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Covid-19 – Falta de capacitação, agressões e temor entre profissionais de saúde

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A Associação Paulista de Medicina (APM) realizou, entre 25 de junho e 2 de julho, a terceira edição de pesquisa sobre os problemas e carências dos médicos no enfrentamento à Covid-19. Conforme mostramos aqui recentemente, a publicação mostrou que 89% dos profissionais de saúde acreditam em uma segunda onda de infecções pelo novo Coronavírus e quase metade (48,9%) afirma que pacientes e familiares têm pressionado por tratamento sem comprovação científica.

O crescente número de médicos e outros profissionais da saúde que engrossam os casos e óbitos confirmados pela doença trazem sérias consequências para os demais. Do total que participou da pesquisa, 19% registram estar com mais receio de ser infectado agora do que no início da pandemia; 49,7% mantêm o mesmo nível de temor e 31,3% hoje acusam menos medo do que quando começou a pandemia.

Se não bastasse esse medo diário, cerca de 37% dos profissionais confirmaram ter presenciado, ao longo da pandemia, episódios de ataques a médicos, outros profissionais ou colaboradores administrativos nas áreas de atendimento. As agressões que mais aparecem são a psicológica, em 21,5% dos casos, e verbais, em 20,7%. O “cyberbullying”, como chamou a pesquisa, também tem citação alta, ficando em 11,5%.

Além do temor, o desconhecimento da nova doença também impacta a rotina dos ouvidos pela pesquisa. Somente 28% se dizem plenamente capacitados para atender casos de Covid-19, em qualquer que seja a fase do tratamento, e 72% admitem não ter conhecimentos aprofundados mesmo permanecendo na linha de frente por uma questão humanitária.

Talvez por isso, 57,2% façam papel de autodidatas e busquem informações científicas diretamente na literatura médica. Quando o tema é acesso a fontes de capacitação, 46% se atualizam via canais do Ministério da Saúde, 44,3% com as associações médicas e 43,4% citam hospitais privados, em pergunta com múltipla escolha de respostas.

Importante para gerar base de conhecimento que auxilie no combate à doença, a pesquisa ouviu 1.984 profissionais de todo o País. Destes, 60% trabalham em hospitais e/ou unidades de saúde que assistem a pacientes com Covid-19. Também abordou temas como a subnotificação, o agravamento de outras doenças, inadequação de políticas de saúde, e outros assuntos fundamentais que pretendemos apresentar em outro momento.

A pesquisa pode ser acessada no portal da entidade.

Fonte: IESS, em 29.07.2020