mencionado sobre os testes PT ou IGRA, o especialista diz que não é necessário repeti-los em casos positivos. “Se o teste de PT ou IGRA der positivo, é sinal de que há tuberculose latente, não é necessário repetir”, complementou Dr. Sidney.

A mesa-redonda sobre Pneumologia e Tisiologia teve como coordenadores o Dr. Ricardo de Amorim Corrêa e o Dr. Carlos Alberto Gomes dos Santos.


“Má qualidade do sono está associada a diversas comorbidades e impactos no cotidiano”, alerta Dra. Rosa Hasan

O sono como peça-chave na prática médica foi o foco de uma das mesas redondas do último dia do 3º Congresso de Medicina Geral da AMB. Especialistas abordaram desde os impactos das comorbidades no padrão de sono até as consequências clínicas de distúrbios como a apneia e o ronco.

Os destaques foram a relevância do sono na gestão de doenças crônicas e na qualidade de vida dos pacientes, orientações sobre como conduzir, de forma ética e eficaz, as queixas relacionadas à insônia, e os riscos silenciosos dos distúrbios respiratórios do sono, muitas vezes subestimados no cotidiano clínico.

Com coordenação do neurologista Dr. Fernando Gustavo Stelzer, médico especialista em Medicina do Sono pela AMB e assistente do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP, a mesa reforçou a importância de que médicos generalistas estejam atentos ao sono como um marcador essencial de saúde.

Importância do sono na prática médica

O painel foi aberto pela Dra. Rosa Hasan, médica neurologista e especialista em Medicina do Sono pela AMB, responsável pelo serviço de Medicina do Sono do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da FMUSP e pelo setor de polissonografia do Alta Excelência Diagnóstica. Ela iniciou sua apresentação com uma definição enfática: “O sono é um processo fisiológico essencial para manter a nossa saúde física e mental. Na prática médica, a avaliação e a promoção de um sono adequado são fundamentais, pois a privação ou a má qualidade do sono estão associadas a diversas comorbidades e impactos negativos no cotidiano dos pacientes.”

Durante sua fala, apresentou uma escala que relacionava faixas etárias às horas de sono recomendadas, destacando que, com o passar dos anos, essa necessidade tende a diminuir. Para adultos entre 18 e 64 anos, a média ideal varia entre 7 e 9 horas por noite. A médica ainda ressaltou as consequências de um sono de má qualidade, amplamente documentadas por estudos científicos: prejuízos à memória e à atenção, comprometimento do sistema imunológico, problemas cardíacos, alterações na aparência e na sexualidade, ganho de peso, dificuldade de concentração, variações de humor e até aumento no risco de acidentes e no comprometimento da saúde mental.

Atualmente, mais de 50 CIDs estão relacionadas a distúrbios do sono – entre elas, insônia, apneia obstrutiva do sono e síndrome das pernas inquietas. Por isso, a Dra. Rosa enfatizou a importância de valorizar o sono já na anamnese, abordando comorbidades associadas, e sempre que necessário, encaminhando o paciente para avaliação especializada.

Medicamentos para dormir

Para introduzir o tema do uso de medicamentos na abordagem dos distúrbios do sono, assumiu o palco o Dr. Alexandre Pinto de Azevedo, médico psiquiatra assistente do Programa de Transtornos do Sono do Instituto de Psiquiatria, professor da Residência Médica em Medicina do Sono do HCFMUSP, docente do Curso de Especialização em Medicina do Sono do InCor-HCFMUSP e coordenador científico da Comissão de Sono da Associação Paulista de Medicina.

Em sua apresentação, o especialista destacou a importância de especificar detalhadamente as queixas relacionadas ao sono para que se possa realizar um diagnóstico preciso e, consequentemente, uma prescrição adequada. “É essencial diferenciar, por exemplo, um quadro de insônia crônica de outros diagnósticos diferenciais que apenas simulam insônia”, alertou.

Entre os exemplos apresentados, Dr. Alexandre explicou que, nos casos em que o paciente relata dificuldade para iniciar o sono, as causas podem incluir má higiene do sono, atraso da fase do sono (como consequência de horários irregulares para despertar) ou ainda a síndrome das pernas inquietas. Esta última também pode estar presente em pacientes com dificuldade para manter o sono, assim como a apneia obstrutiva. Cada um desses distúrbios, isolados ou combinados, exige protocolos específicos de tratamento e, quando necessário, intervenções farmacológicas personalizadas.

Para colaborar com o tema, assumiu a fala o Dr. Danilo Anunciatto Sguillar, secretário de Departamento de Medicina do Sono da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-facial. Ele trouxe para o painel o foco no ronco e seus reflexos na saúde do paciente. Um dos destaques de sua fala é que, apesar da associação ser bastante comum, nem sempre o ronco está associado a apneia do sono. Um pode acontecer sem o outro e deve ser avaliado com atenção para o diagnóstico.

Fonte: AMB, em 28.07.2025.