Webinar organizado pela CNseg debateu o papel das empresas
A CNseg promoveu, no dia 1º de julho, o webinar “Orgulho e inclusão LGBTQIA+: o papel das empresas engajadas”, reunindo especialistas e líderes do setor para debater estratégias corporativas voltadas à diversidade, equidade e inclusão das pessoas LGBTQIA+. O evento foi moderado por Claudia Prates, diretora de Sustentabilidade da CNseg, e teve como convidados o jornalista e roteirista Yuri Fernandes, a diretora de Riscos da Zurich LATAM Patricia Penhalber e o superintendente de Pessoas e Cultura da Youse Seguros Regis Oliveira.
Logo na abertura, Claudia destacou que a CNseg publica anualmente, desde 2012, o Relatório de Sustentabilidade do Setor de Seguros, que conta com uma seção específica sobre a agenda DEI no setor segurador. Além disso, a Confederação lançou duas edições do Guia do Nome Social, a última com informações sobre a obrigatoriedade de as seguradoras incluírem o campo nome social em seus instrumentos contratuais, na forma determinada pela Susep.
Discriminação ainda é realidade no ambiente corporativo
Yuri Alves Fernandes apresentou dados contundentes sobre os desafios enfrentados pela população LGBTQIA+ no mercado de trabalho. De acordo com pesquisa da consultoria Santo Caos, de 2022, com 20 mil trabalhadores:
- 65% dos profissionais LGBTQIA+ já sofreram discriminação no trabalho, de acordo com pesquisa da consultoria Santo Caos, de 2022, com 20 mil trabalhadores:
- O índice sobe para 72% entre pessoas bissexuais e 86% entre pessoas trans;
- Apenas 4% das pessoas trans têm acesso ao mercado de trabalho formal, segundo a Associação Nacional de Trans e Travestis (Antra); e
- Apenas 32% dos países oferecem proteção legal contra discriminação por orientação sexual no emprego e esse índice cai para 10% quando se trata de identidade de gênero, de acordo com a World Policy Analysis Center, de 2020.
“Contratar não é incluir”, reforçou Yuri, ao apresentar o caso da influenciadora trans Alina Durso, contratada para representar diversidade numa grande marca de moda, mas vítima de transfobia no ambiente interno. Em contraste, ele citou o exemplo positivo de Vic Marchiori, head de Aprendizagem da CI&T, que realizou sua transição de gênero com apoio da empresa.
Diversidade como valor estratégico
Além de uma pauta ética, a inclusão é cada vez mais reconhecida como um diferencial competitivo. Yuri trouxe um estudo de Harvard que avaliou 1.700 empresas em 8 países, revelando que aquelas com políticas inclusivas têm:
- 36% mais chances de superar concorrentes;
- 70% mais chances de atingir novos mercados; e
- 60% mais chances de apresentar melhor desempenho financeiro.
Segundo ele, times diversos são mais criativos, inovadores e eficazes na resolução de problemas, pois reúnem múltiplas vivências e perspectivas.
Zurich e Youse compartilham boas práticas
Patricia Penhalber, da Zurich LATAM, relatou sua trajetória pessoal como mulher lésbica em cargos de liderança e destacou o trabalho do grupo de afinidade Pride da empresa, ativo desde 2017. A Zurich Seguros Brasil foi reconhecida pela GPTW como uma das melhores empresas para se trabalhar, sendo a seguradora mais bem colocada no ranking geral.
Ela descreveu uma vivência marcante: uma dinâmica com aliados não LGBTQIA+ simulando realidades de aceitação ou rejeição social, um exercício de empatia que provocou reflexões profundas.
Já Regis Oliveira compartilhou a estratégia da Youse, que estabelece metas concretas de diversidade e aplica censos internos anuais e “pulsos de clima” quinzenais. A empresa mantém uma meta de 15% de representatividade LGBTQIA+ e capacita lideranças para lidar com vieses inconscientes e promover a equidade no recrutamento e desenvolvimento profissional.
“Diversidade é quando se convida para a festa. Inclusão é quando se chama para dançar”, sintetizou Regis.
Compromisso contínuo
O evento reforçou que ações pontuais não são suficientes. Para gerar transformações concretas, é preciso adotar políticas estruturadas, investir em formação, garantir saúde igualitária e ouvir ativamente os colaboradores.
Como concluiu Yuri Fernandes: “Ser quem somos não tem preço. Viver uma mentira nos enlouquece. Precisamos ser inteiros – em casa, na rua e também no trabalho.”
Confira aqui o webinar na íntegra.
Fonte: CNseg, em 03.07.2025