Boletim Notícias do Seguro: mudanças climáticas já custaram R$ 400 bi aos municípios
- Secas de um lado, enchentes do outro. Os eventos climáticos extremos já causaram um prejuízo de R$ 400 bilhões para os municípios brasileiros. Por outro lado, o auxílio aos municípios demora em média 18 meses. Nesta edição, você confere como esse gargalo afeta as nossas cidades e, consequentemente, as nossas vidas e conferir o papel do setor segurador para mudar essa realidade
- As mulheres estão redefinindo o cenário financeiro e assumindo o controle de suas economias! E os números confirmam, já que elas se tornaram um público cada vez mais consumidor de Títulos de Capitalização. Entenda essa história
- Fim do debate! Uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) coloca fim ao debate sobre qual o indexador deve ser usado para a correção de dívidas civis e pagamento de indenizações pelo setor segurador. Apenas um spoiler: é a taxa Selic. Confira os detalhes dessa decisão nesta edição: Spotfy - Youtube
Ataque cibernético paralisa fábricas da Jaguar e expõe riscos para seguradoras
- Um ciberataque de grandes proporções atingiu a Jaguar Land Rover (JLR), paralisando suas fábricas e afetando fornecedores-chave na Europa
- O episódio, que já dura três semanas, expõe a crescente vulnerabilidade do setor automotivo a crimes digitais e desperta forte interesse do mercado segurador
Ciberataque: impactos diretos na produção da Jaguar
A planta da JLR em Nitra, na Eslováquia, que fabrica Discovery e Defender, está parada desde o ataque.
A unidade tem capacidade de 130 mil veículos por ano, emprega 4 mil pessoas e sustenta uma ampla rede de fornecedores.
A previsão é retomar atividades em 24 de setembro, mas há receio de extensão da paralisação.
Segundo comunicado da própria empresa, “alguns dados podem ter sido comprometidos” e a prioridade atual é restaurar os sistemas globais com segurança e controle.
Efeito dominó na cadeia de suprimentos com o ciberataque à Jaguar
A alemã Eberspächer Gruppe GmbH & Co., fornecedora de sistemas de exaustão, suspendeu a produção em Nitra. De acordo com a porta-voz Anja Kaufer, “a produção na planta está totalmente parada, com funcionários em férias ou jornada reduzida recebendo 80% dos salários”.
Esse efeito cascata mostra como um ataque digital isolado pode impactar toda a cadeia de valor, desde montadoras até pequenos fornecedores.
Ciberataque à Jaguar: o que interessa às seguradoras - riscos e coberturas
O caso Jaguar reforça a necessidade de ampliar e adaptar produtos securitários. Entre as coberturas em discussão:
- Seguro Cibernético – inclui investigação forense, recuperação de sistemas, gestão de crises, comunicação e responsabilidade por vazamento de dados
- Interrupção de Negócios (Business Interruption – BI) – cobre perdas de lucros decorrentes da paralisação. Especialistas alertam que muitas apólices tradicionais não contemplam ciberataques, gerando lacunas de proteção
- Supply Chain Risk – Seguros Paramétricos ou coberturas específicas para interrupções na cadeia, que indenizam automaticamente quando há quebra em um elo crítico
- Responsabilidade Civil e Contratos – riscos de multas, descumprimento contratual e ações por dados comprometidos podem acionar seguradoras de E&O (Errors & Omissions) ou RC profissional
- Gestão de Reputação – algumas apólices cibernéticas já oferecem apoio em PR, marketing e consultoria de imagem para mitigar danos à reputação corporativa
Lições para o setor de seguros com o ciberataque à Jaguar
O ataque confirma que um sinistro digital pode ser tão destrutivo quanto uma catástrofe física, paralisando fábricas inteiras e gerando efeito dominó em fornecedores. Para seguradoras, abre espaço para produtos sob medida que combinem:
- Cyber + BI + Supply Chain
- prevenção (treinamento, SOC, monitoramento)
- resposta rápida (parcerias com empresas de cibersegurança)
A mensagem é clara: o risco cibernético já é risco sistêmico e precisa ser tratado como tal no mercado segurador.
Temporada de furacões no Atlântico mantém incertezas até novembro
- A temporada de furacões no Atlântico tem seu pico na segunda semana de setembro, quando as águas oceânicas estão mais quentes e fornecem energia para tempestades tropicais e furacões que podem atingir comunidades da América Central até o Canadá
- Mas, em 2025, o início surpreendeu: até agora, apenas seis tempestades foram registradas, sendo apenas uma (Erin) classificada como furacão, abaixo da média histórica para este período
Lições da história: Katrina como alerta permanente
O aparente período de calmaria não deve ser confundido com segurança. O furacão Katrina (2005) começou como tempestade tropical modesta e, ao cruzar o Golfo do México aquecido, tornou-se devastador:
- Quase 1.800 mortos
- US$ 160 bilhões em prejuízos
- Impacto econômico e social duradouro, além de mudanças profundas no setor segurador
O episódio mostrou que um único evento extremo pode transformar uma temporada fraca em marco histórico de perdas.
Projeções revisadas para furacões, mas risco elevado
Consultorias como a AccuWeather reduziram suas estimativas de até 18 para 16 tempestades em 2025. Ainda assim, o risco segue alto, pois o Golfo do México registra temperaturas recordes, aumentando a chance de intensificação rápida, quando uma tempestade ganha força em poucas horas, diminuindo o tempo de preparação.
Em 2024, setembro começou calmo, mas os furacões Helene e Milton mudaram o cenário: 277 mortos e US$ 113 bilhões em perdas econômicas
Furacões: implicações para o setor de seguros
O setor segurador não pode baixar a guarda:
- Precificação e modelagem atuarial precisam considerar cenários extremos, não apenas médias históricas;
- Produtos paramétricos (pagamentos atrelados a índices climáticos) ganham relevância
- Fundos de catástrofes e parcerias público-privadas se mostram essenciais
- Ajustes regulatórios e infraestrutura resiliente (diques, códigos de construção) ajudam a reduzir perdas
Um estudo da Swiss Re aponta que um furacão idêntico ao Katrina geraria hoje cerca de US$ 100 bilhões em perdas seguradas (contra US$ 105 bilhões ajustados pela inflação). Já as perdas econômicas totais ultrapassariam US$ 225 bilhões, reforçando a urgência de adaptação.
Tendências e aprendizados com furacões
- Ciclones tropicais responderam por 39% das perdas seguradas globais na última década
- A obrigatoriedade de seguros contra enchentes nos EUA ampliou a cobertura, mas trouxe desafios de acessibilidade
- Katrina mudou os modelos de risco, que passaram a incluir danos combinados (vento + enchente).
- O gap de seguro continua alto: em 2024, só 40% das perdas globais estavam seguradas
Para o setor de seguros, significa que resiliência climática, inovação regulatória e precificação realista são as chaves para proteger sociedades cada vez mais expostas a eventos extremos.
Fonte: CNseg, em 17.09.2025