“HDS na Trilha do Respeito”: Uma Caminhada Lúdica e Transformadora pela Ética no Ambiente de Trabalho


Por Cledma Pereira Ludovico de Almeida
Introdução
No Hospital Estadual de Dermatologia Sanitária Colônia Santa Marta (HDS), a promoção de um ambiente de trabalho saudável, inclusivo e respeitoso sempre foi uma prioridade. Dentro desse compromisso institucional, surgiu uma iniciativa inovadora: o jogo “HDS na Trilha do Respeito”, idealizado pela Supervisora da Experiência do Paciente e da Ouvidoria, Cledma Pereira Ludovico de Almeida, como resposta à necessidade de tratar com seriedade e sensibilidade temas delicados como assédio e discriminação. Inspirado por vivências reais, mas construído sobre situações fictícias cuidadosamente elaboradas, o jogo se estabeleceu como uma ferramenta lúdica, educativa e engajadora, capaz de sensibilizar, instruir e transformar comportamentos nos diversos setores do hospital. A proposta não era apenas informar, mas gerar um movimento participativo de reflexão, construção coletiva e fortalecimento de valores éticos no cotidiano hospitalar. Com base na compreensão de que o respeito deve permear todas as relações interpessoais — entre profissionais, pacientes e gestores — a dinâmica foi criada para integrar todos os turnos e equipes da instituição. Assim, nasceu o “HDS na Trilha do Respeito”: uma estratégia acessível, replicável e potente para o enfrentamento de práticas discriminatórias e a consolidação de uma cultura organizacional mais justa.
Estrutura e Funcionamento: A Dinâmica da Trilha
Projetado com objetividade e clareza, o jogo tem duração média de 40 minutos por sessão, podendo ser aplicado a até quatro jogadores ou equipes. Cada partida é conduzida por um colaborador previamente capacitado, que atua como facilitador do processo. Cabe a ele iniciar a sessão com a leitura do prelúdio do jogo, contextualizando os participantes sobre o propósito da dinâmica e reforçando sobre os conceitos de assédio e discriminação no ambiente de trabalho. Em seguida, os jogadores lançam os dados para determinar a ordem de início. O número obtido também define o avanço pelas casas do tabuleiro. Cada casa corresponde a uma carta. Há 50 cartas disponíveis — todas elas descrevendo situações fictícias, porém inspiradas em ocorrências comuns no ambiente de trabalho, como assédios moral e sexual, racismo, capacitismo, LGBTfobia e outras formas de discriminação. A cada carta, os jogadores são convidados a refletir, discutir e propor a resposta mais adequada à situação. A resposta correta confere pontuação ao jogador ou à equipe, estimulando o raciocínio crítico e a internalização de atitudes respeitosas. Ao fim da sessão, todos os participantes recebem reconhecimento pelo envolvimento, e aquele que acumular a maior pontuação recebe a simbólica e honrosa certificação de Embaixador do Respeito no Ambiente de Trabalho.
A Importância da Dinâmica para o HDS
A implantação do jogo se revela, na prática, uma estratégia robusta de humanização das relações laborais e de fortalecimento institucional. No HDS, que carrega uma história marcada pela superação de estigmas relacionados à hanseníase, a promoção de um ambiente onde o respeito seja valor inegociável é também uma reparação histórica e um compromisso contínuo com a dignidade de todas as pessoas. Além disso, o jogo representa uma forma prática de alinhamento à política institucional de integridade e compliance da Associação de Gestão, Inovação e Resultados em Saúde (AGIR), reforçando as diretrizes éticas e incentivando todos os trabalhadores a serem agentes ativos na promoção de uma cultura respeitosa. Ao jogar, refletir e dialogar, cada colaborador se torna multiplicador desses valores, ampliando o impacto da iniciativa em toda a organização.
Benefícios Concretos da Trilha do Respeito
A dinâmica tem produzido efeitos notáveis e mensuráveis na rotina do HDS. Dentre os principais benefícios, destacam-se:
1. Conscientização e Educação;
2. Ambiente de Trabalho Mais Saudável;
3. Desenvolvimento de Habilidades Socioemocionais;
4. Fortalecimento de Laços Institucionais;
5. Alinhamento à Ética e à Identidade Institucional – Ao tornar explícito que comportamentos inadequados não são tolerados, o HDS reafirma seu compromisso com o respeito, a diversidade e a integridade.
Conclusão: Um Caminho que se Faz Jogando
Ao implementar o “HDS na Trilha do Respeito”, o Hospital Estadual de Dermatologia Sanitária Colônia Santa Marta dá um passo valente e necessário em direção à construção de um ambiente de trabalho mais justo, seguro e acolhedor. Mais do que um jogo, essa dinâmica representa uma convocação à consciência coletiva, à escuta ativa e ao compromisso com valores que humanizam as relações profissionais. Em tempos de polarizações e incertezas sociais, oferecer espaços para o diálogo ético e para o enfrentamento de comportamentos prejudiciais torna-se essencial. O “HDS na Trilha do Respeito” é, portanto, mais do que uma boa prática institucional: é uma política transformadora, um convite ao protagonismo ético e um instrumento de cuidado com quem cuida.
A cada nova rodada, a cada nova carta debatida, reafirma-se no cotidiano do HDS o que deveria ser premissa em toda instituição de saúde: o respeito não é uma escolha — é um dever compartilhado.
Cledma Pereira Ludovico de Almeida é idealizadora do projeto e supervisora da Experiência do Paciente e da Ouvidoria do Hospital Estadual de Dermatologia Sanitária Colônia Santa Marta
* A opinião manifestada é de responsabilidade dos autores e não é, necessariamente, a opinião do IES
Fonte: Instituto Ética Saúde, em 22.05.2025.