Avanços em IA, dados e novos modelos de negócio devem marcar a agenda do setor no próximo ano, segundo análises de estudos internacionais e especialistas do mercado
O setor de seguros encerra 2025 com um ritmo acelerado de crescimento. Segundo a CNseg, a expectativa é de uma expansão de 10,1% em prêmios neste ano, com participação de 6,4% no PIB nacional. No entanto, esse crescimento vem acompanhado de desafios. Seguradoras enfrentam margens comprimidas, consumidores cada vez mais exigentes por jornadas digitais e uma intensificação das pressões regulatórias, especialmente com o avanço da inteligência artificial.
Esse cenário cria oportunidades para novas lideranças no setor. Uma delas é Vinicius Schroeder, fundador da insurtech Brick, especializada em decisões de risco com uso de inteligência artificial. Com experiência prática no setor de seguros, ele acompanha de perto as mudanças estruturais e aponta as tendências que devem moldar o mercado de seguros em 2026.
“Não é de hoje que nosso mercado passa por um processo extenso de transformação digital. A principal mudança não está apenas na tecnologia em si, mas nas expectativas de clientes, corretores e até colaboradores em relação à experiência. Com o avanço da inteligência artificial, tudo se tornou mais rápido e imediato. Isso eleva o padrão de comparação e pressiona as seguradoras a promover mudanças profundas, desde os canais de distribuição até os processos de subscrição e de regulação de sinistros”, afirma o executivo.
A seguir, ele lista as cinco principais tendências que devem pautar o setor de seguros em 2026:
1. A revolução da IA generativa e a automação inteligente
De acordo com o relatório Global Insurance Outlook 2025 (Deloitte), 76% dos executivos de seguros nos EUA já utilizam IA generativa em alguma função de negócio. Essa tecnologia está avançando rapidamente, saindo de projetos pilotos para fluxos essenciais como atendimento ao cliente, análise de sinistros e prevenção de fraudes. A KPMG aponta que a adoção da IA é uma das três prioridades estratégicas das seguradoras para os próximos anos, impulsionando uma transformação significativa na forma como as seguradoras operam.
2. Modernização de dados e abordagem proativa de risco
A era da IA exige infraestruturas de dados mais escaláveis e flexíveis. Segundo a MIT Technology Review Insights, seguradoras precisarão adotar arquiteturas de dados como os “data lakehouses”, que já estão democratizando o acesso a análises avançadas e melhorando a segurança em setores como o financeiro e de seguros. Essa modernização permitirá a realização de análises preditivas, ajudando as empresas a antecipar riscos e a atuar de forma mais proativa.
3. Crescimento do seguro integrado e parcerias estratégicas
O estudo da Deloitte também revela que o seguro embarcado (embedded insurance) deve ultrapassar US$722 bilhões em prêmios até 2030. Esse crescimento será impulsionado por parcerias estratégicas entre seguradoras, setores de varejo, automotivo e imobiliário. A modalidade de seguro embarcado está se consolidando como uma das principais tendências globais para diversificar as receitas e melhorar a experiência do cliente.
4. Equilíbrio entre sustentabilidade (ESG) e rentabilidade
Seguradoras precisarão inovar para lidar com riscos climáticos e tornar a cobertura mais acessível, especialmente para comunidades vulneráveis. Reguladores globais estão exigindo maior transparência em investimentos e exposição a riscos ambientais. Além disso, o setor de seguros poderá desempenhar um papel fundamental como indutor de práticas sustentáveis, por meio de incentivos e uma precificação diferenciada que favoreça ações mais verdes.
5. Transformação da força de trabalho e governança da IA
A massiva adoção de IA exigirá novas habilidades no mercado de trabalho. Relatório da Deloitte aponta que seguradoras estarão cada vez mais focadas em profissionais com forte alfabetização digital e competências humanas únicas, como curiosidade e empatia. No entanto, há riscos associados à tecnologia, como a proteção de dados e o viés algorítmico. Por isso, a governança responsável da IA será um fator decisivo para garantir que sua aplicação seja confiável e ética.
Para o executivo Vinicius Schroeder, essas tendências sinalizam um ponto de inflexão para o setor. “As seguradoras estão sendo desafiadas a repensar a forma como operam. O que antes era inovação restrita a pilotos ou iniciativas isoladas agora precisa se tornar diretriz estratégica, conectando tecnologia e propósito. Isso será o diferencial competitivo para 2026”, conclui.
Brick
A Brick é uma plataforma que utiliza agentes de IA e tecnologia no-code para otimizar as tomadas de risco em seguradoras. Fundada em 2021, a empresa atende mais de 600 clientes, entre seguradoras e locadoras de veículos, e acaba de captar R$5 milhões em rodada seed liderada pelos fundos Honey Island by 4UM e Broom Ventures. Seu foco está em transformar os momentos de decisão de risco em um processo inteligente, contínuo e livre de dependência técnica.
Fonte: NR7, em 18.09.2025