Por Antonio Penteado Mendonça
A população brasileira é de aproximadamente 211 milhões de pessoas. São Paulo é o Estado mais populoso, com mais de 40 milhões de habitantes, mas é sub representado na Câmara dos Deputados, com 70 parlamentares, número proporcionalmente bem inferior aos outros Estados. E a conta pode ficar pior, votaram para aumentar de 513 para 531 deputados, nenhum deles de São Paulo.
Nascem por ano perto de 2,6 milhões de brasileiros e morrem 1,5 milhões. Quer dizer o Brasil tem um saldo positivo de um milhão de pessoas, mas nos últimos anos os nascimentos e os óbitos vêm caindo, o que deve reduzir o ritmo de crescimento da população e complicar a vida da Previdência Social.
Os Estados mais desenvolvidos estão no Sudeste e no Sul e os menos desenvolvidos no Norte e no Nordeste. Isto explica por que as taxas de mortalidade são mais elevadas no Norte e Nordeste e bem mais baixas no Sudeste e no Sul. Em 2024 houve um total de 10.400 mortes de crianças até 4 anos no Nordeste. A realidade é ainda mais grave na região Norte, onde a taxa de mortalidade infantil até 5 anos é de 20%, ou seja, em cada mil nascimentos, 20 crianças não sobrevivem.
Mas existem números piores. Apenas entre homicídios, (45 mil), acidentes de veículos (37 mil) e acidentes de trabalho (3 mil) morrem por ano, em razão de mortes não naturais, 85 mil pessoas. Ou seja, quase 6% dos óbitos são decorrentes de mortes violentas, boa parte das quais poderia ser evitada.
Num cenário onde não tem dia que o crime organizado não esteja nos principais noticiários e jornais do país, a violência atinge patamares apavorantes em vários capítulos. No tráfico de drogas, apenas a Polícia Rodoviária Federal apreendeu, em 2024, 41 toneladas de cocaína. E nos roubos e furtos, os números adquirem proporções inacreditáveis. No ano passado, a polícia paulista recuperou 154 mil aparelhos celulares roubados e furtados. Como a maioria deles não é recuperada, não é exagero se falar em mais de 300mil aparelhos furtados ou roubados, só no Estado. Esses 2 números dão uma vaga ordem de grandeza do custo da criminalidade, até porque a maioria das ações criminosas é bem-sucedida.
A realidade acima mostra apenas uma parte dos custos absurdos que a incúria, a corrupção e a incompetência do Poder Público geram para o Brasil. Boa parte deste quadro poderia ser bem menor se o governo exercesse sua missão com um mínimo de eficiência, mas quando se tem como “o escândalo do momento” um tombo monumental de mais de 6 bilhões reais em desvios não autorizados nas contas de centenas de milhares de aposentados do INSS, fica difícil ser otimista.
Para finalizar, o país não tem planejamento, nem está minimamente preparado para enfrentar as consequências das mudanças climáticas, tanto no cenário urbano, como no campo. O custo das tempestades e das secas, com base nos 90 bilhões de reais do Rio Grande do Sul, em maio do ano passado, pode ser estimado em centenas de bilhões de reais e vai cobrar seu preço da sociedade.
Por que este quadro numa coluna de seguros? Porque ele tem impacto direto na atividade. Quanto mais cara for a soma dos custos nacionais, mais caro será o seguro.
Fonte: O Estado de São Paulo, em 26.05.2025.