Boletim Notícias do Seguro: Além de mitigar, mudanças climáticas exigem adaptação
• No Boletim Notícias do Seguro desta semana, confira matéria sobre o custo da inação no enfrentamento às mudanças climáticas
• Em evento sobre o tema no Museu do Amanhã, Rio de Janeiro, especialistas advertiram sobre a necessidade de financiar a adaptação para criar cidades resilientes e como o mercado segurador participa desse processo
• Outro destaque mostra como o segmento de Capitalização contribui com a atividade econômica brasileira
Desafio de adaptar e construir cidades resilientes é tema de encontro no Rio
• O Museu do Amanhã, na cidade do Rio de Janeiro (RJ), foi palco escolhido para discutir sobre práticas que possam melhorar o fluxo de financiamento para a adaptação das cidades à emergência climática
• O evento “Os Impactos das Mudanças Climáticas: Como Escalar o Financiamento para Adaptação e Construir Cidades Resilientes” reuniu, no dia 23 de julho, especialistas nacionais e internacionais que debateram iniciativas de inovação financeira e de seguros diante realidade climática global
Agenda de adaptação climática é fundamental
Para a diretora executiva do iCS, Maria Netto, a agenda de adaptação climática para o Brasil é fundamental, principalmente, por conta da intensidade e frequência de eventos extremos e mudanças do clima, que estão impactando nossa economia, a agricultura e infraestrutura de localidades diversas
“Esse evento mobiliza diferentes atores para tentar trabalhar de uma forma mais coordenada, tanto para buscar soluções locais, como pensarmos melhor o planejamento das cidades, como para analisar e entender melhor o custo de adaptação. Abordamos soluções financeiras, mostrando o papel dos bancos públicos, o papel dos seguros, e do mercado de capitais, da criação de uma nova taxonomia. Estamos apenas começando uma agenda de diálogo importante”, afirmou Maria Netto
O encontro foi organizado pelo Instituto Clima e Sociedade (iCS), Confederação Nacional das Seguradoras (CNSeg), Instituto Itausa, Prefeitura do Rio de Janeiro, Climate Policy Initiative (CPI)/CCFLA, Museu do Amanhã e Ministério das Cidades. Apoiaram também Atlantic Council, C40, CDRI, Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Centro Brasil no Clima, Iclei, UNDRR e FGV EASP.
O consultor para assuntos internacionais do Ministério das Cidades, Antônio da Costa e Silva, destacou que encontros como o realizado no Rio de Janeiro, deve sobretudo, combater as desigualdades:
“A gente quer tratar da mobilização de recursos financeiros para essa agenda de desenvolvimento sustentável urbano, que nós queríamos chamar adaptação resiliência e resistência, no caso do Brasil especificamente, precisa olhar a questão das desigualdades e das vulnerabilidades que afetam as nossas populações mais desiguais. Dessa forma, certamente nós teremos uma contribuição relevante e nós poderemos fazer a esse debate de forma completa”, destacou Antônio da Costa e Silva
Medidas concretas
As discussões realizadas no encontro terão como produto um relatório apontando os desafios e soluções identificados, e as principais recomendações para alavancar recursos de adaptação e estratégias de redução de risco, como soluções de seguro.
O documento terá o potencial para estabelecer um roteiro que apoie o desbloqueio do fluxo de recursos e iniciativas de adaptação no caminho do G20 para a COP 30, no Brasil. O relatório será compartilhado com órgãos de governo e os participantes.
Segundo o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, é importante que gestores públicos possam estar presente nestes eventos e apresente medidas concretas.
“Quando a gente vai tratar de adaptação, isso exige uma ação concreta para gente tornar as cidades, as regiões, mais resilientes às mudanças climáticas. Então, os fóruns são fundamentais para que possamos verificar o que que cada um está fazendo na prática, pra gente mudar a realidade que vivemos e proteger a sociedade que estamos representando”, ressaltou Renato Casagrande
Apoio do setor segurador
O setor segurador é um grande mitigador de risco e tem expertise para ser este apoiador de ações sustentáveis para o desenvolvimento socioeconômico do país. Para o secretário executivo do ICLEI, Rodrigo Perpétuo, um dos grandes objetivos das instituições é dialogar com setores que posam ampliar ações que diminuam efeitos da mudança climática, como a integração do setor segurador:
“A gente está trabalhando, na verdade, com um grande objetivo, que é fazer com que exista um mercado consolidado de seguros para as cidades e estados, para que não só o dinheiro público seja aplicado em momentos de reparação, de reconstrução. A CNseg tem sido um parceiro nesse projeto porque ele requer um cuidado dos dois lados, tanto do lado da demanda quanto da oferta”, afirmou Rodrigo Perpétuo
O presidente da CNseg, Dyogo Oliveira, endossa que o setor é um instrumento de gestão de risco climático, desde sua origem, e têm que estar incorporada efetivamente nestas iniciativas:
“Não ter os investimentos em adaptação representa um aumento considerável do dano causado pela mudança climática no futuro. A indústria de seguros é primordialmente, um setor de gestão de risco, e sabe fazer. Então você cria um mecanismo de compartilhamento de risco que funciona melhor, é isso que a indústria do seguro faz e tem recursos para fazer”, informou Dyogo Oliveira
Seguro apenas para moradias mais resilientes nos Estados Unidos
• Nos Estados Unidos, a subscrição de seguros de incêndio para residências tem se tornado cada vez mais restritiva, dependendo da localização geográfica
• Tradicionais seguradoras americanas estão exigindo que moradias se tornem mais resilientes ao fogo antes de retomarem esse segmento de negócios
À prova de incêndios, construção de moradias resilientes
Construtoras estão sendo desafiadas a testar materiais que possam resistir a eventos de conflagração, como o devastador incêndio florestal em Lahaina, Maui, que em agosto de 2023 resultou na morte de 102 pessoas e destruiu a cidade.
O Insurance Institute for Business & Home Safety (IBHS), apoiado por mais de 100 companhias de seguros, está liderando esforços para desenvolver novos padrões de paisagismo, cercas e materiais de construção que possam evitar a destruição de bairros por incêndios florestais.
O instituto realiza demonstrações comparativas de queimadas para promover designs e materiais mais resistentes ao fogo.
Os incêndios nos EUA e o impacto nas seguradoras
A relutância das seguradoras é compreensível, dado o aumento dos eventos climáticos extremos e as perdas financeiras associadas.
Em 2023, as perdas das seguradoras americanas superaram os US$ 30 bilhões, com a Califórnia sendo uma das regiões mais afetadas
Grandes seguradoras, como State Farm, Allstate e Farmers, adotaram políticas severas de subscrição de riscos, incluindo a recusa de proteção para certas áreas.
Exigências para novas construções nos Estados Unidos
Imóveis em áreas propensas a incêndios florestais devem ser construídos com maior resiliência ao fogo para serem elegíveis para seguros. Sem seguro, os proprietários também não podem obter hipotecas, criando um incentivo para a adoção de práticas de construção mais seguras.
Incêndios nos Estados Undios: tecnologia e previsão de riscos
As seguradoras estão utilizando modelos de previsão poderosos que consideram fatores como precipitação, vegetação, vento, topografia e atividade humana. Essas ferramentas ajudam a determinar a viabilidade da oferta de seguros com base na redução do risco de incêndios florestais.
Fonte: CNseg, em 24.07.2024