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Saúde suplementar quer trazer beneficiários de volta

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Presidente da FenaSaúde defende a participação do consumidor na discussão sobre novos produtos

Em um cenário de crise com a saída de 1,7 milhão de beneficiários, nos últimos doze meses, a grande discussão do setor de saúde suplementar é como trazer de volta esses consumidores. O tema norteou o debate ‘Como retomar o crescimento dos planos de saúde’, durante o 21º Congresso da Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge), que tratou da ‘Saúde Suplementar: Desafios e Perspectivas’, realizado nesta quinta-feira (1/9), em São Paulo.

O debate reuniu Solange Beatriz Mendes, presidente da FenaSaúde; Cadri Massuda, presidente do Sindicato Nacional das Empresas de Medicina de Grupo (Sinamge); Luiz Augusto Ferreira Carneiro, superintendente do Instituto Brasileiro de Estudos de Saúde Suplementar (IESS); Eliane Kihara, sócia da PWC; e especialista do setor de saúde.

A executiva da FenaSaúde abriu o debate alertando que o setor passa por severas restrições e grandes problemas evidenciados com a perda de cem mil beneficiários a cada mês. “Esse cenário de desemprego e a falta de renda dos brasileiros foi a gota d’água nesse copo que já estava cheio”, frisa.

Solange Beatriz também conclamou os representantes do setor para todos juntos construírem um modelo de plano acessível, como proposto pelo Ministério da Saúde. “Precisamos discutir como dar maior acesso à população ao plano privado”, enfatiza.

Para a presidente da FenaSaúde, é fundamental trazer o consumidor para essa discussão: “Temos que ouvir esses quase 50 milhões de beneficiários para conceber esse produto. Eles são os principais interessados e vão dizer o que querem de um plano mais acessível e quanto podem pagar. A expectativa deve estar associada à capacidade de pagamento. E nós, operadoras, vamos avaliar o que podemos oferecer para atender tais expectativas. Acredito que esse modelo passa pela atenção primária”.

Assim como os planos acessíveis, outros novos modelos de produtos fomentaram o debate, como coparticipação e franquia. Uma das discussões mais acaloradas girou em torno de franquia, motivada pela palestra de Amitabh Chandra, membro do Comitê sobre Política de Saúde no Congresso Americano. Segundo o especialista, a franquia de alto valor promove uma redução em torno de 12% a 15% dos gastos com saúde, nos Estados Unidos. Mas, por outro lado, não promove a melhora da saúde, uma vez que desestimula o beneficiário a se cuidar preventivamente.

Tais alegações foram questionadas pelos debatedores do painel. Todos argumentaram que há outra realidade no Brasil, com grandes desperdícios no setor de saúde – público e privado. De acordo com a ANS, 30% dos pacientes não buscam o resultado de exames. “A FenaSaúde defende alternativas no sentido de formar beneficiários conscientes do valor da saúde, de quanto custa a saúde”, afirmou Solange Beatriz.

O superintendente do IESS, Luiz Augusto Ferreira Carneiro, esclareceu que o Instituto defende um modelo de franquia anual, no qual o beneficiário paga pela maioria dos serviços até chegar ao valor da franquia, mas não haveria franquia para serviços preventivos. “O desafio é estabelecer quais procedimentos de prevenção e promoção à saúde, com comprovação de custo-efetividade, ficariam isentos da cobrança da franquia anual”, explica.

Eliane Kihara também defende o modelo de franquia como ferramenta de redução de custos a partir da conscientização do consumidor. “Incentivar e recompensar o beneficiário que adota hábitos saudáveis são iniciativas que podem ser aplicadas”, afirma.

Para Cadri Massuda, presidente do Sinamge, uma opção para diminuir os custos é o modelo do médico de família, como produto de rede restrita e regionalizada. “Com esse modelo de atendimento, apenas 5% a 10% dos pacientes têm necessidades reais para serem encaminhados a um especialista”, revela.

Representantes do setor – O 21º Congresso da Abramge reuniu os principais nomes da saúde suplementar. Edson de Godoy Bueno, presidente do Grupo Amil, abriu o encontro com uma palestra sobre o ‘Futuro da Saúde Privada no Brasil e no Mundo’; José Carlos Abrahão, presidente da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), abordou a ‘Queda do número de beneficiários - Avaliação da ANS; e Pedro Ramos, diretor da Abramge, dissertou sobre ‘Soluções para a Área da Saúde’.

No ultimo dia do 21º Congresso da Abramge, David Uip, secretário de Saúde do Estado de São Paulo, falou sobre Judicialização da Saúde; O médico Dráuzio Varella, apresentou a palestra ‘Repensando o modelo assistencial e de negócios na saúde privada’. O ministro da Saúde, Ricardo Barros encerrou o encontro com uma conferencia sobre as ações do ministério visando à diminuição dos custos.

Fonte: CNseg, em 02.09.2016.