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Ainda os números dos seguros de automóveis

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Por Antonio Penteado Mendonça

Na semana passada coloquei na mesa uma série de números que poderiam afetar negativamente os seguros de automóveis, ou que em princípio poderiam afetar os seguros de automóveis.

Cada seguradora tem sua política comercial e isso pode interferir no resultado da carteira, independentemente do cenário ser positivo ou negativo. No artigo eu citei o aumento dos furtos e o aumento dos acidentes de trânsito em São Paulo como eventuais pesos negativos no desempenho geral do seguro e indutores da revisão do preço das apólices para cima.

Mas a premissa não é absoluta, estes dados podem ser compensados por outros que neutralizem ou mesmo anulem os efeitos ruins do aumento das indenizações sobre o resultado da carteira.

Na sequência das publicações dos dados dando conta do aumento dos furtos e dos acidentes na Capital, a Fenabrave, federação que reúne as concessionárias do país, acaba de publicar o número de emplacamentos de carros zero no mês de julho. E os números são os mais positivos do ano. De acordo com a entidade, em julho houve um crescimento da ordem de 20% em relação ao mês de junho e de 27% em relação a julho do ano passado. Com um total de 215.711 emplacamentos, o mês superou os emplacamentos de março, até então o melhor resultado, com 186.574 unidades de automóveis e comerciais leves emplacados.

É o segundo mês seguido em que o número dos emplacamentos mantém a alta. Não há como esconder a influência dos descontos dados pelo governo na campanha do “carro popular”. Em junho e julho seus efeitos positivos fizeram a diferença nas vendas e aqueceram o mercado.

Este desempenho tem impacto no seguro de automóveis. Mais carros zeros vendidos significa o aumento do faturamento das seguradoras. E o aumento do faturamento significa o resultado da carteira menos pressionado pelo aumento das indenizações, ou seja, fica mais fácil compensar o aumento dos pagamentos com o aumento da arrecadação.

Trocando em miúdos, uma mão lava a outra. Se houve o aumento das indenizações, o aumento do faturamento pode compensar o dado negativo, levando a seguradora a manter sua política de vendas, inclusive sem mexer no preço do seguro.

Além disso, como cada seguradora tem uma política comercial própria, o impacto dos aumentos negativos e positivo podem afetá-las de formas diferentes, com uma companhia sofrendo mais com o aumento das indenizações e outra lucrando mais com o aumento do faturamento.

O que não se pode perder de vista é que os números gerais referentes ao mercado não são uma realidade pétrea aplicável a todas as seguradoras. Números gerais significam a média do mercado e a média é um ponto no meio do muito bom e do muito ruim. Entre os dois extremos há muito espaço para se ganhar, empatar ou perder dinheiro.

Além disso, as tendências de mercado são visíveis e analisáveis. Os fatos não acontecem subitamente, mudando tudo da noite para o dia. Acompanhando o que acontece, as seguradoras têm condições de realizar os ajustes necessários de forma gradual, para mais ou para menos.

Fonte: SindSeg SP, em 11.08.2023.