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Artigo: Tendências para carteira de investimentos das EFPCs – por Jarbas Antonio de Biagi*

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Ser investidor, com olhar de longo de prazo no Brasil, não é uma tarefa simples. O cenário de 2022 trouxe diversos desafios aos gestores do mercado de Entidades Fechadas de Previdência Complementar.

O último consolidado estatístico Abrapp, divulgado nesta semana, mostrou que os ativos fundos fechados de previdência somavam R$ 1,17 trilhão em outubro de 2022, representando 12,3% do PIB. O levantamento mostra que, no ano até outubro, a carteira dos fundos fechados de previdência rentabilizou 8,40%. Já a Renda Fixa, que representa 78,4% dos ativos, registrou ganhos 0,67% e a Renda Variável rentabilizou 2,39% e a alocação atingiu 13,8% de recursos, no referido mês, o melhor retorno entre os segmentos.

Olhando esse pano de fundo, o que podemos pensar rapidamente? Que os gestores dos fundos não se acomodem em renda fixa. Diversificar com olhar no longo prazo deve ser estratégia de qualquer investimento, e isso vale para os fundos de pensão.

Mesmo em um momento de alta da Selic e de prêmios mais atrativos dos títulos públicos e algumas boas oportunidades advindas da estratégia de Bolsa, há espaço para um discreto aumento do risco a ser assumido pelas carteiras, desde que aliado às condições dispostas nas Políticas de Investimentos.

Não é segredo para ninguém que os fundos pouco se arriscam em ativos estruturados e a cada ano o percentual de investimento vem reduzindo, desde 2015 (2,9%) até outubro/22 (1,6%), representando algo equivalente a R$ 14,165 milhões na carteira consolidada do sistema.

Algumas classes de ativos surgem como alternativas de alocação, parte já conhecidas no sistema, como os Fundos de Investimento em Participações (FIPs), que já foi abordado outras vezes nesta coluna.

Os investimentos estruturados são aliados importantes na carteira, considerados grandes financiadores de infraestrutura e de investimentos florestais. Essa disposição é percebida no mundo, onde os fundos têm um percentual relevante de exposição a private equity e de investimentos de longo prazo.

Os fundos florestais são instrumentos muitos interessantes, com um enorme potencial e amplitude, são vistos como de baixo risco, retorno atrativo, e com prazo que pode chegar a seis anos, tempo mínimo de maturação de uma árvore. Estima-se que já são 800 mil hectares sob gestão no país.

Outros instrumentos de ativos verdes devem se destacar na trajetória dos investimentos em consonância com o clima, como os fundos de energia e carbono. Esse tema sobre investimentos sustentável, inclusive, foi amplamente debatido pelos gestores no 43° Congresso Brasileiro da Previdência, como uma das megatendências para economia global em 2023.

Nesse ambiente, a tendência é de que veremos cada vez mais estratégias de alocações nesses ativos alinhadas com os compromissos sustentáveis dos investidores institucionais, o que coloca o Brasil em uma posição importante de competitividade.

*Jarbas Antonio de Biagi,
Diretor-Presidente da Abrapp

Artigo publicado originalmente no portal Citywire Brasil

Fonte: Abrapp em Foco, em 13.02.2023.