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Notícias AMB, em 30.07.2021

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Novas diretrizes Covid-19 da AMB, SBI e SPPT

A Associação Médica Brasileira (AMB) acaba de anunciar novas diretrizes de condutas para o tratamento de pacientes com quadros leve de Covid-19. O conjunto de recomendações, são nove ao todo, é fruto de estudo dedicado e conjunto com a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT). São orientações consagradas por revisões sistemáticas com meta-análise, em formato inédito no País, reduzindo vieses e aumentando o poder estatístico.

Mesmo recém-divulgadas, as diretrizes começam a repercutir internacionalmente por sua qualidade. Foram aprovadas para publicação no World Medical Journal, principal informativo da Associação Médica Mundial.

No Brasil, já estão sendo utilizadas como bases do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas do Ministério da Saúde.

De acordo com Wanderley Marques Bernardo, coordenador do grupo de Medicina Baseada em Evidências da AMB, as recomendações de conduta para episódios de Covid leve, manuseio terapêutico e de profilaxia com tais medicações visam a esclarecer os médicos do País de forma fundamentada e solidez científica”.

Lamentavelmente, até hoje, são propostas várias drogas sem qualquer benefício em redução da infecção, em profilaxia, ou que reduzam a hospitalização ou agravamento do paciente de Covid leve.

“Assim, colocamos uma pá de cal nessa discussão”, destaca Alexandre Naime, membro da Sociedade Brasileira de Infectologia e consultor Comitê Extraordinário de Monitoramento Covid da Associação Médica Brasileira, o CEM-Covid_AMB. “É uma construção inédita e conclusiva. Não deixa a menor dúvida, por exemplo, de hidroxicloroquina não funciona, não deve ser usada jamais como tratamento precoce. Vale o mesmo para a ivermectina e para a colchicina”.

Casos em evidência

Foram estudadas pelo Projeto Diretrizes da AMB condutas para as seguintes questões:

• Hidroxicloroquina (HCQ) Profilática E Na Covid-19 Leve
• Plasma Convalescente Na Profilaxia Da Covid-19 Ou No Tratamento Da Covid-19 Leve
• Uso De Ivermectina Na Covid-19 (Profilaxia E/ou Tratamento)
• Uso De Esteroides No Tratamento Da Covid-19
• Colchicina No Tratamento Da Covid-19 Leve
• Uso De Antiviral Na Profilaxia Da Covid-19 Ou No Tratamento Da Covid-19 Leve
• Anticorpos Monoclonais Na Profilaxia Da Covid-19 E No Tratamento Da Covid-19 Leve
• Uso De Anticoagulante Na Covid-19 Leve (Profilaxia E/ou Tratamento)
• Antibióticos Na Profilaxia Da Covid-19 Ou Tratamento Da Covid-19 Leve

A obra não se restringe às interações medicamentosas. Abrange medidas de controle sanitário, isolamento, utilização de máscara e diagnóstica, capítulo a ser divulgado em breve.

Confirma que não há nenhum medicamento eficiente para reduzir danos de uma virose agressiva, grave e até fatal para alguns casos, em fase inicial e mesmo na profilaxia.

Para esses casos a orientação é o monitoramento adequado, seguimento permanente e hospitalização no momento apropriado para os pacientes com Covid.

“Os documentos são robustos por se basearem em estudos de ensaios clínicos randomizados e de fase 3”, pontua e Suzana Tanni, coordenadora da Comissão de Epidemiologia da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia. “São de relevância absoluta para tomadas de decisões em relação ao uso de fármacos para profilaxia e Covid-19 leve”.

Risco do momento

Uma das questões clínicas propostas pelas Diretrizes é desafio nos dias de hoje para a Medicina e a Ciência:

Em pacientes com risco ou diagnóstico de COVID-19 leve o uso profilático de antibióticos reduz a ocorrência de infecção (PCR positivo), de hospitalização, ventilação mecânica ou mortalidade, e não aumenta o risco de eventos adversos?

Aliás, a diretriz vem para responder à preocupação de infectologistas e outros especialistas da linha de frente do Brasil que acusam o aumento de bactérias multirresistentes em níveis nunca visto antes no País.

“As infecções por bactéria multirresistente são decorrentes do uso inapropriado de antibióticos, adverte Hélio Bacha, consultor da SBI e do CEM Covid_AMB, reforçando que a constatação ocorre na prática clínica, além de ser observada em todos os serviços de Medicina Intensiva.

“Na fase inicial da doença, temos visto utilização de antibióticos sem critério algum, sem orientação científica, sem evidência”, alerta Bacha. “Isso está criando uma condição de seleção de bactérias, que rapidamente evoluem para resistência a todo arsenal terapêutico do antibiótico que dispomos. O resultado é que pacientes acabam indo a óbito por ausência de opção antibiótica para as bactérias multirresistentes”.

O Projeto Diretrizes da AMB e suas recomendações estão disponíveis AQUI.


SAÚDE: Campanha alerta para tratamento do AVC na pandemia

Queda na busca por atendimento preocupa; Rede Brasil AVC faz alerta

A Organização Mundial de AVC (World Stroke Organization -WSO), entidade global voltada exclusivamente para o Acidente Vascular Cerebral (AVC), apresentou recentemente dados preocupantes relacionados à pandemia: houve uma queda global de mais de 60% nos atendimentos por AVC. No Brasil, o Ministério da Saúde afirmou não ter informações sobre incidência ou casos de AVC, “apenas registros de procedimentos hospitalares que necessitam de internação” e, nesse sentido, também houve redução.

De acordo com a Pasta, em 2019 foram registrados 205.070 procedimentos hospitalares relacionados ao AVC e, em 2020, o número foi de 192.681. “Não é possível afirmar que esses procedimentos dizem respeito a pessoas, uma vez que o mesmo paciente pode ter sido submetido a vários procedimentos”, destaca o Ministério.

O AVC é a segunda maior causa de mortalidade no Brasil e a principal causa de incapacidade no mundo, com impacto social e econômico importantes. Estudos indicam que uma em cada quatro pessoas terá a doença ao logo da vida e, diante de todos esses fatos, a Rede Brasil AVC lança a campanha “Combatendo o AVC”, para reforçar a conscientização, orientação e prevenção da doença junto à população. A iniciativa tem o apoio da Associação Médica Brasileira (AMB).

“É notória a menor procura por atendimento, o que poderá provocar sequelas mais graves e, por consequência, piora na qualidade de vida dos pacientes pós-AVC. Em outubro, estaremos engajados na campanha mundial, liderada pela WSO, mas o alerta precisa ser agora”, ressalta a neurologista, presidente da Rede Brasil AVC e presidente-eleita da World Stroke Organization, Sheila Cristina Ouriques Martins.

A ação da Rede Brasil AVC é feita em conjunto com a Sociedade Brasileira de Doenças Cerebrovasculares e a Academia Brasileira de Neurologia. “Precisamos reforçar o alerta sobre os riscos da demora da população em reconhecer e buscar o atendimento especializado, principalmente durante a pandemia da Covid-19. Os pronto-atendimentos, hospitais e unidades de saúde estão voltados para o atendimento de pacientes infectados pelo coronavírus, mas o atendimento aos pacientes com AVC está assegurado nos centros especializados e é urgente esclarecer a população”, salienta a especialista.

O AVC e seus sinais de alerta

Existem dois tipos de AVC: o isquêmico, que ocorre quando falta sangue em alguma área do cérebro; e o hemorrágico, quando um vaso (do tipo artéria, raramente uma veia) rompe. “Durante um evento desse tipo, cerca de 1,9 milhões de neurônios morrem por minuto”, explica a neurologista.

Entre os sinais de alerta mais comuns estão fraqueza ou formigamento na face, no braço ou na perna, especialmente em um lado do corpo; confusão mental, alteração da fala ou compreensão; alteração na visão, no equilíbrio, na coordenação, no andar, tontura e dor de cabeça súbita, intensa, sem causa aparente.

“A identificação precoce dos sintomas de AVC e o tratamento médico imediato em um Centro de AVC intensifica consideravelmente a recuperação”, ressalta Sheila.

No inverno, atual estação, há maior probabilidade de ocorrência de AVC, ligada à tentativa do corpo de manter uma temperatura corporal alta para lidar com o frio. Para isso, o organismo libera algumas substâncias, como as catecolaminas, que têm a função de comprimir o vaso sanguíneo. Quando reduz o calibre do vaso, aumenta a pressão arterial e isso favorece o aparecimento de AVC. Outro mecanismo de aquecimento é a mudança na composição do sangue, que fica mais grosso e viscoso. Essas características facilitam a formação de coágulos, que servem como barreiras e entopem o vaso sanguíneo.

“O socorro ágil, imediato, evita o comprometimento mais grave que pode deixar sequelas permanentes, como redução de movimentos, perda de memória, prejuízo à fala e diminui drasticamente o risco de morte”, conclui a especialista.

Sobre a Rede Brasil AVC

A Rede Brasil AVC é uma organização não governamental criada em 2008 com a finalidade de melhorar a assistência multidisciplinar ao paciente com AVC em todo o país. É formada por profissionais de diversas áreas que, unidos, lutam para diminuir o número de casos da doença, melhorar o atendimento pré-hospitalar e hospitalar ao paciente, melhorar a prevenção ao AVC, propiciar a reabilitação precoce e reintegração social.

Mais informações AQUI.

Fonte: AMB, em 30.07.2021.