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Cremesp debate condutas clínicas e desafios no manejo das doenças respiratórias no inverno em evento online

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Com a chegada do inverno e o aumento das temperaturas mais baixas, cresce também o número de atendimentos relacionados a doenças respiratórias. Gripes, bronquiolites, pneumonias e outras infecções se tornam mais frequentes e, em muitos casos, mais graves. Para atualizar a categoria médica sobre os principais desafios dessa estação, o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) promoveu, no dia 26 de maio, a live “Doenças Respiratórias no Inverno”. O evento aconteceu na sede do Cremesp e foi transmitido aos médicos por meio do canal oficial do Conselho no YouTube.

O encontro foi mediado pela vice-presidente do Cremesp, Maria Alice Scardoelli, que deu o tom da conversa ao destacar o caráter direto e colaborativo da iniciativa, “A ideia aqui hoje é simples: conversar de médico para médico. Trocar experiências, revisar condutas, atualizar o que realmente importa — da sala de parto à enfermaria geriátrica.”

A proposta se cumpriu ao reunir profissionais de diferentes especialidades com vivência direta no atendimento a pacientes com quadros respiratórios, especialmente em períodos de maior incidência. Participaram do encontro o médico pediatra neonatologista e conselheiro responsável pela Câmara Técnica de Pediatria do Cremesp, Elzo Garcia Junior; o médico infectologista, conselheiro federal pelo Estado de São Paulo e vice-corregedor do CFM, Francisco Eduardo Cardoso; o médico de família e comunidade e conselheiro, Rodrigo Souto de Carvalho; e a médica intensivista pediátrica Débora Scordamaglia, delegada do Conselho e integrante da Câmara Técnica de Pediatria.

Ao longo da conversa, os especialistas abordaram desde os desafios da atenção básica até a complexidade dos casos que chegam às unidades de terapia intensiva, passando por temas como escuta clínica, decisões terapêuticas e vacinação. A discussão teve como pano de fundo um alerta importante: os casos respiratórios aumentam no inverno, e o preparo dos profissionais de saúde é essencial para garantir a segurança dos pacientes.

A atenção pediátrica ocupou espaço central no encontro, com foco nos desafios que o inverno impõe ao atendimento de crianças e bebês. Elzo Garcia Junior e Débora Scordamaglia trouxeram contribuições importantes sobre o manejo desses quadros, destacando sinais como frequência respiratória, batimento de asa do nariz, retrações intercostais, taquipneia e queda de saturação como indicativos de gravidade. A avaliação da oxigenação por oximetria de pulso, associada à observação clínica, é fundamental para decisões como internação ou necessidade de suporte ventilatório.

Além dos cuidados iniciais, destacou-se a necessidade de atenção redobrada a crianças com patologias de base — como cardiopatias, doenças neuromusculares e histórico de prematuridade —, que apresentam maior risco de agravamento diante de quadros respiratórios. A abordagem clínica deve ser minuciosa, com valorização do exame físico completo, priorizando o exame “desnudo” da criança, essencial para observar sinais como retrações, batimento de asa nasal e tiragem intercostal. Também foram discutidos os vírus respiratórios mais comuns no período, como o Rinovírus, Micoplasma e o Influenza, e como sua identificação clínica pode orientar a conduta inicial. A avaliação da capacidade da família em realizar os cuidados domiciliares e o julgamento sobre a necessidade de internação foram apontados como decisões centrais, que exigem escuta ativa, sensibilidade clínica e suporte da rede de saúde para garantir segurança e evitar desfechos graves.

No atendimento de adultos e idosos, Rodrigo Souto destacou a importância do acompanhamento contínuo, especialmente em pacientes com comorbidades, que demandam atenção especial devido ao risco maior de agravamento. Os mesmos vírus comuns em crianças também afetam as faixas etárias mais elevadas, mas a gravidade dos quadros depende muito da saúde geral do paciente e da qualidade dos cuidados que ele recebe. Fatores ambientais, como ventilação dos ambientes e o convívio social, influenciam diretamente a facilidade de contágio e a evolução das infecções respiratórias.

Além disso, os pacientes tratados de forma ambulatorial precisam de acompanhamento diário e cuidadoso para detectar qualquer sinal de piora no quadro clínico. Os médicos têm papel fundamental em orientar esses pacientes quanto a hábitos que possam ajudar na recuperação e na prevenção de complicações, reforçando a importância de medidas simples, mas eficazes, para manter a saúde respiratória durante o inverno.

A complexidade dos quadros que evoluem com insuficiência respiratória foi lembrada em relatos do cotidiano hospitalar. O acesso oportuno à internação e a integração entre profissionais de diferentes áreas são fundamentais para garantir uma resposta ágil diante da piora clínica. Nesse contexto, reforçou-se o papel da capacitação médica contínua — não apenas sobre condutas específicas, mas também sobre o trabalho em rede e o cuidado compartilhado.

“Infecções respiratórias são passíveis de tratamento, mas elas podem matar se não tiverem o tratamento adequado”, ressaltou Francisco Eduardo Cardoso, destacando a necessidade de atenção imediata e baseada em evidências.

A vacinação foi destacada como uma ferramenta fundamental na prevenção das doenças respiratórias. Os médicos devem estar atentos à escolha das vacinas mais indicadas para cada grupo, considerando as recomendações vigentes e o perfil dos pacientes. Entre as opções citadas estão a vacina Efluelda, direcionada ao público idoso, e a vacina Tetra, que oferece proteção contra quatro tipos diferentes de vírus da gripe. Mais do que apenas aplicar a vacina, é essencial orientar os pacientes, esclarecer dúvidas e combater a desinformação para garantir a adesão e a proteção da população.

Na reta final da transmissão, o debate se tornou ainda mais interativo com a leitura e resposta a dúvidas enviadas pelo chat. Entre os temas mais questionados estavam o uso do Oseltamivir, orientações sobre vacinas para idosos, tratamentos relacionados à gravidade dos quadros e a escolha da medicação adequada para diferentes situações clínicas. A moderação destacou a importância desse espaço para aproximar especialistas e médicos da linha de frente, reforçando a troca de saberes e experiências.

A vice-presidente do Cremesp e os demais participantes encerraram a transmissão agradecendo pela presença, atenção e interação dos espectadores. Também reforçaram a relevância do canal de consultas do Conselho — scn@cremesp.org.br — como um espaço permanente de apoio aos médicos, voltado ao esclarecimento de dúvidas sobre os mais diversos temas da prática profissional.

Clique aqui para assistir à transmissão pelo YouTube!

Fonte: Cremesp, em 28.05.2025