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Funcesp - Medidas para resguardar investimentos durante a crise

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A crise econômica sem precedentes provocada pela pandemia do novo coronavírus, e agravada com a questão do petróleo, atingiu fortemente o mercado mundial de ações no primeiro trimestre de 2020 (particularmente no mês de março), com impactos profundos nos resultados de investimentos.

Diante disso, a Funcesp realizou, na última quarta-feira, 8 de abril, reunião extraordinária com os Comitês Gestores dos planos de previdência da entidade para abordar os reflexos deste novo cenário nos resultados dos investimentos e apresentar medidas para mitigar as perdas, inevitáveis em um momento como este.

A venda de alguns ativos, principalmente de maior risco, como ações e fundos multimercados, logo no início da crise – antes da queda mais abrupta de preços – foi uma das principais estratégias adotadas, o que permitiu reforçar o caixa em R$ 2,6 bilhões e proteger o patrimônio. 

Ao todo, a Funcesp se desfez de R$ 1,2 bilhão de renda variável, equivalente a 27% do total de renda variável doméstica, com o índice IBOVESPA em um patamar médio de 104.100 pontos; reduziu em aproximadamente 20% os investimentos em fundos imobiliários, além de ter resgatado cerca de R$ 850 milhões de fundos multimercados.

Além disso, para reforçar ainda mais o caixa, foram vendidos R$ 440 milhões de NTN-B (títulos públicos), com vencimento em 2035 e taxa média de 3,40%. 

Incertezas – Ao fazer um panorama do atual cenário, o diretor de Investimentos e Patrimônio da Funcesp, Jorge Simino Junior, explicou que a gravidade da crise atual se dá, principalmente, porque o grau de incerteza continua imenso, seja no plano da evolução do problema médico propriamente dito, seja no campo econômico-financeiro. Como o cenário é negativo e as perspectivas de recuperação são limitadas, a Funcesp optou pela estratégia de controlar as perdas, em vez de focar na busca de rentabilidade no curto prazo para fazer frente à meta atuarial.

“Como resultado dessas circunstâncias, logo após as medidas para reforçarmos nosso caixa, a gestão de investimentos passou a se pautar por uma abordagem de controle de danos, e não simplesmente tentar recuperar a diferença de resultado versus meta atuarial, visto que isso implicaria em uma tomada de riscos incompatível com os objetivos de longo prazo dos planos”, explicou.

Seguindo esta estratégia, também foi criado um novo fundo de ações, chamado Pirineus, que tem como foco ações de empresas que tenham robustez financeira para enfrentar a crise, boa governança, sejam destaque em seus respectivos segmentos e, principalmente, que tenham valor de compra muito atrativo. O fundo será administrado internamente e a aplicação será limitada à faixa de até dois pontos percentuais dos recursos garantidores, no caso dos planos BSPS, e até quatro pontos percentuais dos recursos garantidores, no caso dos planos BD e CV.

Simino destacou que, como fundo de pensão, a Funcesp direciona a gestão de seus planos tendo como horizonte um período de, pelos menos, dois a três anos, até que a situação do mercado financeiro volte à relativa normalidade. 

O diretor de Investimentos anunciou, ainda, que estão sendo feitos ajustes nos percentuais alocados nas carteiras dos fundos fundamentalista e de dividendos, para alinhá-los aos movimentos já realizados. No caso do fundamentalista, a alocação passou de 5% para 2%, no BSPS, e de 8% para 3%, no caso de CVs e BDs. Nos fundos de dividendos, a alocação passa de 8% para 5%, no BSPS, e de 15% para 8%, no BD e CV.

Impacto nos resultados – Neste cenário de forte instabilidade, a rentabilidade nominal acumulada no período de janeiro a março dos investimentos da Funcesp foi negativa (-5,48%), enquanto a meta atuarial no mesmo período foi de 3,16% . Dessa forma, a perda acumulada frente à meta atuarial foi de R$ 2,8 bilhões no ano, sendo R$ 280,9 milhões em janeiro, R$ 722,8 milhões, em fevereiro, e R$ 1,8 bilhão, em março. O patrimônio da entidade fechou o trimestre com aproximadamente R$ 30 bilhões.

Sobre a recuperação da economia já nos próximos meses, Simino avaliou que, no Brasil, além da restrição fiscal, é evidente a dificuldade de coordenação de ações para mitigar os efeitos negativos da pandemia sobre o cenário econômico. “O fato é que ainda não sabemos quando essa crise sanitária começará a ser debelada e, por isso, é muito cedo para fazer projeções econômicas mais precisas, tanto lá fora quanto no mercado interno”.

Confira as principais medidas adotadas para proteger os investimentos

- Agilidade na venda de ativos na primeira semana de março, antes da queda mais abrupta de preços, o que gerou caixa de R$ 2,6 bilhões (venda de renda variável, fundos multimercados e imobiliários, e títulos públicos federais).

- Criação de fundo de ações, com foco em papéis de empresas que tenham robustez para enfrentar a crise e com preço bastante atrativo.

- Ajuste nas carteiras, principalmente redução na alocação dos fundos de ações fundamentalista e de dividendos, para adequar aos últimos movimentos realizados.

Fonte: Funcesp, em 14.04.2020