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Educação financeira, uma "herança" em falta no Brasil

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Quase metade dos jovens entre 18 e 24 anos não realiza o controle das próprias finanças. É o que revela uma pesquisa realizada pela CNDL (Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas) em parceria com o SPC (Serviço de Proteção ao Crédito) Brasil. Mas será que a "culpa" disso é da impulsividade da Geração Z? O especialista em educação financeira, Aquiles Mosca, garante que não. Segundo ele, as estatísticas só confirmam uma "herança" que persiste há muitas gerações no Brasil. "É uma questão estrutural. As gerações passadas não passaram este aprendizado para os mais novos sobre como lidar com o dinheiro, porque elas também não sabem". 

Segundo Aquiles, a crítica ao comportamento dos mais jovens, em geral, ocorre mais por desconhecimento e pré-conceitos. Isto porque eles seguem um padrão que já vem sendo perpetuado desde a era dos baby boomers – cidadãos que nasceram nas décadas de 1950 e 1960, logo após o final da Segunda Guerra Mundial. "O número de pessoas que não possui planejamento financeiro nesta faixa etária é praticamente o mesmo do que verificamos nestes dados recentes. Estes fatores só comprovam que vivemos em um país com nível baixo de educação financeira. A responsabilidade por este cenário também é de quem veio antes".

VISÃO DE FUTURO

A geração Z é formada por indivíduos nascidos entre 1995 e 2010, considerados os primeiros "nativos digitais". O levantamento ouviu 801 jovens nesta faixa etária e trouxe ainda outros dados alarmantes. Por exemplo: 75% deles não se preparam para a aposentadoria. Uma atitude que, segundo Aquiles, tem relação direta com a maneira que este público encara o trabalho. "Mais da metade não tem expectativa de parar de trabalhar. Eles vislumbram encontrar uma ocupação que ofereça além do dinheiro, um propósito de vida. E, tendo isso, não se interessam pela ideia da aposentadoria".

Para o especialista, este ideal de "propósito" pode se tornar, inclusive, uma motivação para que o indivíduo desenvolva o protagonismo na condução de sua vida financeira. "É necessário que caia a ficha o quanto antes de que as pessoas precisam tomar as rédeas das finanças e cuidarem do próprio amanhã. Vivemos durante muito tempo com a percepção de que o Governo era capaz de prover nosso sustento, mas, no mundo atual, sabemos que isso não vai se concretizar. É preciso buscar informação, ler, aprender a gerir os recursos", destaca.

Conforme Aquiles, para transformar não só a juventude, mas a sociedade brasileira, são necessárias medidas eficazes de disseminação da educação financeira, em diversos âmbitos. "O assunto tem que começar a entrar no currículo das escolas, ser conversado com os jovens de 18 anos que entram para o mercado de trabalho sem o aprendizado suficiente, enfim, tem que permear o debate entre todas as gerações".

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Fonte: Forluz, em 27.01.2020