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Setor de entidades fechadas se mobiliza para avançar na equidade de gênero

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O sistema de Previdência Complementar Fechada desenvolve diversas iniciativas para promover a equidade de gênero, incentivando a maior participação de mulheres nos conselhos e na direção das entidades. Neste sentido, a Abrapp publicou em seu último congresso anual (39º CPCF), realizado em setembro passado em Florianópolis, o Guia de Melhores Práticas de Equidade de Gênero e Raça (clique para baixar). A publicação continua repercutindo positivamente dentro e fora do setor, agora com a perspectiva de apoio do departamento da ONU Mulheres.

“Há cerca de duas semanas nos reunimos com a Gerente de Projetos da ONU Mulheres no Brasil, para apresentarmos nosso guia. Existe a perspectiva de apoio e de lançamento da publicação no site da organização”, revela Raquel Castelpoggi, Coordenadora do Comitê de Sustentabilidade da Abrapp. Profissional da Fundação Real Grandeza, Raquel coordena também o Fórum de Equidade e Diversidade das EFPCs desde 2017. O encontro foi realizado em reunião deste Fórum, com a participação da Gerente da ONU, Adriana Carvalho.

Ring the Bell na B3 - O trabalho da Fundação Real Grandeza a favor da equidade de gênero vem ganhando reconhecimento em diversos setores. Nas atividades do Dia Internacional da Mulher, neste dia 8 de março, a fundação foi convidada para participar de importante evento promovido pela B3. Cerca de 50 bolsas de valores ao redor do mundo estão promovendo o tradicional “toque de campanhia”, desta vez para conscientizar sobre o empoderamento econômico das mulheres. Chamado de Ring the Bell for Gender Equality, o evento no Brasil é organizado pela B3 em conjunto com a Rede Brasil Pacto Global, ONU Mulheres, IFC, Women in ETFs, entre outras entidades.

Para representar o setor de investidores, foi convidado o Diretor Presidente da Real Grandeza, Sérgio Wilson, que também é Diretor da Abrapp. Ele participa do painel “Ângulos da Diversidade” ao lado de nomes como Daniela Sabbag (Pão de Açucar), Denise Pavarina (B3), Adriana Carvalho (ONU Mulheres), Carlos André (BB) e Heloísa Bendicks (IBGC). A Real Grandeza possui o Selo de Pró-Equidade de Gênero e Raça, do Governo Federal, e desenvolve uma série de ações nesta área, como por exemplo, a manutenção de uma área de amamentação para funcionárias, com certificação do Ministério da Saúde.

Pesquisa Mercer – Apesar das iniciativas a favor da equidade de gênero, os números do setor de Previdência Complementar Fechada mostram que a participação das mulheres nos cargos diretivos e nos conselhos ainda é bem menor que a dos homens. Nas EFPCs brasileiras, apenas 18% dos assentos dos Conselhos Deliberativos são ocupados por mulheres. Nas Diretorias Executivas, esse percentual é um pouco maior (34% ou em torno de 1/3). Esses foram alguns dos dados apurados em recente pesquisa conduzida pela Mercer, intitulada “1ª Pesquisa sobre Mulheres nos Conselhos Deliberativos e Diretorias das EFPCs”.

“Não são poucos os estudos que mostram que as companhias com presença de mulheres em cargos mais altos, como em Conselhos de Administração, tomam melhores decisões e apresentam menor risco”, disse Éder Carvalhaes da Costa e Silva, Líder da Mercer e responsável pela pesquisa. A Revista da Previdência Complementar Fechada (edição nº 420 de janeiro/fevereiro de 2019) publicou uma entrevista exclusiva com o consultor (clique aqui para baixar a edição).

Raquel Castelpoggi reforça que a maior presença de mulheres nos cargos diretivos tende a aumentar a lucratividade, produtividade e sustentabilidade das empresas, além de reduzir os riscos regulatórios. “Em conselhos mais equilibrados entre homens e mulheres, há geralmente menos risco de reguladores tomarem medidas devido a uma violação legal ou ética”, diz Raquel (leia mais).

Presença nas diretorias – A pesquisa da Mercer mostra também que em 76% das entidades há presença de pelo menos uma mulher na diretoria. Os exemplos de entidades fechadas com presença de mulheres são bastante diversificados. Um deles, é o Infraprev que tem a Diretoria Executiva totalmente ocupada por mulheres. Há pouco mais de um ano e meio, Claudia Avidos, Ana Lúcia Esteves e Juliana Koehler compõem a diretoria executiva da entidade. Para chegarem ao comando, elas participaram de um rigoroso processo de seleção de dirigentes, com requisitos de formação e experiência exigidos pelo estatuto da empresa e pelos órgãos reguladores. Em 36 anos de existência, é a primeira vez que o instituto conta com uma mulher no cargo mais alto da organização.

"Em um período em que o país discute o empoderamento da mulher, a meritocracia no mercado de trabalho e as alternativas para a previdência, é um privilégio estar em uma posição que trata ao mesmo tempo de todas estas questões", afirma a Diretora Superintendente do Infraprev, Claudia Avidos. Ela ocupa também um lugar na Diretoria Executiva da Abrapp, sendo responsável pela Comissão Técnica de Governança e Riscos. Além de Claudia Avidos, outra mulher que marca presença na diretoria da Abrapp, é Liane Câmara Chacon, que também é Diretora de Seguridade e Administração da Fasern. Apesar de reconhecer os avanços na representação feminina no setor, a Diretora acredita que ainda há um longo caminho para percorrer até alcançar a equidade de gênero.

“Apesar de demonstrar todos os avanços alcançados pela mulher ao longo dos anos e principalmente no mercado de trabalho, infelizmente, mesmo que de forma menos expressiva, a discriminação à mulher continua existindo. Com o objetivo principal de representar os interesses das EFPCs, a Abrapp ao longo de mais de 40 anos alicerçou seu posicionamento institucional em valores e princípios não discriminatórios”, comentou Liane. A dirigente espera que “na nossa sociedade, no futuro muito breve, homens e mulheres, possam direcionar suas vidas por uma visão mais ampla para que a partir daí, consigam participar da criação de um futuro sustentável, igualitário e renovado”.

Fonte: Acontece Abrapp, em 08.03.2019.