Por Gloria Faria (*)
Ao começar a escrever nesta manhã, me dei conta que venho, repetidamente, produzindo textos sobre novas tecnologias aplicadas ao setor automobilístico e ao de mobilidade. À parte qualquer predileção por carros, e tentando desconsiderar que o automóvel foi um símbolo de liberdade para a minha geração há que se reconhecer que os novos carros surgem nos noticiários e revendedores com novidades quase que semanais. Ora sobre o uso de novas energias e combustíveis, ora destacando itens de mobilidade, comunicação e conforto resultantes do uso da inteligência artificial. A frase “só falta falar” em relação aos carros já se tornou obsoleta.
E indo por esse caminho, volto ao tema da “carruagem elétrica” que mereceu atenção destacada nas comemorações do casamento de Harry herdeiro da casa real da Inglaterra com Meghan uma californiana de sorriso discreto. O sábado, dia da cerimônia de casamento e demais festejos que a sucederam foi mesmo cheio de novidades. A começar pelo tempo, a manhã surgiu ensolarada com temperaturas elevadas para a época e local. A noiva adentrou a capela de São Jorge sozinha. A cerimônia religiosa teve a participação de um bispo afro-americano, e parte da musicalidade ficou a cargo de um coral gospel e de um jovem violoncelista convidado pelos noivos.
Meghan foi para a cerimônia a bordo do “Number Five”, um dos 18 Phantom IV fabricado pela Rolls Royce em 1948, por encomenda inovadora da então jovem rainha Elizabeth II, visto que até então a família real só era transportada por veículos da Daimler britânica.
No entanto o trajeto percorrido por Harry e Meghan, do castelo de Windsor para a recepção na Frogmore House, um palácio rural do século XVII, foi feito em um exemplo de inovação e renovação tecnológica.
O Jaguar dirigido por Harry, um E-type de 1968, por si só um uno simbólico para as ideias revolucionárias no mundo ocidental, foi convertido em elétrico tendo sido mantida sua aparência original, com exceção dos novos faróis de LEDs e a ausência dos canos de escape agora desnecessários. Já o seu interior sofreu significativas mudanças. O E-type tem agora um painel com instrumentos digitais e uma tela multimídia. Um seletor redondo que comanda o movimento do carro para adiante e à ré, bem como o ponto neutro. No lugar do motor original um pacote de baterias íon-lítio e, no espaço outrora ocupado pela caixa de marchas hoje se encontra um motor elétrico de 220 KW. Sem o antigo ronco a nova “carruagem” tem autonomia de 270kms para cada 6 a 7 horas de recarga e alcança a velocidade máxima de 250 kms.
Como muitos outros detalhes simbólicos introduzidos nessa ocasião, a utilização de um roadster da série 1.5 de 1968 cujo “miolo” é resultado da mais recente tecnologia automobilística e o “invólucro” ultra tradicional, a mensagem percebida é da convivência pacífica entre inovação, renovação e tradição. Novos ares em velhas terras.
Que assim seja em todo o Reino. Unidos pelas conquistas tecnológicas, esperamos que elas contribuam para uma vida melhor e mais igualitária para todos!
(*) Glória Faria é Consultora Jurídica da CNseg.
(29.05.2018)