Política é tema de painel discutido no Encontro de Líderes do Mercado Segurador
No plano político, os dias atuais são verdadeiramente difíceis ou caóticos. E em um cenário de incerteza política não há como a economia avançar com segurança, porque política e economia andam de mãos dadas, reconhecem os participantes do painel sobre cenário político, apresentado neste sábado(3), último dia do 23º Encontro de Líderes do Mercado Segurador, evento da CNseg e Federações (FenSeg, FenaPrevi, FenaSaúde e FenaCap) realizado em Foz do Iguaçu, no Paraná. Para discutir o tema, o sociólogo e cientista político Paulo Delgado, mediador do painel, o deputado federal Luiz Carlos Hauly e Murillo de Aragão, presidente da Arko Advice. "Sintetizando, vivemos momentos de pós-orgia após ter percorrido todos os caminhos e modelos de liberalidades e, ao mesmo tempo, de controles. Dias estranhos esses, de massas silenciosas diante da cultura de irradiação preponderante. De perda de ilusão com o Estado, e de autoridades excessivamente presentes na vida das pessoas. Época que o intelectual não é mais um produtor de sentido, mas alguém que se une a uma corrente de pensamento sem qualquer compromisso de confrontar sistemas de valores”. Esses são trechos da reflexão de Paulo Delgado e um resumo complexo do País que estará sob a tutela de novo presidente da República a partir de janeiro de 2019.
Mas quem sairá vitorioso? Um moderador reformista ou radical conservador? indaga Paulo Delgado.
Murillo de Aragão e deputado federal Luiz Carlos Hauly não têm resposta pronta. Murilo de Aragão diz que há tantas incertezas que impedem antever o vencedor de outubro, algo inédito em relação aos pleitos presidenciais anteriores, quando os candidatos com chances de vitória já eram conhecidos no começo do ano eleitoral. Há muitas variáveis nesse momento, como uma esquerda com Lula e sem Lula, os efeitos da intervenção federal de Temer e seus impactos numa das principais bandeiras de Bolsonaro. Ou ainda de que forma o blocão da Câmara dos Deputados, com a inclusão do PSDB, ajudará Geraldo Alckimin a consolidar sua candidatura.
Para ele, mesmo assim, o mais provável é que a esquerda não tenha condições de vencer as eleições. E o jogo da sucessão seja definido entre um candidato de centro ou de centro-direito. Motivo? O eleitor não quer mais ratificar projetos de poder, mas sim projetos de governo. Também aquele que receber a rubrica de candidato do mercado financeiro não deverá estar na final da disputa.
Para Luiz Carlos Hauly, qualquer que seja o resultado da eleição, para fazer o Brasil crescer e distribuir renda com justiça social será prioritário promover a reforma tributária. Relator do projeto na Câmara, ele define como asfixiante a atual carga tributária brasileira, devendo haver uma desoneração uniforme de impostos do país. Ele diz que os modelos tributários indicados pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) poderiam inspirar o caso brasileiro, tornando o país mais competitivo.
O deputado federal Luiz Carlos Hauly
Para ele, a ideia é que a reforma tributária pudesse ser aprovada antes da reforma da Previdência Social, porque seu impacto seria imediato. De qualquer forma, ainda que o governo tenha desistido de tentar aprovar a reforma da Previdência antes da eleição, ele diz que o mérito do presidente Temer foi ter colocado sua necessidade em debate no conjunto da sociedade, fazendo-a ver as distorções e privilégios do atual modelo, notadamente entre servidores públicos e privados. Em razão disso, existe até a possibilidade de que a matéria será aprovada após a eleição de outubro, o que seria o melhor dos mundos para o futuro presidente, ou no começo da próxima legislatura.
Fonte: CNseg, em 03.03.2018.