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EIOPA: relatório sobre estabilidade financeira lista riscos enfrentados por seguradoras e fundos de pensão na Europa

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Um novo relatório sobre a estabilidade financeira das seguradoras europeias foi divulgado pela Autoridade Europeia de Seguros e Pensões Ocupacionais (EIOPA), nesta quarta-feira, 18. Esse documento avalia os riscos e vulnerabilidades que desafiam as seguradoras e os fundos de pensão ocupacionais na Europa, tendo em vista um cenário de risco marcado por alta incerteza. 

A análise leva em conta não só um ambiente geopolítico complexo e incerto, mas também o comportamento dos juros e da inflação na União Europeia (UE). Ao mesmo tempo avaliam os impactos da exposição dos investidores institucionais no setor imobiliário, o crescimento do uso de resseguros intensivos em ativos (ou financiados) para avaliar riscos sistêmicos no setor segurador europeu.

“Embora o impacto das tensões globais sobre os setores financeiros da Europa tenha sido limitado até agora, os riscos subjacentes parecem estar se acumulando. Como resultado, o sistema financeiro permanece vulnerável a eventos inesperados que podem desencadear mudanças abruptas e significativas nas condições macroeconômicas”, descreve a EIOPA.

O documento assinala que o comportamento da inflação é positivo, ao diminuir e estar próxima da meta de 2% do Banco Central Europeu. Acrescenta que as taxas de juros também apresentaram queda, após sucessivas reduções promovidas pelos bancos centrais. No entanto, cresce a preocupação com as perspectivas de crescimento da economia europeia, informa a EIOPA.

O cenário é descrito como desafiador, mas as seguradoras e entidades de previdência estão bem-posicionados para absorver potenciais choques. Segundo o relatório, as seguradoras europeias apresentaram um índice agregado de requisitos de capital de solvência (SCR) bem acima do patamar mínimo de 100%. No segundo trimestre de 2024, as seguradoras de vida registraram um índice mediano de SCR de 239,2%, enquanto as seguradoras de ramos elementares alcançaram 212,6%. Já os fundos de pensão que oferecem planos de benefício definido aumentaram levemente sua taxa de cobertura, de 119,8% no início do ano para 120,6% no mesmo período.

Análises temáticas em destaque

Além de examinar as vulnerabilidades setoriais, o relatório aborda três temas de grande relevância para seguradoras, fundos de pensão ocupacionais e supervisores:

Vulnerabilidades do setor imobiliário

Essa primeira análise se concentra nos riscos que as seguradoras e os fundos de pensão enfrentam diante de um setor imobiliário em desaceleração. Os preços de imóveis residenciais e comerciais foram negativamente impactados por fatores como a mudança para o trabalho remoto após a pandemia de Covid-19, que reduziu as taxas de ocupação de escritórios, e o aumento acentuado da inflação e das taxas de juros, que resultou em questões de acessibilidade e menor demanda. 

Apesar de investirem cerca de 10% de seus ativos no mercado imobiliário, a análise da EIOPA mostra que, mesmo sob um choque imobiliário significativo, o impacto sobre os setores seria modesto, com algumas exceções individuais.

Resseguros intensivos em ativos (financiados)

A segunda análise aborda o resseguro financiado, que ganhou popularidade nos últimos anos. Esse tipo de resseguro transfere tanto os riscos de investimento quanto os de subscrição do cedente para o ressegurador, permitindo aos cedentes operarem com balanços mais enxutos e índices de solvência mais elevados. No entanto, essas operações introduzem riscos adicionais de crédito, legais e operacionais. Embora as preocupações de estabilidade financeira relacionadas ao resseguro financiado sejam limitadas no momento, a concentração desse negócio em poucos resseguradores – muitas vezes com modelos de negócios alternativos em jurisdições offshore – exige supervisão contínua.

Quadro Europeu de Avaliação de Riscos Sistêmicos (SRAF)

Por fim, o relatório descreve os aspectos metodológicos e organizacionais do SRAF, destacando as principais fontes de risco sistêmico identificadas em 2024 para o setor de seguros europeu, com base em dados do Solvência II até o final de 2023 e em informações macroeconômicas e de mercado até julho de 2024. 

Esses riscos incluem o aumento das interligações entre diferentes atores financeiros devido ao crescimento na venda de swaps de crédito e na posição geral em derivativos por seguradoras, além de riscos emergentes, como os climáticos, de digitalização e cibernéticos, que permanecem significativos em toda a Área Econômica Europeia.

O relatório sublinha a importância de um monitoramento constante e de respostas coordenadas para mitigar os riscos emergentes, garantindo a resiliência do setor financeiro europeu em meio a um panorama desafiador.

Fonte: CNseg, em 19.12.2024