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CNseg - Notícias do Seguro, em 28.09.2023

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Diversidade e inclusão, um mantra para o mercado segurador

Compromisso com igualdade e multiplicidade é meta para o setor de seguros

O mantra da diversidade e da inclusão ecoa em todo o mercado global de seguros. 

As inúmeras comemorações realizadas no mundo na última semana do mês de setembro indicam que as ações nesse campo se multiplicam, mesmo que o ritmo aqui e ali estejam aquém do ideal.

Enquanto isso, no Brasil

A criação pela CNseg do Dia da Diversidade e Inclusão no Setor de Seguro, comemorado em 25 de setembro desde 2019, é uma oportunidade para avaliar o andamento dessas iniciativas no mercado nacional.

No mundo, o Dive In, o festival da Diversidade e Inclusão mundial organizado pelo grupo inglês Lloyd´s, é uma das principais referências e dá uma ideia da dinâmica da diversidade nos diversos países. 

“O Dive In começou como um evento apenas em Londres, para falar de diversidade e inclusão e destacar a importância dessa pluralidade no mercado de trabalho. Em 2017, fizemos o primeiro evento no Brasil com nossos parceiros internacionais. E hoje em dia, já são mais de 41 países participantes do festival de diversidade e 35 mil pessoas envolvidas”, informa Rafaela Barreda, presidente da Lloyd´s no Brasil.

Mercado segurador: compromisso com a promoção da diversidade e da inclusão

Aqui, as ações da agenda de Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI) estão incluídas no Relatório de Sustentabilidade do Setor de Seguros, publicação anual divulgada desde 2012 pela CNseg. 

A última edição desse relatório, mostra que:

• 94% das empresas do setor segurador possuem práticas e ações voltadas a promoção de agenda de DEI 

• 83% confirmaram ter formalizado um compromisso com a agenda da promoção da diversidade e inclusão

Na verdade, a CNseg vem incentivando a melhoria dos indicadores de diversidade, estimulando a mudança na cultura organizacional para que esta proporcione um ambiente livre de preconceitos e para que as pessoas se sintam valorizadas e acolhidas.

Uma comissão criada para diversidade, equidade e inclusão

Recentemente foi criada a Comissão Temática sobre Diversidade, Equidade e Inclusão, a CDIV. 

O foco da Comissão é acompanhar os temas junto a organismos internacionais (FIDES e GFIA), interlocução com órgãos reguladores, mapeamento quantitativo e qualitativo de indicadores, formulação de iniciativas setoriais para fomento da agenda e demais ações que impactam diretamente a atividade das empresas.

No relatório da CNseg, a maioria das seguradoras afirma dispor de canais de reclamação para receber e solucionar queixas sobre preconceitos na empresa; oferece cursos de capacitação de gestores e recrutadores sobre diversidade e princípios de igualdade; monitora indicadores de diversidade no quadro de pessoal; adota políticas afirmativas e promove a contratação de minorias (étnicas, LGBTQIA+, refugiados etc.).

A FIDES Rio 2023 e o Dia da Diversidade

O Dia da Diversidade e Inclusão pretende lembrar que a verdadeira força do setor segurador reside em sua capacidade de abraçar a diversidade em todas as suas formas. Mas não é tarefa fácil, como demonstrou um dos painéis da Fides para avaliar as experiências no campo da Diversidade e Inclusão.

Moderado pela diretora de Sustentabilidade, Consumo e Relações Institucionais da CNseg, Ana Paula de Almeida Santos, o debate reuniu ainda Rafaela Barreda, presidente da Lloyd´s no Brasil, Valéria Chaves, diretora da Susep, Narely de Paula, gerente executiva de subscrição da Austral.

Os passos da diversidade e inclusão precisam ser acelerados, ainda assim, afirmou Valéria Chaves (da Susep). “Fala-se muito de diversidade, mas agora a gente precisa falar de inclusão. O desafio é como trazer toda essa diversidade para dentro do nosso trabalho, para dentro do nosso mercado, como incluir toda essa população diversa.” 

Lembrando dados da última reunião do Pacto Global de semana passada, para quem alguns dos ODS relacionados à diversidade não serão alcançados em 2030, Valéria Chaves afirma que isso é algo entristecedor, sobretudo em relação à equidade de gênero, que a ONU estima que serão 230 anos para ser alcançada.

Diversidade em (poucos) números

Outro ponto levantado por Valéria para reflexão é mais próximo e trata do mercado segurador nacional. 

Segundo Valéria Chaves: 

• O board das seguradoras, que respondem por 80% e 90% da arrecadação, reúne 118 diretores, dos quais apenas 19 são mulheres. 

• Nos conselhos de administração desses grupos, há 57 pessoas, dos quais 10 são mulheres. 

“Mas gosto de pensar como Ariano Suassuna. O otimista é um tolo, o pessimista é um chato e bom mesmo é ser um realista esperançoso. Tem solução? Sim, e precisamos pensar juntos como melhorar esses números”, disse ela.   

“Contra fatos e números não há argumentos. Temos um caminho distante para percorrer, mas, assim como a Valéria, somos realistas esperançosas”, brincou Ana Paula, acrescentando que participação das mulheres no setor segurador nacional é de 52%, mas o gap salarial ainda é grande, de 35%. Acrescenta que ainda há uma predominância de homens brancos em cargos de liderança.

A dificuldade é o comprometimento

Narely de Paula, gerente executiva de subscrição da Austral, disse que “a gente não fala de diversidades porque é bonito, mas sim porque esse país foi construído em cima de muita desigualdade”, que persiste e exige que o tema precise ser lembrado todo o tempo.

Para ela, ações afirmativas podem ser verdadeiramente eficientes. Mas não basta ficar no reconhecimento da diversidade. Ou seja, fazer censo, mapear, mas ter dificuldades de avançar. A dificuldade é o comprometimento. Dificuldade essa que está em conseguir que todos os níveis das empresas se comprometam em fazer andar a diversidade, que sejam responsabilizados e cumpram metas relacionadas à promoção, à remuneração etc.” 

Por fim, acrescentou, que “um líder de uma equipe não diversa não deveria ser líder, porque, para pensar de maneira diferente, precisa ser diferente. A diversidade é a força motriz da inovação”.

Conheça o festival da Diversidade e Inclusão mundial organizado pelo grupo inglês Lloyd, o Dive In


Saúde em risco: motoristas profissionais podem gerar mais acidentes

A saúde de caminhoneiros e de motoristas de ônibus vai mal e amplia os riscos de acidentes em rodovias brasileiras. 

Dados levantados pelo portal Estradas.com.br, voltado para ampliar a segurança nas rodovias, indicam que pelo menos 337 motoristas de caminhões ou ônibus morreram em acidentes de trânsito, tomando como base em reportes do E-social de 1º de janeiro a 14 de setembro deste ano. 

Esses sinistros envolvem apenas profissionais com vínculos empregatícios. Isso significa que estão excluídos os acidentes com motoristas informais, cooperados, autônomos etc. Ou seja, os números de mortes e afastamento são muito maiores no País.

Casos de afastamento do trabalho são também numerosos

• Nas rotas regionais ou internacionais, o E-social registrou 295 óbitos e 2.073 afastamentos acima de 15 dias em decorrência de acidentes

• No caso de motoristas de furgão(ou veículo similar), foram 19 mortes e 262 afastamentos por mais de 15 dias

• Entre motoristas de ônibus rodoviário, 10 mortes e 85 afastamentos

• Com motoristas de ônibus urbano, 13 óbitos e 189 afastamentos por acidentes

Amostra é a ponta do iceberg de um quadro gravíssimo

O coordenador do SOS Estradas, Rodolfo Rizzotto, diz que a situação de acidentes de trabalho nas estradas é gravíssima, e os dados do E-social revelam apenas a ponta do iceberg. Para ele, sociedade e passageiros precisam estar atentos à jornada de trabalho desses profissionais, já que os excessos podem provocar doenças crônicas e aumentar o risco de acidentes potencialmente graves. 

Motoristas têm quadro de hipertensão e sobrepeso

Apenas em abordagens realizadas nas estradas goianas neste ano: 

• 80,2% dos motoristas avaliados apresentaram excesso de peso e quase a metade, sobrepeso. 

• Em relação à pressão arterial, 59% dos motoristas de caminhão apresentaram quadro de hipertensão arterial. 

Uso de drogas para suportar jornadas desumanas

As operações de “Segurança e Saúde no Trabalho Salvam Vida nas Estradas” envolvem uma força-tarefa formada por técnicos da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego em Goiás (SRT) e seus parceiros. “E deveria ser replicada em todo o País”, afirma Rizzotto, para quem abusos cometidos contra motoristas profissionais levam parcelas desses trabalhadores, muitas vezes, a fazer uso de drogas para suportar jornadas desumanas, algo inaceitável e capaz de colocar muitas vidas em risco, inclusive em áreas urbanas.

Fonte: CNseg - Notícias do Seguro, em 28.09.2023