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Quem imaginaria que o ano de 2020 começaria desta forma?

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No final do ano de 2019, todo o mercado anunciava que em 2020 teríamos um ano de boas notícias, com a taxa básica de juro no patamar mais baixo da história, atividade econômica se recuperando da recessão e a bolsa de valores ultrapassando as máximas históricas a cada dia. Estávamos nos acostumando com um cenário otimista onde os ativos financeiros só apresentavam uma direção, para cima!

Tivemos um janeiro muito bom, com o mercado ainda contagiado pelo otimismo que vinha tanto do cenário externo quanto do doméstico. Este cenário fez com que as pessoas ”esquecessem” que o mercado financeiro, principalmente a bolsa de valores, poderia apresentar movimentos bruscos para baixo. É bom lembrar que, infelizmente, as pessoas tomam decisão de investimentos olhando para o passado, achando que o mesmo irá se repetir no futuro.

Ocorre que desde o final do ano passado um novo vírus (um tipo de coronavírus, chamado de COVID-19) foi descoberto na cidade de Wuham, na China. No início, parecia algo localizado. Porém tomou uma dimensão que ninguém havia imaginado, com diversos países sendo contaminados e o número de casos aumentando de forma exponencial.

Os governos começaram a tomar medidas de prevenção para evitar ou reduzir a velocidade de contágio deste novo vírus, sendo a principal delas a restrição de circulação de pessoas nas ruas. O distanciamento social, como está sendo chamada esta medida, que por sinal é muito importante para combater a disseminação do vírus, tem causado efeitos nefastos na economia dos países, pois quando as pessoas deixam de sair, deixam de consumir bens e serviços, e o dinheiro para de circular.

O reflexo disto é uma reavaliação das projeções de crescimento da economia global e do lucro das empresas para baixo, e, consequentemente, queda nos preços das ações.

O que estamos vivenciando nos últimos dias na bolsa de valores é um movimento de venda de posições em virtude das incertezas sobre o tamanho do impacto do Coronavírus nas economias. Este é um movimento esperado numa situação de crise, seja ela sanitária, financeira ou geopolítica, onde o medo e o pânico assumem o controle da tomada de decisão e as pessoas acabam se desfazendo dos seus ativos a qualquer preço. No Brasil, esse problema foi ainda mais agravado pelo grande número de investidores que passou a investir de maneira inédita em ativos de risco, como consequência da redução acentuada na taxa de juros nos últimos anos – os “órfãos do CDI”, como apelidado pela mídia especializada.

Acreditamos que ainda podemos ter mais volatilidade nos mercados, já que países como EUA e Brasil ainda não vivenciaram o pico da contaminação, tal como os países europeus estão passando e que a China já passou.

Acreditamos que mesmo com esta volatilidade maior dos mercados, é preciso ter calma e cautela nas nossas decisões. Como Fundação, temos que considerar a boa técnica nas análises e avaliações das carteiras de investimentos, de modo a tomar decisões racionais.

Uma saída das posições em renda variável neste momento de crise pode levar a realização de perdas irreparáveis, uma vez que, considerando a taxa de juro nos patamares atuais, dificilmente poderiam ser repostas no longo prazo, mesmo passada a crise. Já experimentamos momentos de crise no passado, como a crise das Ponto.com em 2000 e a crise do Subprime em 2008, e vimos que os mercados conseguiram mais do que se recuperar no médio longo prazo.

A mensagem que queremos deixar é que não é hora de desespero e, sim, para acompanhar e monitorar os eventos.  Afinal, se existem vendedores dispostos a vender seus ativos a preço tão baixo, é porque existem compradores com senso de oportunidade, paciência e visão de longo prazo dispostos a comprar, e tal como de costume, a paciência e a resiliência separarão dos vencedores dos perdedores no longo prazo, mesmo porque, nosso negócio foi sempre de longo prazo

Fonte: Faelba, em 19.03.2020