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Apresentação da pesquisa Abrapp “Raio X dos Investimentos das EFPC” traz comparação nas alocações nos últimos 10 anos

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Por Alexandre Sammogini

A Abrapp está divulgando para suas associadas a pesquisa “Raio X dos Investimentos das EFPC: Abrapp 2023”. Trata-se de um dos mais completos e abrangentes levantamentos de dados sobre a alocação dos ativos das entidades fechadas e de suas políticas de investimentos. Neste ano, a pesquisa completou 10 anos desde sua primeira edição e, por isso, foi realizada uma comparação com os resultados da edição atual com as informações do primeiro ano em 2013.

O coordenador do levantamento, Carlos Garcia (foto em sua apresentação na última edição do CBPP), explica que a pesquisa coletou informações de 92 associadas da Abrapp, que responderam 264 questões quantitativas e qualitativas, resultando em uma coleta de dados que ultrapassou a marca de 20 mil informações. O conjunto de respondentes corresponde a cerca de 40% do patrimônio total do sistema de EFPC e 40% do número de entidades. Foram 56 entidades com patrimônio acima de R$ 1 bilhão e outras 36, com volume de recursos abaixo de R$ 1 bilhão. A pesquisa é anônima e os dados individuais não são públicos. As informações divulgadas se referem apenas aos consolidados totais.

O diferencial desta edição do levantamento é a comparação das alocações entre 2013 e 2023. Os dados se referem ao fechamento de dezembro do ano passado, mas trazem também as informações para as políticas de investimentos para 2023 e as perspectivas para os próximos 12 e 36 meses em diversas classes de ativos. O levantamento também traz informações sobre a governança das entidades, o controle de risco e a utilização de consultorias para a seleção de gestores, entre outros aspectos. A pesquisa também apresenta cortes da gestão dos ativos por tipo de plano, contribuição definida (CD), contribuição variável (CV) e benefício definido (BD).

No período de 10 anos, a alocação em ativos de renda fixa cresceu de 56% em 2013 para 79%, no final de 2022. Já a renda variável registrou movimento inverso, caindo de 34% para 10% no período. Foi verificada uma queda de 24 pontos no volume de recursos alocados em renda variável e um crescimento de 23 pontos em renda fixa. Já os estruturados quase dobraram de tamanho, atingindo 7% dos ativos totais, comentou Garcia. Outras classes como imóveis e fundos imobiliários registraram aumento pouco significativo. Os ativos no exterior passaram de 1% para 2%, mas ainda são insignificantes no volume total do patrimônio do setor.

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Entre as tendências mais destacadas estão o crescimento das políticas de investimentos, o aumento do espaço dedicado aos investimentos alternativos, o aumento da alocação em renda fixa e a redução da alocação em renda variável, destacou Garcia. Claramente os níveis das taxas de juros impactaram na aversão ao risco dos investidores. Em 2013, a Selic estava em 7,25% e a inflação era de aproximadamente 6%. Hoje a Selic está em 12,75% e a inflação está abaixo dos 6%.

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Ele acredita que o provável cenário de queda dos juros e a perspectiva mais positiva do Brasil em comparação com outras economias deve promover o aumento da alocação em renda variável nos cenários de 12 e 36 meses.

Além da redução da alocação em ações e fundos de renda variável, o perfil das estratégias nesta classe de ativos também mudou na última década. Houve forte crescimento dos fundos e produtos indexados e passivos, que mais que dobraram seus percentuais dentro desta classe. Já os fundos ativos de Ibovespa mantiveram o nível de alocação proporcional. Em compensação, as estratégias de valor, dividendos e small caps sofreram forte redução nos últimos 10 anos.

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Na renda fixa, foi mantida a preferência por títulos públicos indexados à inflação, com redução das LFTs. Já os prazos dos títulos públicos sofreram redução em geral. Os títulos mais longos caíram de 35% para 14% e os papéis com prazos entre 3 e 5 anos registraram maior concentração.

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As análises sobre as políticas de investimentos 2023 indicaram algumas possibilidades importantes para mudanças na alocação. Por exemplo, 83% das políticas para este ano consideram a possibilidade de alocação em multimercados estruturados em comparação com 67% das políticas de 2013. Outra classe que aumentou nas políticas foi a de exterior, que saiu de 50% em 2013, para 86% em 2023. Os fundos imobiliários e de participações tiveram um crescimento insignificante nas políticas de investimentos para 2023.

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As perspectivas de alocação em 12 meses apontam para um aumento maior para ativos no exterior, com destaque para a renda variável, renda fixa e hedge funds. Os ativos de crédito privado no exterior, apesar de fortemente valorizados pelos gestores, surpreendentemente ainda não atraem a preferência das entidades fechadas.

Depois do exterior, a classe que deve mais crescer entre as fundações é a de renda variável. Em seguida, aparecem a renda fixa e multimercados, com índices de preferência semelhantes. Já os fundos imobiliários e de participações apresentaram perspectiva de redução nas projeções tanto de 12 meses quanto de 36 meses.

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Também foram coletadas informações sobre o tipo de marcação dos títulos públicos por tipo

de plano. Os planos BD mantêm 70% dos títulos públicos marcados na curva e 30% a mercado. Os planos CV têm 60% na curva e 40% a mercado. Já os planos CD possuem 8% na curva e 92% a mercado.

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O estudo detalhou também as principais preocupações das entidades com os FIPs. A maior preocupação é a fase de saída das empresas, seguida pela estrutura de governança do fundo. Logo após, vem a capacidade de originação do gestor, a diversificação setorial e a saída de pessoas chave dos gestores. Na sequência aparece o efeito da curva J. Na outra ponta da tabela se destaca a diversificação temporal (vintage) com apenas 32% das preocupações – o que foi considerado muito baixo por Carlos Garcia.

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Ele destacou também a opção pela movimentação das carteiras de FIPs no mercado secundário que vem ganhando tração nos últimos anos.

A pesquisa será encaminhada na íntegra para as associadas da Abrapp.

Fonte: Abrapp em Foco, em 17.11.2023.