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Estratégias em risco climático -- prevenções e soluções para o Brasil

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Nova realidade de riscos catastróficos no Brasil

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CEO da Guy Carpenter, Pedro Farme, Na abertura do evento Amcham (SP)

Na abertura do evento, o CEO da Guy Carpenter, Pedro Farme, declarou que o Brasil “deixou de ser um país não catastrófico” e que o mercado de seguros precisa se adaptar a essa nova realidade. Ele defendeu uma ação coordenada entre governo, indústria de seguros e entidades de classe para minimizar os impactos econômicos de eventos extremos.

Atualmente, com a baixa penetração de seguros, a maior parte dos prejuízos causados por desastres não possui cobertura, o que sobrecarrega os cofres públicos com gastos emergenciais que aumentam o déficit fiscal e comprometem a estabilidade econômica do País.

Em contrapartida, o mercado segurador oferece uma solução eficaz, ao injetar capital na economia, permitindo que empresas, famílias e o governo se recuperem sem consumir poupanças ou aumentar o endividamento.

Segundo Farme, experiências internacionais demonstram que, em países com alta penetração de seguros, a injeção desse capital impulsiona a recuperação econômica, permitindo que o PIB se restabeleça e até supere as expectativas após uma catástrofe.

Tecnologia e dados para capacitar o mercado

A necessidade de aprimorar a avaliação de riscos encontra na tecnologia uma aliada fundamental. No evento, a Guy Carpenter apresentou a plataforma GC AdvantagePoint®, que apoia o mercado de seguros na mensuração e na precificação adequada de riscos ligados a eventos da natureza.

Trata-se de um modelo preditivo baseado em simulações estatísticas, capaz de converter dados complexos sobre perigos climáticos em um indicador financeiro claro. Dessa forma, o sistema capacita seguradoras a gerenciar suas carteiras com mais estratégia.

Especialistas da Guy destacaram, na apresentação, que a modelagem de riscos é fundamental para ampliação da oferta de seguros e redução da lacuna de cobertura para catástrofes – atualmente, na faixa de 90% a 95%. Assim, o setor tem a oportunidade de liderar essa transformação de forma proativa e colaborativa, fortalecendo a resiliência da sociedade.

São Paulo como estudo de caso: desafios e respostas

Trazendo o debate para a esfera municipal, o Secretário Executivo de Mudanças Climáticas de São Paulo, José Renato Nalini, detalhou como a metrópole enfrenta os impactos do clima. A cidade conta com um ambicioso Plano de Ação Climática, com 54 metas em cinco eixos, sendo 86% delas já em andamento.

Nalini destacou que o crescimento vertical e falta de solo permeável na cidade intensificam fenômenos climáticos extremos, como vendavais e enchentes. Ele apontou o transporte como o principal vilão do clima, responsável por 61% da emissão de gases de efeito estufa. Para minimizá-las, a prefeitura busca eletrificar a frota de ônibus e estuda usar biometano como combustível alternativo.

Nalini também expressou preocupação com a saúde da população, uma vez que a poluição do ar reduz a expectativa de vida do paulistano em relação a outras cidades. O impacto é ainda maior na periferia.

O papel estratégico do seguro na agenda climática

Diante de desafios como os da capital paulista, o CEO da CNSeg, Dyogo Oliveira, apresentou propostas para reforçar a participação do mercado segurador na agenda climática. Entre as ideias, está a criação de um seguro social de catástrofe, a exemplo de países como a França.

Ele também falou sobre a importância de desenvolver canais de investimento do setor em projetos sustentáveis e incentivou a criação de um hub de parcerias para aprimorar avaliação de riscos climáticos na subscrição, buscando maior assertividade na precificação de apólices.

Além disso, defendeu a criação de uma taxonomia sustentável para classificar atividades econômicas com base em critérios ambientais e sociais, posicionando o mercado como facilitador de práticas responsáveis.

Por fim, Oliveira ressaltou a necessidade de uma visão de longo prazo e maior planejamento para otimizar a alocação de recursos públicos, que hoje são mais utilizados na resposta a desastres do que na prevenção. Nesse sentido, o know-how de análise de riscos do mercado de seguros pode apoiar um direcionamento estratégico dos investimentos.

Fonte: Conteúdo, em 29.09.2025