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Disclosure envolve direitos do paciente e obrigações da instituição

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Processo é delicado e complexo, mas é o certo a ser feito e mais eficiente quando relacionado a uma cultura sólida de segurança do paciente

Na última terça-feira (09/02), a Anahp realizou mais uma edição do projeto Anahp Ao Vivo – Jornadas Digitais, que em fevereiro está abordando Melhores Práticas Assistenciais. Dessa vez, reuniu especialistas para discutir o tema “A importância do processo de disclosure para a segurança do paciente”.

José Branco, diretor-executivo do Instituto Brasileiro de Segurança do Paciente, destacou que o disclosure ainda não é uma prática universal, mas é a coisa certa a ser feita. “O paciente e sua família têm direito ao disclosure, não importam as consequências”, afirmou. E, continuou, a instituição tem a obrigação de administrar todos os impactos, inclusive tomar providências para minimizar os riscos de repetição do evento.

Soraia Accioly, gerente técnica assistencial e de Qualidade no Hospital Santa Izabel, explicou que a discussão desse tema sensível é obrigatória e que as empresas estão em estágios de maturidade diferentes nessa questão. “No entanto, é necessário enfrentar e evoluir para políticas claras, com critérios bem definidos e responsáveis preparados”, avaliou.

Giancarlo Colombo, gerente de Práticas Médicas e Riscos no Hospital Israelita Albert Einstein, lembrou que o disclosure é uma prática complexa, que envolve pessoas no atendimento imediato, na análise, na comunicação posterior ao paciente e nas melhorias apontadas pelas conclusões. “É difícil treinar tanta gente”, pontuou.

Ele acrescentou que também é necessário manter uma estrutura para dar suporte às segundas vítimas, “que são todos os profissionais envolvidos em um evento adverso e imprevisto que cause danos ao paciente”. Fátima Gerolin, diretora assistencial no Hospital Alemão Oswaldo Cruz, completou dizendo que essas pessoas, muitas vezes, têm que enfrentar estigmas para se dedicarem à uma recuperação psicológica.

Diante desse cenário, Accioly ressaltou que o ideal é ter o disclosure dentro de uma cultura consolidada de segurança do paciente. “É mais seguro e confortável quando o hospital já pratica o diálogo com o paciente e a família”, ensinou. Branco acrescentou que o sucesso depende muito de “como a instituição encara esse protocolo de segurança e de responsabilidade”, já que é de todas as pessoas e da organização”.

Branco também sugeriu a criação de uma agência, no formato das estruturas que investigam as causas de acidentes aéreos, para reunir as informações sobre os eventos adversos e distribuir sugestões de prevenção e gestão dos riscos. “A principal barreira para a evolução é o conhecimento, pois a maioria dos incidentes não são conhecidas, analisadas e relatadas”, destacou.

Colombo finalizou lembrando que, por mais bem feito que seja, o disclosure é sempre um cenário em que não há vencedores. “O paciente, a família, os profissionais de saúde e a organização, todos perdem. Por isso, a principal palavra em toda essa situação continua sendo acolhimento”.

Anahp Ao Vivo – Jornadas Digitais

O debate “A importância do processo de disclosure para a segurança do paciente” teve a participação de Giancarlo Colombo, gerente de Práticas Médicas e Riscos no Hospital Israelita Albert Einstein, José Branco, diretor-executivo no Instituto Brasileiro de Segurança do Paciente, e Soraia Accioly, gerente técnica assistencial e de Qualidade no Hospital Santa Izabel. A moderação foi feita por Fátima Gerolin, diretora assistencial no Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

No próximo dia 16, o Anahp Ao Vivo – Jornadas Digitais traz o tema “Desmistificando eventos adversos | Estratégias adotadas pelas organizações de saúde”. Inscreva-se aqui.

O Anahp Ao Vivo – Jornadas Digitais é uma série de eventos online, temáticos e gratuitos, que semanalmente, dentro de um mês, reúne especialistas para debates relevantes para o setor saúde.

Fonte: Anahp, em 10.02.2023