Buscar:

CNseg – Notícias do Seguro, em 07.10.2025

Imprimir PDF
Voltar

Quem matou Odete Roitman? E como fica o Seguro de Vida da vilã de Vale Tudo?

Diante de tanta especulação e suspeitos na nova versão da novela Vale Tudo, o portal Notícias do Seguro convidou um experiente sindicante de seguros para fazer uma investigação paralela e ajudar a desvendar o mistério que mobiliza as redes sociais desde a noite de segunda-feira, 6 de outubro.

O acompanhamento está a cargo do sindicante Ben-Hur Kowal Leite, um dos profissionais mais requisitados pelo mercado em casos de suspeitas de fraudes. “O objetivo da sindicância nunca é o de protelar ou negar o pagamento (do sinistro), mas confirmar se o pagamento da indenização é devido”, explica ele.

Na nossa história, a razão do portal decidir acompanhar o caso é a descoberta de que a magnata possuía uma apólice de vida milionária, com alguns dos beneficiários na lista de suspeitos do homicídio. E, como bem sabe qualquer operador do Direito securitário, beneficiário homicida não recebe indenização.

Nas investigações reais, o sindicante busca provas no local do sinistro, analisa documentos e declarações para confirmar a veracidade dos fatos descritos na ocorrência, entrevista beneficiários, coleta imagens de câmeras — tudo para identificar eventuais padrões de fraude ou outras situações que podem levar à perda da cobertura do seguro, o que é essencial para a prevenção e o compliance da empresa. Por fim, elabora um parecer técnico que finaliza a investigação, com recomendações sobre como as seguradoras devem proceder, incluindo o envio de suas conclusões às autoridades policiais e ao Ministério Público, no caso de abertura de um processo judicial por suspeita de fraude.

O prazo dessas investigações é célere: de cinco a quinze dias. Como a novela acaba no dia 17, a expectativa é que o relatório de Ben-Hur seja publicado pouco antes, recomendando quem deve ficar de fora da indenização, caso seja o autor do assassinato. Será que ele vai acertar o autor? “Fique claro que o trabalho de campo, muito importante na sindicância por trazer elementos palpáveis e o desenrolar dos fatos, não estará disponível nessa apuração, que será concentrada apenas nas imagens e diálogos da trama”, declara ele.

O sindicante acompanhará as pistas que serão exibidas, em pílulas, nos próximos capítulos, para concluir seu relatório. No seu radar estão os personagens que estavam no Hotel Copacabana Palace no dia do crime. Na lista preliminar: Marco Aurélio (Alexandre Nero), César (Cauã Reymond), Heleninha (Paolla Oliveira), Celina (Malu Galli) e Maria de Fátima (Bella Campos). Mas outros nomes poderão surgir.

O sindicante Ben-Hur foi convidado porque, em 1998, evitou que cinco seguradoras pagassem R$ 1,5 milhão a uma falsa viúva em um caso de falso atropelamento de um advogado no Guarujá. A investigação tornou-se referência por ter sido conduzida em condições adversas — o corpo fora cremado e o legista, curiosamente, não coletara as impressões digitais da vítima.

Desconfiado, Ben-Hur notou incongruências: uma bicicleta simples demais para um advogado rico, o acidente em uma rodovia deserta na madrugada, a ausência de documentos e apenas R$ 16 e três chaves com o corpo. Entrevistas contraditórias reforçaram a suspeita de fraude.

Durante a sindicância, ele descobriu que o segurado possuía cinco apólices de seguro de vida e que a suposta vítima era, na verdade, “Alemão”, um morador pobre da região, confundido (ou substituído) pelo advogado desaparecido. A confirmação veio de testemunhas, incluindo o paramédico e o casal que atropelou o homem.

Após quase um ano de apuração, a Justiça concluiu o caso: as seguradoras foram liberadas de pagar as indenizações indevidas, a falsa viúva e o legista foram indiciados, o advogado tornou-se foragido e o verdadeiro atropelado teve sua morte oficialmente reconhecida.

Uma história de sagacidade e método — e um clássico na história das sindicâncias de seguros.

O certo é que, quer na ficção, quer no mundo real, não se paga seguro de vida antes do relatório do sindicante para casos suspeitos.


Professor Paulo Artaxo: “O modelo de desenvolvimento atual é insustentável mesmo a curto prazo”

O físico e professor da Universidade de São Paulo (USP), Paulo Artaxo, um dos principais nomes em mudanças climáticas no Brasil, participou do podcast “Seguros na COP30”, iniciativa da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg). Em tom realista e propositivo, o cientista afirmou que a humanidade não está diante apenas de um colapso climático, mas de uma reestruturação profunda do modelo socioeconômico.

“Não é um cenário de catástrofe climática, mas também não dá para manter o status quo. Precisamos de um modelo que respeite os limites do planeta e promova uma sociedade mais justa”, destacou Artaxo


Crises climáticas como oportunidades para reconstrução

Artaxo comparou o momento atual a outros grandes marcos da história da humanidade — como o fim do feudalismo e a Revolução Industrial — e explicou que as crises são oportunidades de reinvenção coletiva.
Segundo ele, o atual modelo de desenvolvimento é insustentável mesmo no curto prazo, e as crises podem servir como catalisadoras para um novo modelo de crescimento sustentável.

“As crises nos obrigam a encontrar novos caminhos. Precisamos aproveitar esta para construir uma sociedade mais justa e ambientalmente equilibrada”


O papel do setor de seguros na transição climática

Entre os setores mais afetados pelas mudanças climáticas, o professor destacou dois: o agronegócio e a indústria de seguros.
O aumento de eventos climáticos extremos e seus impactos na saúde e na economia exigem um mercado segurador mais preparado, capaz de oferecer soluções inovadoras de proteção e financiamento.

“O financiamento climático ganha relevância e pode representar uma grande oportunidade para o mercado segurador e financeiro. Precisamos de novos mecanismos para apoiar a construção dessa nova sociedade”, afirmou

Essa visão reforça a importância do setor de seguros como agente de mitigação de riscos e financiador de soluções sustentáveis, especialmente em países com alta exposição climática, como o Brasil.


Agronegócio sob pressão das mudanças climáticas

De acordo com Artaxo, se o ritmo atual de emissões de gases de efeito estufa continuar, o planeta pode registrar um aumento médio de até 3°C neste século.
Em regiões tropicais, como o Brasil, o aquecimento pode chegar a 4°C ou 4,5°C, acompanhado de redução das chuvas, o que provocaria impactos severos sobre o agronegócio.

“A produtividade agrícola certamente vai diminuir, e a magnitude dessa queda dependerá das políticas de adaptação climática implementadas pelo próprio agronegócio”, explicou o professor

Esse cenário reforça a necessidade de planos de adaptação e seguros agrícolas que protejam produtores e fortaleçam a resiliência do setor.


Recuperação ecológica: um caminho estratégico para o Brasil

O professor destacou o potencial do Brasil em liderar a recuperação de áreas degradadas e o reflorestamento, especialmente na Amazônia.
Segundo ele, o país tem a maior área propícia à recuperação ecológica do mundo, o que o coloca em posição estratégica para contribuir com a redução das emissões globais.

“O Brasil pode dar um exemplo ao mundo, mostrando que é possível reduzir emissões e preservar ecossistemas como a Amazônia, dos quais dependemos criticamente.”


Verdades inconvenientes e desafios geopolíticos

Entre as “verdades inconvenientes” citadas por Artaxo está a quase impossibilidade de limitar o aquecimento global a 1,5°C ou 2°C — metas estabelecidas pelo Acordo de Paris.
Segundo ele, o mundo segue uma trajetória de aumento de 3°C, o que coloca em risco ecossistemas naturais e a segurança alimentar global.

“Será muito difícil produzir comida para 10 bilhões de pessoas em 2050 com o clima em mudança”, alertou.

Além dos desafios ambientais, o professor ressaltou que as tensões geopolíticas — como as guerras na Ucrânia e no Oriente Médio, além das recentes políticas protecionistas dos Estados Unidos — complicam os avanços no multilateralismo climático.

“Essas questões estão influenciando diretamente a COP30 e as decisões difíceis que a humanidade terá de tomar para encerrar o uso de combustíveis fósseis e o desmatamento de florestas tropicais.”


Inovação tecnológica como aliada da sustentabilidade

Apesar do cenário desafiador, Artaxo destacou o papel positivo da inovação tecnológica na aceleração da transição energética.
Novos materiais, baterias mais leves e painéis solares de maior eficiência são exemplos de como a ciência pode ajudar a abreviar esse período de transformação.

“As inovações tecnológicas são críticas para reduzir o tempo dessa transição. A ciência está fazendo seu trabalho, e isso é o que nos dá esperança”, concluiu.


Sobre o podcast “Seguros na COP30”

O episódio integra a série “Seguros na COP30”, promovida pela CNseg (Confederação Nacional das Seguradoras), que reúne especialistas e lideranças para discutir mudanças climáticas, sustentabilidade e o papel do setor segurador na economia verde.

Youtube - Spotify


Consulta pública sobre datacenters destaca sustentabilidade e energia limpa

  • O governo federal abriu uma consulta pública para discutir como ampliar a instalação de datacenters no Brasil. Esses centros de dados, essenciais para a economia digital, consomem muita energia elétrica e costumam operar em países onde a geração de energia ainda é altamente dependente de combustíveis fósseis
  • O Brasil, por outro lado, tem uma vantagem: mais de 70% da sua matriz elétrica vem de fontes renováveis, segundo o Balanço Energético Nacional (BEN) de 2025. Isso torna o país um candidato estratégico para liderar a descarbonização digital e atrair investimentos sustentáveis no setor
  • A consulta pública está aberta até 26 de outubro, na plataforma Brasil Participativo, e busca ouvir a sociedade civil, empresas de tecnologia, fabricantes de equipamentos, investidores e outros representantes da cadeia produtiva. O objetivo é discutir o Regime Especial de Tributação para Serviços de Datacenters (Redata) e os critérios de sustentabilidade que deverão orientar o setor

O que é um datacenter

Um datacenter (ou centro de processamento de dados) é um local que abriga servidores e equipamentos usados para armazenar, processar e distribuir informações. Ele garante o funcionamento contínuo de sistemas e aplicativos e requer muita energia, tanto para operar quanto para manter os equipamentos refrigerados

Com o avanço da inteligência artificial e da computação em nuvem, o consumo de energia dos datacenters deve aumentar. Por isso, soluções como resfriamento por imersão e o uso de energias renováveis estão sendo adotadas para reduzir o impacto ambiental

Consulta pública para ampliar a instalação de datacenters: o que está em discussão

O Redata faz parte da Política Nacional de Datacenters (PNDC), ligada à Nova Indústria Brasil (NIB), dentro da Missão 4 – Transformação Digital. O programa busca fortalecer áreas da Indústria 4.0, como computação em nuvem, inteligência artificial, Internet das Coisas e fábricas inteligentes, ampliando a capacidade nacional de armazenar, processar e gerenciar dados.

A proposta foi elaborada com apoio do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA). O órgão afirma que as ações estão estruturadas em cinco pilares de sustentabilidade:

  • Energia 100% limpa: as empresas de datacenter terão de usar apenas fontes renováveis ou limpas, conforme a Medida Provisória 1318/2025. Essa exigência está alinhada aos compromissos assumidos nas COPs 28 e 29 (em Dubai e Baku), que priorizam o fim dos combustíveis fósseis, o triplo da capacidade de energias renováveis e o dobro da eficiência energética global
  • Eficiência energética: criação de um Índice de Eficiência Energética (PUE) para medir e reduzir o uso de energia em infraestrutura, especialmente na refrigeração dos servidores
  • Neutralidade de carbono: definição de mecanismos para que os datacenters compensem ou neutralizem suas emissões diretas e indiretas
  • Uso eficiente da água: estabelecimento de um Índice de Eficiência Hídrica (WUE) para garantir o menor consumo possível de água no resfriamento dos equipamentos
  • Economia circular: incentivo à redução de resíduos e ao reaproveitamento de materiais em toda a cadeia produtiva

O diretor de Programa da Secretaria Executiva do MMA, André Andrade, destacou que a iniciativa busca alinhar inovação tecnológica e sustentabilidade:

“A consulta pública impulsiona o diálogo entre inovação e meio ambiente. Esse equilíbrio é essencial para proteger nossa biodiversidade, os ecossistemas e as comunidades locais, contribuindo de forma efetiva para o enfrentamento das mudanças climáticas”

Depois do prazo de contribuições, as propostas serão analisadas pelo MMA, pelos ministérios da Fazenda, Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).

Fonte: CNseg, em 07.10.2025