- O desafio de financiar os benefícios dos fundos de pensão, em risco de desequilíbrio atuarial futuro decorrente do avanço da idade de seus participantes, é o tema central de uma reportagem publicada na edição de jul/set da Revista de Seguros de 2010
- A matéria destaca o risco de faltar recursos para pagar os aposentados, em razão de esses repasses persistirem por mais tempo que calculado, e joga luz sobre as possíveis e complexas soluções para mitigar tais riscos. Um estudo da Swiss Re sobre o tema indica o mercado segurador entre os mais habilitados para ajudar os fundos de pensão a buscarem o ponto de equilíbrio de suas despesas de pagamento de benefícios
Os planos de resseguros despontam como o principal remédio para os riscos decorrentes da longevidade. Uma ameaça ainda mais próxima porque, como lembra o então vice-presidente sênior das Operações no Brasil e Cone Sul da Swiss Re, Rolf Steiner, os fundos de pensão sofreram, em virtude da crise global de 2008, depreciação dos valores de seus ativos para cobrir as aposentadorias. "O índice de insuficiência dos fundos de pensão em nível mundial já atinge 26%. No Brasil, ainda não há este risco, mas vamos realizar uma pesquisa com os principais fundos brasileiros para identificar suas necessidades na administração dos riscos da longevidade", afirmava Steiner.
A seu ver, aquela era uma oportunidade vantajosa para o mercado ressegurador. Isso porque boa parte do portfólio das seguradoras e resseguradoras estava concentrada nos seguros de vida, cujo principal risco é a mortalidade, mas não a longevidade.
A reportagem assinalava que, nos últimos anos, a expectativa de vida havia aumentado substancialmente, tornando-se um processo irreversível. Segundo o estudo, em 1990, uma mulher britânica de 60 anos tinha expectativa de vida de 84 anos; número que saltou para mais de 88 anos em 2010, e deveria ser superior a 90 até 2030. No Brasil, pessoas acima de 65 anos representavam 4% da população em 1970; 7% em 2010 e este percentual deveria subir para 18% em 2050.
Ao mesmo tempo, a queda nas taxas de natalidade faz com que haja menos pessoas economicamente ativas para financiar as aposentadorias dos que vivem mais. E mais, o relatório adverte que subestimar a expectativa de vida em apenas um ano pode aumentar em até 5% os passivos de um plano de aposentadorias.
Diante deste quadro, os fundos de pensão podem não ter capacidade para cobrir os custos das aposentadorias futuras e longas. Especialistas de seguradoras e resseguradoras participam da entrevista sobre soluções para os fundos de pensão a partir do seguro.
"O risco existe e este é um problema mundial. O aumento da longevidade é uma boa notícia, mas para a previdência é um desafio", afirmava Leonardo Paixão, então presidente do IRB
Esse avanço das resseguradoras esbarrou numa discussão regulatória: as resseguradoras poderiam assumir diretamente uma carteira de um fundo de pensão ou teria que haver a intermediação de uma seguradora?
Fonte: CNseg, em 24.07.2025