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Chile: Crescem os protestos contra as AFP

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O movimento até já tem nome e apela à violência nas ruas. Chama-se “Não Mais AFP”, numa referência às Administradoras de Fundos de Pensão, criadas durante a ditadura do general Augusto Pinochet, na década de 80, no contexto de uma reforma radical que privatizou a Previdência chilena praticamente extinguindo a vertente básica estatal.  Na época, privatização nesse nível causou surpresa no Mundo e, no Brasil, a Abrapp foi uma das vozes mais fortes em defesa de um modelo previdenciário que contenha 3 partes, todas indispensáveis: o Estado, as entidades privadas e a iniciativa individual.

Os jornais O Globo e El Mercurio relatam a ocorrência de pesadas manifestações populares em Santiago e várias outras cidades chilenas, na última sexta-feira (4), quando ruas e estradas foram bloqueadas e ônibus queimados. Na raiz dos protestos está o fato de que o valor de 80% das aposentadorias e pensões pagas atualmente no Chile estão abaixo do salário mínimo.

Em média, os homens recebem benefícios previdenciários que equivalem a 38% do salário que recebiam antes da aposentadoria. No caso das mulheres, o percentual é de 33%.

As AFP hoje administram ao redor de US$ 178 bilhões.

O governo já reconhece há algum tempo que problemas existem e precisam ser corrigidos. Em meio à pressão popular, a Presidente Michelle Bachelet, do Partido Socialista, anunciou em agosto último uma reforma para melhorar os valores pagos pela Previdência, mas descartou a eliminação das APF, o que agora está sendo reivindicado pelos manifestantes.

O movimento pede que o país decida através de um plebiscito se as AFP devem ser ou não mantidas. Por sua vez, Bachelet reagiu à violência dos protestos: “Nesta manhã muitas famílias, crianças e trabalhadores não puderam ter a sua vida normal. Acreditamos que está não é a maneira como vamos construir o país que queremos”, disse a Presidente, que completou: “Sabemos que precisamos melhorar as aposentadorias e para isso seguimos trabalhando, mas quero insistir que a única maneira de fazê-lo é privilegiando o diálogo e o respeito entre todos”.

Fonte: Diário dos Fundos de Pensão, em 07.11.2016.